Santa Cruz homenageia ‘fã de futebol-arte’ Naná Vasconcelos

Morto na manhã desta quarta-feira, aos 71 anos, percussionista torcia para o clube coral e fez reverência ao futebol em seu repertório

Santa Cruz - Naná Vasconcelos (foto:Divulgação)
Percussionista teve ligação com o futebol explicitada em canção e texto (foto:Divulgação)

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O adeus aos sons de Naná Vasconcelos, morto nesta quarta-feira aos 71 anos, em virtude de uma parada respiratória durante o período no qual ele esteve internado por um câncer no pulmão, em um hospital no Recife (PE), se estenderam ao futebol brasileiro.  Clube do qual se dizia "torcedor sofredor", o Santa Cruz divulgou uma nota de adeus ao percussionista, exaltando a qualidade de sua música:

"Agora, este TRICOLOR admirável, que levou a cultura de Pernambuco e do Brasil mundo afora, junta-se a outros tantos tricolores que o Santa Cruz Futebol Clube teve a honra de ter como torcedores. O vermelho e o branco de nossa bandeira dão lugar apenas ao luto do preto, em sinal de respeito e de agradecimento pela grande existência que este homem teve".

Em texto publicado na revista "Veja" em 2013, Naná falou sobre o estilo de futebol que mais enchia seus olhos. E não escondeu a vertente musical em suas palavras:

"Não sou fanático, mas adoro o futebol-arte, objetivo, claro. O Brasil exportou esse estilo de jogo, essa maneira de jogar, para a Europa, que aprendeu e usa com muita objetividade, mas sem a dança, que é o ponto forte no nosso futebol, por causa da miscigenação presente na nossa cultura - e aqui, futebol é cultura".

Em meio aos seus trabalhos, solo ou ao lado de artistas brasileiros como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Geraldo Azevedo, Marisa Monte e Egberto Gismonti, a nomes como B.B.King, Miles Davis e Don Cherry, o percussionista ainda dedicou uma canção ao futebol. Lançada no LP "Bush Dance", de 1986, a canção trouxe um apelo para que os jogadores brasileiros não esquecessem o que havia de melhor no seu repertório.

Em seu texto na "Veja", em que sonhava com Lionel Messi jogando no Santa Cruz, Naná Vasconcelos ainda citou o refrão da música "Futebol" ao traçar um paralelo entre o esporte bretão e a música:

"No futebol, o primeiro instrumento é a bola e o melhor instrumento é o corpo, Creio que, como na música, os reflexos devem estar vivos, prontos para atingir o objetivo final. Das artes, a música é a mais imediata, porque mexe com os sentimentos. No futebol, o sentimento mais almejado é o da alegria do gol, da vitória que sempre engrandece o povo: "Não deixe o futebol perder a dança".".

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