‘Deuses do futebol permitem último clássico no Vicente Calderón’

Atlético se despede de seu mítico estádio nesta temporada e poderá buscar vaga na final da Liga dos Campeões contra o rival Real Madrid

Vicente Calderón foi inaugurado em outubro de 1966 
(Foto: Divulgação)

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Juventus e Monaco poderiam até ser adversários menos difíceis para o Atlético de Madrid enfrentar nas semifinais da Champions League. Mas o sorteio de sexta-feira colocou, outra vez, o Real no caminho dos colchoneros. Certamente foram os deuses do futebol que manipularam aquelas bolinhas. E o jogo de volta, em 10 de maio, será muito mais do que a disputa de uma vaga na final, uma chance caída do céu para o Atlético fazer história no último confronto contra o arquirrival no velho Vicente Calderón.

O estádio, no bairro de Arganzuela, às margens do Rio Manzanares, não é um estádio qualquer. É um campo místico, que marcou de forma definitiva não apenas a história do Atlético, mas entrou para a galeria dos templos sagrados do futebol mundial. Antes dele, o clube teve casas acanhadas, aquém do que podia representar: o Campo del Retiro, até 1913; o Campo de O’Donnell, até 1923; e o Estádio Metropolitano, até 1966. A inauguração do Calderón, inicialmente chamado de Manzanares, em referência ao rio, foi em 2 de Outubro daquele ano, num empate de 1 a 1 entre o Atlético e o Valencia. Coube a um dos maiores ídolos da história do clube, Luis Aragonés, marcar de cabeça o primeiro gol.

O nome Vicente Calderón foi adotado apenas em 1971 em homenagem ao presidente responsável pela construção. Foi um estádio revolucionário: o primeiro na Europa a ter todos os seus lugares cobertos por assentos, o que o qualificou como sede de diversos jogos internacionais importantes. Só seis anos após a inauguração, contudo, em 1972, as obras foram totalmente concluídas com a construção das tribunas suspensas, em cima das pistas de uma rodovia, o que deu um toque ainda mais moderno ao projeto. Na Copa de 82, França, Áustria e Irlanda do Norte jogaram ali um dos grupos da segunda fase. 

Vinte anos depois, em abril de 2002, o estádio passou por uma ampla reforma, adequando-se às novas exigências de conforto e segurança que passaram a ser exigidas pela UEFA. Para tanto, sua capacidade foi reduzida de 70 mil espectadores para 54.907, o que lhe rendeu a qualificação de cinco estrelas nos padrões europeus, disputando em importância com o Santiago Bernabeu, em Madri, e o Camp Nou, em Barcelona.

A partir de julho, no início da temporada 2017/18, o Atlético passará a mandar seus jogos em sua nova casa, La Peineta, rebatizado de Wanda Metropolitano, por conta dos naming rights. O antigo Estádio Olímpico de Madri foi inteiramente reformado e será a arena mais moderna da Espanha, com 72 mil lugares. O custo final da obra foi estimado em € 240 milhões (cerca de R$ 810 milhões), menos do que todos os estádios construídos ou reformados para a Copa de 2014 no Brasil.

O derbi da semifinal da Champions não será o último jogo do velho Calderón – o Atlético ainda enfrentará o Athletic Bilbao, pela última rodada do Campeonato Espanhol, dia 21 de maio. Também será no estádio a Final da Copa do Rei, seis dias depois, entre Barcelona e Alavés, e haverá um jogo festivo, o "Jogo das Estrelas", que irá contar com atuais e ex-jogadores do Colchonero, e craques do futebol mundial. Até o Papa Francisco, ao vivo do Vaticano, vai participar da festa dando uma bênção final ao estádio.

Mas o clima em torno da despedida mudou com o anúncio do confronto. E não era para menos. No Calderón foram escritas algumas das páginas mais sensacionais do dérbi com duas goleadas históricas impostas pelo Atlético ao Real, 4 a 0, em janeiro de 1977, e 4 a 1, em maio de 1972. Ao todo, foram 80 partidas disputadas ali, com 26 vitórias do Atlético, 23 empates e 31 vitorias do Real. Para os colchoneros, o jogo da Champions é a chance de reescrever o capítulo final dessa história, já que o último embate, em 19 de novembro, pela Liga, terminou com a vitória de Cristiano Ronaldo e cia por 3 a 0.

“Melhor despedida, impossível. Esperamos ser capazes de honrar essa despedida como ela merece”, resumiu o gerente de futebol, Clemente Villaverde, tão logo saiu o resultado do sorteio. Os deuses do futebol bem que poderiam ajudar. O mundo da bola torce por isso.

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