‘Cumpri meu dever’, diz Paulo André sobre participação no Bom Senso FC

Um dos líderes do movimento de atletas nega fim do grupo mas diz em comunicado que seguirá para novos desafios

Paulo André (Foto: Reprodução/ Instagram)
Zagueiro publicou texto em sua rede social sobre o movimento de atletas (Foto: Reprodução/ Instagram)

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O zagueiro Paulo André publicou um longo texto em sua rede social para falar sobre sua participação no movimento Bom Senso FC. O grupo não deve contar mais com a participação de jogadores e até o nome da organização pode ser alterado, conforme comentou o diretor-executivo Enrico Ambrogini ao LANCE! no último sábado.

A expectativa é que o grupo centre suas ações em propostas de melhorias para o futebol brasileiro e na articulação e discussão em Brasília de projetos voltado ao esporte tendo à frente Ambrogini e Ricardo Borges, também diretor-executivo do movimento.

Por conta dessas mudanças, Paulo André diz que “cumpriu seu dever” mas que agora “é hora de outros assumirem o movimento e questionarem os rumos que toma o nosso esporte”. E apontou “agora o movimento deixa seu lado mais combativo e passa a ser um centro de pesquisa, de projetos e de articulação entre os entes do esporte”.

Veja abaixo o texto do zagueiro na íntegra.

O Bom Senso acabou?” é a pergunta que pipocou no meu celular nos últimos dias por causa de uma matéria do Painel da Folha de S.Paulo. A resposta é simples, mas a explicação nem tanto, por isso vim me posicionar em respeito aos amigos do futebol, da imprensa e a todos que me leem e têm acompanhado minha jornada.

Durante os últimos 6 ou 7 anos muita coisa aconteceu. Entre o blog, o livro, a ONG, os eventos beneficentes e os títulos, conheci pessoas incríveis que, assim como eu, acreditam que o futebol é mais do que uma paixão, é uma ferramenta de transformação social e um patrimônio cultural do nosso país.

Quem me conhece sabe que sou um sonhador e de certa forma um maluco que vai atrás dos sonhos. Essa maluquice me levou por caminhos fantásticos e também me rendeu boas brigas e debates. Em determinado momento, as porradas ficaram mais fortes do que o apoio que eu recebia e por isso optei por me recolher e esperar a tormenta passar. Tentei viver uma vida tranquila, focada só no futebol, mas ainda acho que é muito pouco para qualquer um viver apenas de uma coisa só. Vivo de desafios, de realizações, de desafios, de sonhos e de paixões.

Aquele histórico Bom Senso de 2013, sentado no gramado, de braços cruzados, já não existe mais. Um outro, mais organizado, com pautas definidas e equipe de trabalho, funciona desde 2014, com menos holofotes e mais resultados práticos, como o Profut em 2015. Mas o segundo, sem a participação dos principais atletas do país, não faz nenhum sentido, não tem razão de prosseguir.

Sempre entendi que o Bom Senso serve como um meio para influenciar e exercer pressão sobre quem toma as decisões no nosso futebol. Ele nunca foi um fim. Os atletas renomados que fizeram parte do movimento nunca quiseram usar sua estrutura e visibilidade para defender causas próprias ou preparar o pós carreira, pelo contrário, colocaram em risco muita coisa para enfrentar quem está no poder. E obtivemos sucesso, sem dúvida.

Só que para continuar existindo, é preciso renovar suas lideranças, é preciso que surjam novos sonhadores, assim como nos movimentos estudantis que tão bem fazem ao país. Por diversas vezes já lamentamos a falta de engajamento dos atletas de destaque do futebol nacional e a falta de interesse dos "nossos" atuais ídolos, tão preocupados com suas redes sociais.

Havia um vácuo de oposição propositiva nos debates com as entidades que administram o futebol, assim como sobre legislação e políticas públicas do esporte e o Bom Senso ocupou esse espaço, não pode fugir dessa responsabilidade.

Porém, a partir de agora o movimento deixa seu lado mais combativo e passa a ser um centro de pesquisa, de projetos e de articulação (think and do tank) entre os entes do esporte, mantendo seu representante na APFUT e seguindo seu trabalho nas comissões de futebol da Câmara e do Senado em Brasília por meio de sua equipe de trabalho. Sua vocação ainda é mobilizar jogadores e criar um ambiente propício para mudanças.

Honestamente, tenho a sensação de que cumpri meu dever nesta etapa da vida, repleto de orgulho por ter feito parte do maior movimento de atletas da história do futebol brasileiro. É hora de outros assumirem o movimento e questionarem os rumos que toma o nosso esporte.

Minha vida seguirá e com ela novos desafios e lutas virão. Não abrirei mão do meu lado crítico, nem de participar de iniciativas que trabalhem por um futebol e um país melhor. Ainda há muito a se fazer dentro do nosso futebol, por vários caminhos, e, infelizmente, há pouca gente capaz ou interessada em assumir essa responsabilidade. As mudanças estruturais não acontecerão do dia para a noite, levarão anos para acontecer, seja por meio do Bom Senso, de outros movimentos ou de entidades, mas é preciso que mais pessoas saiam de suas zonas de conforto para pavimentarmos a via que devemos seguir.

Um abraço,
P.A

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