SAF no Fluminense? Fred Luz explica modelo e avalia aplicação no Brasil
Executivo ex-CEO de Flamengo e Corinthians falou sobre o possível modelo de investimento do tricolor carioca

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O ex-CEO de Flamengo e Corinthians, Fred Luz falou sobre a possibilidade do Fluminense se tornar uma Sociedade Anônima do FUtebol (SAF), cenário que passou a ser discutido com mais força no começo deste ano. O executivo, que já atuou como consultor de gestão dentro de clubes no Brasil na estruturação de outras SAFs, como a do Coritiba, deu entrevista exclusiva para o Lance!, onde detalhou sua visão sobre o negócio e o cenários dos clubes-empresa no país.
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O tricolor carioca passou a mobilizar conselheiros e a torcida para discutir a possibilidade e ainda não tem uma determinação exata sobre um ou mais possíveis investidores e nem o formato que o clube adotaria caso avance na mudança de estrutura administrativa. Entretanto, há um cenário onde o Fluminense trabalhe com a criação de um modelo de SAF com ampla participação dos torcedores - ou qualquer outra pessoa que queira atuar no projeto -, que atuariam como "investidores" do clube em um fundo de investimento.
O formato consiste em um investidor sinalizar um aporte na SAF do time carioca e assume um acordo de confidencialidade. Diante disso, acontecem reuniões entre os investidores e o intermediário que representa o clube para discutir de forma detalhada a proposta de investimento na equipe. Após o ajuste dos detalhes a proposta é, enfim, oficializada para a compra de uma parcela da SAF.
Fred Luz explica que vê com bons olhos a possibilidade do Fluminense atuar com esse tipo de SAF dentro do Brasil e lembrou que o modelo é próximo do que faz o Fortaleza, que já teve sua estrutura adaptada para o modelo de sociedade anônima, com o Marcelo Paz saindo de presidente para CEO do clube. Luz afirma que um dos diferenciais para fazer esse tipo de clube-empresa dar certo é que a gestão passe credibilidade para os torcedores.
- Vejo com bons olhos o Fluminense e o Fortaleza. É uma coisa que está começando, mas acho que é possível, porque esses investidores seriam minoritários nessa organização, a maioria do capital fica. Quando é que as pessoas topam botar dinheiro numa organização? Quando se acredita na gestão. O modelo no Fluminense passa pela confiança dos investidores — a maioria torcedores — na gestão que vai operar o Fluminense - iniciou o executivo, que ressaltou que o tricolor carioca tem um perfil estável em sua gestão.
- Minha opinião é que o Fluminense, com exceção de 2024, tem uma relação de desempenho esportivo com investimento financeiro muito boa. Não se sabe se vai se perpetuar, mas é um fato. Existe uma boa gestão no Fluminense. É perfeita em tudo? Aí tem que analisar nos detalhes: receita, despesa, relação de parâmetros que permitem avaliar o desempenho de cada clube - completou.
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Fred Luz ainda afirma que o modelo abre espaço para investidores que não necessariamente torcem para o time carioca, mas que têm o objetivo de investir no meio do futebol. Além disso, Luz destaca que o modelo garante mais segurança para o capital investido.
- Eu tenho acompanhado bastante esses movimentos. Existe uma pesquisa feita pela KPMG e por Pedro Trengrouse [advogado do direito desportivo] que mostra uma propensão do torcedor do futebol a investir em empresas de futebol — e não necessariamente no seu clube. A pesquisa mostra que existe uma propensão de um torcedor de um time como o Flamengo, por exemplo, investir num outro clube se tivesse oportunidade de comprar ações. A vantagem da SAF, por ser uma sociedade anônima, na hora de fazer uma pulverização de capital, isso entra nos controles da CVM [Comissão de Valores Mobiliários, órgão do Ministério da Fazenda]. Esse investidor precisa ser protegido -.
- A maioria dos investidores da Petrobras não entende de petróleo, nem os da Vale de mineração. Ou seja, é comum no mercado de ações confiarem nos advisors do mercado, e são as obrigações institucionais que garantem que exista uma governança ali que vai fazer funcionar bem - finalizou Fred Luz.
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Estabilidade das SAFs
Fred Luz aponta que a "estabilidade" apresentada pelo universo das SAFs chama a atenção dos profissionais que buscam atuar no meio do futebol com uma segurança maior do trabalho a longo prazo, além de elevar o nível do futebol brasileiro como um todo.
- O que está acontecendo com o movimento das SAFs? Não tem mais eleição. E não estou dizendo aqui que o modelo associativo tem que acabar, mas criou-se um ambiente onde você traz gente mais competente no futebol. E mais: a competição está mudando o sarrafo. As próprias associações vão ter que se mexer mais, porque quando você pega instituições bem organizadas, a tendência é esse mercado se profissionalizar, não pelo fato de ser profissional, mas por ter cultura de meta, objetivo e promoção para quem vai bem, além de punir quem vai mal - completou Luz.
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