Médico: atleta já recusou tecnologia pra curar lesão com cabo de vassoura

Diretor da Policlínica da Vila Olímpica também detalha estrutura, divulga números e considera restrição leve diante de alta busca de países subdesenvolvidos por atendimentos

Marcelo Patrício é Diretor Médico da Policlínica e gerente geral de serviços médicos dos jogos
Marcelo Patrício é Diretor Médico da Policlínica e gerente geral de serviços médicos (FOTO: Luis Fernando Coutinho)

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A Vila Olímpica da Rio-2016 conta com uma estrutura de altíssimo nível. Especialmente na área médica. Os cerca de 10.500 atletas e membros de delegações de 205 países recebem suporte gratuito através de uma Policlínica dentro da vila. Mas existe um ponto que vem chamando a atenção dos profissionais de medicina. Delegações de países subdesenvolvidos estão aproveitando o atendimento que não tem em seus países e alavancando o número de procedimentos médicos.  

A expectativa é que até o fim da Olimpíada, cerca de três mil atendimentos oftalmológicos sejam oferecidos - foram 900 atendimentos nos dez primeiros dias de funcionamento da Policlínica. 

Diretor Médico da Policlínica e Gerente Geral de Serviços Médicos dos Jogos, Marcelo Patrício falou ao LANCE! reconheceu a busca maior por atendimentos por parte de atletas de nações de poder aquisitivo menor e citou que caso o uso da facilidade seja abusivo uma restrição leve pode acontecer.

- Estou percebendo desde o início que todos os países estão levando pacientes para a Policlínica. Todos. Mas percebemos que tem um pouco mais dos países subdesenvolvidos ou até com poder aquisitivo menor, mas nada tão expressivo. Temos um plantel de atuação. Não faremos mais do que pudermos. Se começarmos a perceber que está sendo um atendimento muito "no vício", abusivo, vamos restringir. Mas não quer dizer que não vamos atender. Se a gente perceber que está ficando muito complicado - o atendimento odontológico, por exemplo, também está sendo enorme - vamos começar a restringir um pouco. Mas isso não quer dizer que não faremos o atendimento de emergência. O atendimento de emergência, a dor dentária, será atendida a qualquer momento, inclusive 24 horas. Funcionamos de 7h às 11h na vila, mas estamos disponíveis 24 horas - explicou o diretor.

A Policlínica trabalha com 200 profissionais, entre oftalmologistas, tecnólogos oftálmicos, profissionais de enfermagem e óptica, técnicos e equipe de apoio para para consultas e exames. Além disso, é comum a doação de óculos de grau e lentes de contato, além da distribuição de materiais informativos de prevenção e promoção da saúde ocular.

- A grande procura vem de países sem atendimento especializado e onde o tratamento oftalmológico possui um custo elevado. Existem casos em que é primeira vez que a pessoa visita um oftalmologista. Estamos fazendo retinografias, exames mais detalhados e, aproximadamente, 70% das consultas foram relacionadas à refração, com os pacientes saindo do local com óculos em mãos, gratuitamente. O serviço está agradando atletas e delegações, que, como forma de reconhecimento, entregam pins oficiais de seus países e lembranças para os profissionais da Policlínica - revelou Rodrigo Viana, gestor de Responsabilidade Social, em comunicado oficial divulgado pela H.Olhos – Hospital de Olhos Paulista.

Mas se por um lado existem pessoas em busca de um suporte médico inédito, por outro existem casos onde a estrutura esbarra na cultura do atleta. Marcelo Patrício se recorda de um caso onde um atleta se recusou a aceitar um procedimento de imobilização de última geração para cuidar de uma lesão com a ajuda de cabos de vassoura.

- Já teve um caso de um atleta que precisava imobilizar a pena. Nós tínhamos a melhor imobilização do mundo, mas ele, no país dele, que agora não me recordo qual, estava acostumado a fazer com madeira, usando cabo de vassoura. Conversamos com os médicos da delegação dele, eles quiseram usar o método que estavam acostumados mesmo assim e assim foi. Ele ficou bem no fim (risos) - relatou.

A Vila Olímpica conta uma Policlínica geral de 3.500m². Nela, a estrutura conta com quatro consultórios oftalmológicos, áreas de triagem, oito consultórios odontológicos, dois leitos vermelhos (similares a um CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e uma sala de observação com mais oito leitos. Os atletas paralímpicos poderão usufruir da mesma estrutura já montada para a Olimpíada Rio-2016.

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