Exclusivo: Saúl abre o coração sobre adaptação, exalta torcida do Flamengo e revela desejo
Meio-campista espanhol chegou ao time brasileiro no meio deste ano

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Saúl chegou ao Flamengo em junho deste ano e, em poucos meses, já viveu momentos especiais com a camisa rubro-negra. O jogador espanhol, que disputará pela primeira vez uma final de Libertadores, conversou exclusivamente com o Lance!, em um bate-papo que contou com bastidores da vinda do meia ao clube carioca, planos para o futuro e, claro, sua forte relação com a torcida rubro-negra.
A decisão por mudar a trajetória de sua carreira e jogar em outro continente não foi fácil. Entretanto, com o apoio de companheiros e de torcedores do Flamengo, Saúl e sua família se adaptaram rapidamente à rotina carioca.
— A verdade é que foi uma mudança muito grande na minha vida. No fim das contas, tive um filho carioca, algo que eu nunca imaginava. E a verdade é que as mudanças no começo são muito difíceis. É verdade que, a cada dia, você se sente mais à vontade, mais em casa, e, sobretudo, muito agradecido a toda a torcida, ao clube, especialmente aos meus companheiros e ao treinador, por me fazerem sentir em casa. E, pouco a pouco, vamos nos adaptando a tudo — iniciou Saúl.

— O que eu mais gostei foi das pessoas. Desde o primeiro dia em que cheguei aqui, ainda hospedado em um hotel, as pessoas, mesmo sem me conhecerem, trataram a mim e à minha família muito bem. Muito próximas, sempre tentando ajudar. E, como eu disse, meus irmãos, que estavam aqui no começo, desciam às cinco da manhã para jogar futebol na praia com pessoas que os convidavam. E não é fácil, sem conhecer ninguém, que te convidem para jogar, para treinar e para estar com eles. Então, o que eu mais gosto é das pessoas. São muito próximas, muito carinhosas, e gosto dessa humildade que têm para se comunicar — completou.
Diante do carinho dos brasileiros e da adaptação de sua família, Saúl, que tem contrato até o fim de 2028, cogita permanecer no Flamengo por muitos anos, e adotar o Rio como sua segunda casa.
— Bom, no mundo do futebol você nunca sabe. Nunca sabe o que pode acontecer. Agora, por contrato, são três anos, que talvez possam ser muitos mais. Mas o mais importante para mim hoje é a minha família. Minha família está feliz, cada vez mais feliz, porque as coisas vão se acomodando e todos vão se sentindo cada vez mais em casa. Meus filhos estão muito bem na escola, estão aprendendo até dois idiomas a mais — não só o português, mas também o inglês, que começaram a aprender na escola. E estão se divertindo. Então, sim, existem muitas possibilidades de que o Rio se torne nossa segunda casa — afirmou.

Planos para o futuro: Saúl cogita seguir trajetória de Filipe Luís e ser treinador
Atualmente, Saúl tem, na beira do campo, um velho conhecido. Afinal, ele jogou ao lado de Filipe Luís no Atlético de Madrid. O meio-campista revelou que gostaria de seguir o mesmo caminho do companheiro, mas que reconhece a dificuldade de exercer essa função.
— Sim, logicamente, eu gostaria de ser treinador. Mas uma coisa é você querer ser treinador, e outra é realmente conseguir. Porque, mesmo que na minha cabeça eu tenha muitas ideias e ache que vou ser o melhor treinador do mundo, depois você precisa ser capaz de transmitir isso aos jogadores. Precisa acreditar em si mesmo para que os jogadores também acreditem. E isso não é fácil. E fazer como o Filipe fez, por exemplo, também não é nada fácil. Porque ter jogadores no elenco com quem você jogou… para mim, isso é o mais difícil — refletiu.
Saúl elogia força da torcida do Flamengo no Maracanã
Assim que chegou ao Flamengo, Saúl afirmou que uma palavra que vinha em sua cabeça ao pensar no clube carioca era Maracanã. Para o meia, ter a oportunidade de jogar no emblemático estádio é algo especial, ainda mais com o apoio da torcida rubro-negra.
— O que eu mais gosto no Maracanã é a torcida. Desde o primeiro dia. Na apresentação, senti uma conexão especial com eles desde o primeiro momento, porque, mesmo sem eu ter mostrado nada, sem nem vestir a camisa para jogar — era a primeira vez que vesti a camisa, com uma calça jeans, nem estava com chuteira — e eles já me apoiaram. Cantaram meu nome. Isso foi muito especial. E vou guardar isso para a vida toda. Para mim, isso é muito mais importante do que títulos: ter essa conexão com as pessoas. Então você quer ganhar os títulos mais por eles do que por você — opinou.

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Confira outros temas da entrevista de Saúl, do Flamengo, ao Lance!
Importância de Filipe Luís em sua decisão de ir para o Flamengo
"Veja, o Filipe Luís era uma parte muito importante. É verdade que as pessoas pensam que ele precisou me convencer a vir para o Flamengo, mas não tivemos que falar nada. Ele só me mandou uma foto dos campos de treinamento e, quando eu respondi, ele nem me escreveu de volta. O Filipe era importante no meu pensamento porque a família dele conhecia a minha, minha esposa ficaria mais tranquila tendo alguém conhecido por perto. Mas, na verdade, foi como quando você conhece um treinador. Apesar da relação que eu tenho com o Filipe, quando você conhece um treinador, isso te dá tranquilidade para escolher o destino."

"Mas depois era todo o resto. O único que eu conhecia de verdade sobre o Brasil e o Flamengo era o Filipe como jogador no Atlético de Madrid, quando ele quase veio, sempre falava maravilhas. A decisão não foi tão difícil assim. É verdade que, financeiramente, recusei ofertas muito maiores, mas no fim das contas eu tinha muito mais facilidades aqui: o idioma — que seria mais fácil para mim e para minha família —, o clima — muito mais confortável para nós —, e a escola, com opções de colégios internacionais. Isso era muito bom para a minha família. No final, o Flamengo te facilita tudo. Um clube com tantos milhões de torcedores, tantos títulos, tanta grandeza… isso te deixa a escolha muito mais fácil. Com todas essas razões juntas, foi muito simples escolher."
Trabalhar com o Filipe Luís treinador
"Quando eu jogava com o Filipe, nunca imaginei que teria ele como treinador. É algo de que outros jogadores até falavam, que talvez ele tivesse essa visão de treinador. Quando joguei com ele, eu era mais jovem, não estava pensando no futuro, mas no presente. E nunca imaginei que o Filipe Luís seria o treinador que está sendo. Um treinador firme, mesmo tendo apenas um ano e meio como técnico de um time principal, profissionalmente falando. E ele faz tudo com muita naturalidade."

"Nunca é fácil ter na sua equipe jogadores com quem você já jogou. Para mim, isso é o mais difícil, porque mesmo que você tenha uma ideia de jogo, já tem uma imagem formada do Filipe como jogador. Isso pode até criar uma disputa interna. E ele gerencia tudo muito bem, com muita naturalidade. Isso faz com que seja muito fácil conversar, trocar ideias, sempre pelo bem da equipe. Nunca imaginei isso. Está funcionando muito bem. E, logicamente, ele passou a maior parte da carreira na Europa, então tem ideias muito europeias. Mas eu acredito que hoje o futebol não deveria ser diferenciado entre europeu e sul-americano, porque o nível está muito equilibrado em todos os lugares. E acredito que o Filipe é um grandíssimo treinador."
Qualidade de Arrascaeta
"Eu já o conhecia pela seleção do Uruguai, porque sempre tive companheiros uruguaios. Quando jogavam, nós assistíamos. E ele sempre chamava atenção, porque tem muita qualidade. E agora vemos isso claramente: quando ele está bem, o Flamengo é outro time completamente. Ele tem coisas que nenhum outro jogador do elenco tem hoje. Talvez o Carrascal tenha algo um pouco parecido, mas os números do Arrascaeta estão aí: gols, assistências, trabalho pelo time, personalidade, liderança… Ele tem muitas coisas para ser um jogador muito importante do Flamengo, como já é. É uma lenda do clube. Conquistou tudo com trabalho."

"E é muito bom que esse tipo de jogador seja valorizado dentro do clube. Agora, com a renovação dele, isso também é muito positivo, não só para ele, mas para o Flamengo: ter uma pessoa que representa tão bem o clube, mesmo sendo um jogador de fora, não formado aqui. Ele está há, se não me engano, sete anos, e é muito importante que gente como ele, Bruno e Ricky transmitam para nós, que chegamos de fora, o que é o Flamengo."
Jogadores que mais o impressionaram no Flamengo
"Muitos, muitos jogadores. Falo isso com sinceridade: eu não conhecia muitos atletas da equipe. Sempre falei que os dois zagueiros são muito fortes, muito bons, e, sobretudo, têm personalidade e qualidade para ter a bola e sair jogando. Isso facilita muito para o time, principalmente para os volantes, que não precisam descer tanto e podem jogar à frente da linha. Isso é muito, muito importante. Depois, tinha jogadores que eu já conhecia, como Alex Sandro e Danilo, que são muito conhecidos na Europa."
"Mas outro dia eu também falei dos jovens, como o Wallace Yan, e também o Luiz Araújo, que sempre digo: Luiz e Cebola são jogadores que, visualmente, principalmente o Luiz, talvez não chamem tanto atenção como Cebola ou Samuel Lino, que são do um contra um, mais vistosos. Mas o Luiz sempre faz gol. Sempre faz. Em todos os treinos você vê: ele tem uma chance, e é muito importante aproveitar — e ele aproveita. Isso faz muita diferença. E muitos jogadores que eu não conhecia me mostraram o nível do Flamengo — que é muito, muito alto."
Final da Libertadores contra o Palmeiras
"A verdade é que está sendo muito bonito, porque eu não esperava viver noites tão intensas, tão bonitas e até com tanta tensão. Eu não esperava. Porque todos falam muito bem da Libertadores, que se você jogasse uma final contra o Palmeiras ou outro time brasileiro que estivesse brigando por tudo, também seria muito forte. Mas qualquer jogo de Libertadores é muito bonito de jogar, seja em casa ou fora. E o que mais impressiona é que, por mais longe que você esteja, nossa torcida está sempre lá (…) Fomos para a Argentina e todos os ingressos destinados a nós estavam esgotados. É muito bonito representar o Flamengo na Libertadores e, principalmente, ter a sorte de disputar uma final histórica contra o Palmeiras."
Saúl diz que é preciso valorizar a classificação do Flamengo para a decisão
"É muito bonito e deve ser valorizado. As pessoas acham que o Flamengo, por ser gigante, por ter ido a muitas finais nos últimos anos, sempre vai estar lá, e isso tira a importância que realmente tem jogar uma final de Libertadores. É muito, muito importante. E precisamos celebrar poder viver mais uma, porque muitos jogadores, inclusive do elenco hoje, talvez nunca mais tenham a oportunidade de jogar uma final. Não é porque você é jovem que isso vai se repetir. Talvez você nunca mais jogue uma final, uma semifinal, umas quartas. Então, é muito importante aproveitar para tentar vencer."
Título da Libertadores pode ocupar o espaço vazio da ausência do título da Champions?
"Para mim, uma coisa não tem nada a ver com a outra. O que aconteceu no passado fica lá. É uma marca que você carrega para sempre. E, claro, conquistar títulos importantes como uma Libertadores ajuda, mas não muda. O que aconteceu lá foi muito doloroso. Mas agora temos a oportunidade de ganhar dois títulos muito importantes. E, com a camisa do Flamengo, isso é ainda mais especial pelo carinho que recebo desde que cheguei. E isso faz com que tudo seja ainda mais importante, não pelo título em si, mas pelas pessoas. Recebi um carinho que me fez sentir especial, e por isso quero retribuir com títulos e sacrifício, porque tem jogos bons, jogos ruins, mas quero que eles fiquem tranquilos sabendo que vamos representar o clube da melhor forma possível."
Gramados e arbitragem do futebol brasileiro estão atrasados em comparação com a Europa
"Sim, muito. Muito, muito, muito. Porque, no fim, especialmente na arbitragem, é tudo muito, muito diferente lá. Muito diferente. E o nível aqui é muito mais baixo do que na Europa inteira. Não na Espanha — porque na Espanha também não digo que sejam os melhores árbitros —, mas na Europa, na Champions, na Inglaterra, os árbitros deixam o jogo fluir, deixam o jogo ser melhor."
"E o gramado, a mesma coisa. No final, você tem que colocar as melhores instalações e as melhores condições para desenvolver o futebol da melhor forma possível. O gramado artificial, por exemplo. E, tendo condições, existem clubes que, economicamente, não conseguem ter o melhor gramado, mas conseguem manter. E a liga precisa dar esse apoio, como fizeram na Espanha. Nos últimos quatro anos, se não me engano, mudou muito e melhorou muito, porque entrou um fundo que deu dinheiro aos clubes, mas o dinheiro tinha que ser destinado exclusivamente a instalações esportivas — seja o CT ou o estádio. Isso faz tudo melhorar um pouco e, no final, atrair mais pessoas. É importante que, por exemplo, um jogador europeu que venha jogar no Brasileirão saiba que vai encontrar campos de grama artificial — algo que na Europa não existe."
Possível convocação para a Copa do Mundo em 2026 pela Espanha
"Olha, eu não penso nisso. Quero aproveitar meu momento, aproveitar o dia a dia, o que faço. E, se tiver a grande sorte de o treinador confiar em mim, ficarei muito feliz de representar meu país. A seleção espanhola está em um nível muito alto. Hoje, não é só uma seleção, é um time dentro da seleção — e isso é muito bom. E, logicamente, enquanto você está competindo, sempre existe a ilusão de ir para a seleção. Mas não é meu objetivo principal. Meu objetivo é aproveitar o que faço, estar feliz aqui e ter essa tranquilidade para curtir o dia a dia."

Momentos de Yamal e Nico Williams
"É um jogador diferenciado, assim como o Nico Williams. Ter dois jogadores desse nível, com a verticalidade que eles têm, para o estilo de jogo associativo da seleção, te dá um mundo de possibilidades. Faz o time ser muito mais amplo, ter muito mais virtudes. Para atacar, não é só tocar a bola: você também pode ser vertical, pode ter velocidade. Para mim, eles dão um equilíbrio muito, muito bom ao time. E, por isso, são jogadores tão diferentes."
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