Partiu o cruzeirense Lô Borges, mas choram todas as torcidas
O cantor e compositor mineiro era autor de Trem Azul, homenagem ao Cruzeiro

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Em meio às várias crônicas que escreveu a respeito de Reinaldo, ídolo máximo do Atlético-MG, o mineiro Roberto Drummond contou, certa vez, o diálogo entre uma menina cruzeirense e seu pai. Ela perguntava se deixaria de ser celeste por gostar do craque adversário. Lá pelas tantas dizia ao pai o motivo de gostar do 9 do Galo: "eu vi ele chorar". Recordei dessa história, que o vento me fez lembrar, ao saber da morte de Lô Borges. É que, com esse cantor e compositor mineiro, partiu um cruzeirense, mas choram todas as torcidas. E choramos porque Lô Borges nos fez melhores com sua música.
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Lô Borges era torcedor da Raposa. Frequentava o Mineirão. E foram jogos do seu time do coração que o inspiraram para compor a melodia de Trem Azul, lançada em 1972 e transformada em hino informal pela torcida da Raposa, que a entoa nas arquibancadas do Mineirão. Contou ele a uma revista ligada ao clube em 2017:
– O Ronaldo Bastos, letrista, é um carioca que não era ligado ao futebol e a escreveu após uma viagem de trem que ele fez pela Europa. Mas a música eu fiz inspirado em um jogo do Cruzeiro. Quando via o time jogar no Mineirão, eu chegava em casa, pegava o violão e pensava que tinha que ser tão bom quanto àqueles jogadores. Trem Azul foi uma das músicas que fiz inspirado naqueles jogos.
O time do Cruzeiro homenageado era o do final dos anos 1960 início de 1970. A cada rodada, entravam em campo, entre outros, o goleiro Raul e os atacantes Tostão e Dirceu Lopes, além de Procópio e Piazza. A obra de Lô, porém, vai além, claro, dessa música imortalizada pela sua aproximação com o mundo da bola.
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Ele fez parte do mítico Clube da Esquina – considerado recentemente o melhor disco da história da música brasileira. Lançado em 1972, o álbum – sim crianças, essa maravilha é da época dos LPs – tem, além de Trem Azul, pérolas como Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, Clube da Esquina nº 2 e Paisagem na Janela, todas de autoria de Lô. Na obra, fazem parte, entre outros, os também cruzeirenses Beto Guedes e Milton Nascimento.
Lô foi genial por aproximar a música brasileira do que se fazia no mundo afora. Sem deixar de lado sua essência. Sua mineirice. Trouxe o rock dos Beatles – banda da qual era declaradamente fã – para a MPB, mas não tornou sua música um rock. E sim transformou o estilo estado-unidense em música brasileira.
E foi esse cruzeirense importante para a história da nossa música, reverenciado por artistas como Samuel Rosa, do Skank, e Nasi, do Ira!, que partiu. Foi esse compositor, capaz de colocar o encantamento por um time de futebol em notas de uma partitura – até porque, como ele mesmo cantou, de tudo se faz canção –, que nos deixou. E lá se vai mais um dia…

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