Assista à última entrevista de Celso Barros
Ex-patrocinador faleceu no sábado (16)
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Neste sábado (15), Celso Barros, um dos maiores nomes da história do Fluminense, foi a óbito. Presidente da Unimed, o mandatário foi um dos responsáveis pela era dourada do Fluminense entre as décadas de 2010 e 2020, e era pré-candidato à cadeira principal no Tricolor, em eleições que ocorrem no final de novembro.
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Celso concedeu entrevista ao Lance! quatro dias antes de seu falecimento, e falou sobre propostas, além de deixar um recado à torcida do Flu. Nossa equipe esteve presente em seu velório, neste domingo (16), e preparou um material especial com aspas e a entrevista, em memória de Celso Barros. Por meio desta, prestamos condolências e enviamos nossos sentimentos à família e aos amigos de Celso.
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Entrevista de Celso Barros ao Lance!
Quem é Celso Barros e como começou sua relação com o Fluminense?
Eu sou Celso Barros, médico pediatra, tenho 73 anos, tricolor desde o nascimento e fui patrocinador do Fluminense em um dos períodos mais difíceis da história do clube, quando estávamos na Série C. A partir dali assumimos o patrocínio. Já contei várias vezes: quem me procurou foi o triunvirato, principalmente o David Fischel e o Francisco Horta. Eles pediram apoio para contratar, na época, a comissão técnica da Seleção Brasileira — Parreira e todos.
Essa é minha história no Fluminense: várias conquistas nesse período.
Fui candidato em 2016 com o atual pré-candidato Ademar Arraes — eu era o candidato a presidente e ele, meu vice. Ficamos em terceiro. Depois concorri com o Mário, vencemos com ele como vice-geral. Houve o episódio do rompimento e, a partir daí, segui meu caminho. Estou aqui como candidato não por mim, mas porque participei de todos os processos buscando unidade das oposições.
O que levou ao rompimento com o Mário?
O Mário… eu, mais uma vez, não queria ser candidato. Havia um acordo comigo, com o Mário e com o Tenório de que eu seria o coordenador do futebol. Eu não seria candidato.
Eles brigaram — uma briga horrorosa — aqui na minha casa, inclusive. Cinco horas da manhã gritando, um querendo bater no outro. Horrível.
Depois disso, continuou: quem seria cabeça de chapa? Quando não chegaram a conclusão, o Tenório saiu e montou a dele. Aí eles vieram pra mim e falaram: 'Você tem que ser o vice'. Eu disse: 'Não quero isso'.
Aceitei depois de 20 dias. As divergências com o Mário se aprofundaram.
Rompi porque ele tinha um acordo de cavalheiros comigo. E eu ajudei a elegê-lo. Alguns dizem até que fui mais importante que ele — não digo isso, mas tínhamos importância lado a lado.
Depois do rompimento, fiquei quieto, esperei acabar o mandato e disse que estava encerrando minha participação política, porque certas coisas dão nojo. Eleições de clube são muito complicadas.
Por que não houve união da oposição?
Muita gente fala em 'união da oposição'. Não existe isso. Eu não sou oposição. Eu sou, talvez, o único nome expressivo dessa campanha.
Tive várias conversas com Ademar, Monteagudo, Rolim. E o que eles fizeram foi inacreditável.
Ademar é meu amigo, mas está cercado de gente muito ruim. Rolim, na minha opinião, revelou-se uma péssima pessoa.
As divergências que tenho com o Mário hoje são até menores que com o Rolim.
Rolim entregou no meu colo a candidatura, dizendo que só eu venceria o Montenegro. Depois desistiu, causou repercussão negativa enorme.
Agora estão desesperados atrás de mim: 'Você tem que vir'. Por quê?Eles entregaram a vitória no colo do candidato do Mário. Eu irei até o fim.
Qual sua posição sobre a SAF?
Sou totalmente contrário à SAF apresentada. Valores baixíssimos. Um certo estelionato eleitoral — isso foi apresentado em cima da eleição.
Falam em R$ 6,9 bilhões, mas não é dinheiro novo, é receita do próprio clube.
O modelo SAF no Brasil está em xeque. Em 2024, prejuízo de mais de R$ 1 bilhão.
Você vê: Vasco não iniciou, Botafogo vive crise mesmo sendo campeão, Atlético Mineiro devendo mais, Cruzeiro caiu em confusão.
Bahia está bem, mas sem ambição de título.
Flamengo e Palmeiras não têm por que virar SAF — são poderosos.
O Fluminense chegou à semifinal do Mundial sem SAF. Eu estudaria apenas uma proposta extraordinária, e com análise de especialistas independentes.
Dívida do Fluminense
O balanço mostra R$ 800 milhões, sexto maior do país. Mas já dizem que passa de R$ 1 bilhão.
Hoje as receitas são muito maiores que no meu tempo.
Vamos renegociar dívidas com profissionais especializados, criar metas de redução anual, novas receitas, aumento do sócio-torcedor e também redução de custos internos.
Seja o que for que a gente pague, R$ 50 milhões, R$ 100 milhões, você vai reduzindo. Novas fontes de receita, aí vem uma série de situações. Então eu acho que com as premiações, com os patrocínios, com o aumento do sócio-futebol, junto com todas essas medidas, nós vamos trabalhar bem pra reduzir essa dívida.
Formação de ligas do futebol nacional
Eu pretendo (manter o alinhamento atual do Fluminense), mas eu tenho que chegar lá e ter conhecimento, né? Porque também essas coisas do Fluminense também tendo transparência é quase zero, né? Mas a tendência no mundo são as ligas, La Liga liga na Espanha, entendeu? É esse tipo de coisa que fica muito mais fácil de você negociar em bloco. A CBF, teoricamente, ela é apenas uma organizadora do evento, então eu sou favorável às ligas. A questão da liga, ela já começa (a ter problemas) com outra liga. Aí briga o Palmeiras, por exemplo, com o presidente do Flamengo, já começa aquelas coisas que só atrasam na realidade o futebol e o avanço dessas ligas. Mas vamos olhar sempre com muito cuidado, é muito carinho. Eu sou favorável à liga, como tese. E aí vamos discutir lá.
Planejamento com técnicos
Trabalhei com Ricardo Gomes, Parreira, Renato, Muricy, Abel. Entendo um pouco.
Técnico depende de resultado, no mundo inteiro. O trabalho do Renato, por exemplo, levar o Fluminense ao quarto lugar no Mundial, com as limitações que tinha, é extraordinário. Hoje quem está lá é o Zubeldía. Vamos analisar. Se o trabalho for bom, fica.
Contratações
O Fluminense de 2023 apostou em jogadores experientes: Felipe Melo, Marcelo, Fábio, Thiago Silva. Deu certo. Mas replicaram em 2024 — Douglas Costa, Terans, Gabriel Pires — foi uma tragédia. Quase fomos rebaixados. A base não joga porque não tem espaço. Você tem quatro jogadores por posição. O garoto não sobe. Precisamos de mescla: 10% a 20% de atletas da base jogando. Nosso projeto tem CEO do futebol profissional, gerente da base e estrutura organizada. Já tenho o nome do CEO, empregado atualmente. Se eu vencer, anuncio no dia seguinte.
Maracanã, Laranjeiras e Xerém
Sou totalmente favorável ao Maracanã com o Flamengo. Excelente. Comprar? Depende se o clube tem dinheiro. Laranjeiras: todo mundo promete. Precisa avaliar potencial construtivo. Reformar para base, feminino e jogos pequenos, desde que haja acessibilidade. Xerém: prioridade máxima. CT precisa terminar a estrutura de hotelaria, hoje abandonada.
Futebol feminino e Esportes Olímpicos
A gente quer valorizar o futebol feminino dentro do Fluminense. Eu não sei ainda, não posso te dizer como ficaria a estrutura do futebol feminino, porque não estudei isso dentro do departamento de futebol. Então para valorizar mesmo, porque você falou muito bem, hoje essa fonte de receita também cresce muito, o futebol feminino, e a gente vai trabalhar isso. (Sobre olímpicos) O Fluminense vai bem no vôlei, porque encontrou patrocinadores. O Fluminense foi uma potência em esportes olímpicos, mas na realidade é um clube que é chamado de… Chamado não, Fluminense é Fluminense Football Club. Então basicamente o carro-chefe é o futebol, as receitas, tudo. Mas a gente vai estudar isso. Eu adoro esporte, então se pudesse ter uma grande equipe de natação, se eu puder ter um time de basquete, eu vou brigar pra fazer. Já ajudei o basquete do Fluminense também e eu acho que a gente precisa incentivar dentro dessas limitações que se tem hoje. Essa situação no centro da Marinha eu acho bem interessante, né? Vamos olhar isso com carinho, porque a gente não quer destruir nada que ninguém construiu. O que construir for bom, a gente vai… E o que não for bom, a gente não vai destruir, a gente vai trocar, vai mudar , né? Só destruir é uma coisa meio… né? Então nós vamos fazer isso, com toda a certeza.

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