Rio do Sul supera expectativas e até enchente para brilhar na Superliga
Argentina conta que cidade temeu não receber jogos por causa das chuvas em outubro, e ponteira abrigou família em seu apartamento. Problemas não impediram boa campanha

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Quarto colocado na Superliga feminina de vôlei, o Rio do Sul/Equibrasil já superou as expectativas e até uma enchente, cena comum na cidade catarinense, antes de figurar entre os destaques do torneio.
Com um orçamento considerado apenas o décimo dentre as 12 equipes na disputa, a equipe ficou sem local para treinar devido à inundação às vésperas da estreia, em outubro, e viu suas atletas ilhadas e com medo de desastres naturais inviabilizarem a participação no campeonato.
– Estávamos com medo. Não sabíamos se haveria outra enchente pior. Graças a Deus não aconteceu. Tememos não ter Superliga em Rio do Sul. A chuva não parou, e a cidade às vezes fica dois ou três dias com tempo fechado, mas o pior passou – disse a central argentina Mimi Sosa, um dos destaques do time.
A saída encontrada pela diretoria foi treinar um dia na vizinha Presidente Getúlio e em outro ginásio de Rio do Sul. Em meio ao caos, teve atleta que precisou cumprir um cronograma de treinos físicos em casa, já que não era possível sair para a rua.
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O drama durou pouco mais de uma semana, mas, assim como em outros anos, a cidade se mobilizou para limpar a sujeira deixada pela chuva e permitir que o ginásio operasse.
Nada disso prejudicou o andamento dos trabalhos comandados pelo técnico Spencer Lee. O time já venceu favoritos como Sesi-SP e Camponesa/Minas, além de Concilig Vôlei Bauru, São Bernardo e São Cristóvão Saúde/São Caetano, adversários diretos na briga pelos playoffs. Perdeu para Vôlei Nestlé e Rexona-Ades.
A ponteira Jú Nogueira, que já teve passagens pela Seleção Brasileira, chegou a acolher em seu apartamento, onde mora sozinha, uma família de num prédio vizinho. Em seu primeiro ano na cidade, ela admite que se assustou com o cenário.
– Eu via a enchente na rua. O menino do prédio estava saindo e falou que ia entrar água na casa deles. Eu disse que poderiam colocar as coisas no meu apartamento e eles vieram. Mal os conhecia, mas hoje a gente acaba se encontrando e conversa – contou.

A boa campanha vem embalada pela boa presença do público. Mesmo sem tantos investimentos, a equipe está acostumada a levar uma média de mil torcedores por partida ao Ginásio Artenir Werner, onde a torcida até agora não presenciou nenhuma derrota nesta temporada.
– Acho que não é uma surpresa, mas mostra o trabalho que estamos fazendo todos os dias. Jogar em casa é muito legal, porque não são só as jogadoras que estão dentro de quadra, é a cidade inteira. Aqui, temos uma torcida muito particular, que acompanha muito o vôlei – falou Mimi.
O próximo compromisso de Rio do Sul na Superliga é neste sábado, contra o Terracap/Brasília Vôlei, às 18h, no ginásio do Sesi Taguatinga (DF).
Bate-bola
Spencer Lee, técnico do Rio do Sul/Equibrasil, ao LANCE!.
LANCE!: Até que ponto o bom início da equipe é surpresa?
Spencer: Tentamos surpreender sempre e as jogadoras buscam essa visibilidade. No alto rendimento, as vitórias são importantíssimas. Nosso torcedor é um diferencial. Pelas tragédias que sofremos, a comunidade é muito unida, e eles se unem mais ainda com o time.
LANCE!: Qual é a meta do Rio do Sul na competição?
Spencer: Nós sabemos que os grandes clubes vão evoluir. O aspecto coletivo pesa neste início. Temos que aproveitar o momento, porque a quarta colocação ao final do returno tende a ficar com outros times. Nossa meta é terminar entre os oito. Temos humildade para entender o nosso lugar.
LANCE!: Você temeu que a equipe fosse prejudicada pelas enchentes?
Spencer: Tive dois sentimentos. Por um lado, a preocupação por elas terem passado quatro meses de treinos e a 20 dias da Superliga, na hora de mostrar o bom trabalho, ficarmos sem estrutura. Ficamos ilhados, guardamos comida. Foram três dias sem nem poder sair de casa até que a água abaixasse. Mas ao mesmo tempo, a equipe ficou mais unida. Mudou o conceito delas em relação à cidade. As jogadoras são raçudas, se jogam a cada bola, o que é um reflexo do que a cidade viveu, por tudo o que perdeu com as chuvas.

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