Após passar pelo COB, atleta do vôlei de praia se frustra com ‘politicagem’
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O cansaço, a falta de apoio financeiro e a vontade de priorizar a família fizeram Pedro Cunha, quinto colocado nos Jogos Olímpicos de Londres (ING), em 2012, ao lado de Ricardo, deixar a carreira no vôlei de praia sete meses após sua última participação no evento. Hoje, ele só quer jogar.
Aos 32 anos, o atleta não tem grandes ambições nas areias, nem qualquer perspectiva de disputar a próxima Olimpíada, mas acumula experiência o bastante para decidir o que fazer no futuro.
Após conhecer de perto os bastidores do esporte, ao ocupar por um ano e nove meses um cargo de gestor no Comitê Olímpico do Brasil (COB), ele não esconde o desânimo pela dificuldade de desenvolver projetos. Mantém portas abertas para retornar à entidade, a qual é grato, mas descarta desempenhar a mesma função. Segundo Pedro, a falta de transparência era uma barreira.
— A política me desmotivou. Ajudei o badminton, que teve uma escalada, mas nem todas as confederações são abertas. O esporte é como a política do país. Eu ficava engessado. Deixei de fazer muita coisa legal — disse Pedro, que trabalhou na gestão de repasses da Lei Agnelo/Piva às entidades de golfe, ginástica, pentatlo moderno, desportos na neve e badminton.
No Rio Open, etapa do Circuito Mundial e evento-teste da Rio-2016, ele tenta ao lado do jovem Allison Francioni adquirir ritmo de jogo em sua primeira competição internacional desde o retorno, em junho. Antes, chegou a ser vice-campeão em etapa do Circuito Nacional.
— O vôlei de praia evoluiu muito, até em premiação. Senti falta das viagens, da diversão do jogo. Somei tudo. Só quero jogar bem — afirmou o atleta, que praticou corrida de montanha, futebol e natação para manter a forma longe das areias.
Com fomação em marketing, Pedro pretende procurar o sucesso longe da política. O foco é em garantir vaga nas oitavas do Rio Open. Ontem, ele e o parceiro perderam para Evandro/Pedro Solberg por 2 a 0 (21-11 e 21-19), mas seguem no torneio.
Pedro Cunha e Allison precisam de duas vitórias nesta sexta-feira, no complemento da fase de grupos, para avançar na competição.
BATE-BOLA
Pedro Cunha
Bicampeão do Circuito Brasileiro de vôlei de praia e quinto colocado nos Jogos Olímpicos de Londres
O que você fez durante a aposentadoria?
Passei seis meses sem fazer nada, só curtindo a vida de aposentado. Viajei muito, pratiquei esportes, comecei a fazer alguns cursos. Depois, fui trabalhar no COB, após a Adriana Behar me chamar. Fiquei até o começo de junho deste ano.
Já pensava em retornar?
Era sempre uma possibilidade voltar. Não queria mais jogar, mas sabia que poderia mudar de ideia. Algumas coisas que tentei fazer não deram tão certo, como cursos e trabalhos, mas aprendi bastante. O vôlei de praia tem de ser agora, pois já tenho 32 anos. O resto poderei fazer depois.
Fora o cargo no COB, em que mais você trabalhou?
Em 2013, fui comentarista do Circuito Mundial pelo Esporte Interativo. Mas a Globo (que detinha os direitos de transmissão) deixou de liberar (para outras emissoras), e não comentei mais.
Como era o seu trabalho de apoio às confederações no COB?
O COB repassa os recursos para as confederações pela Lei Agnelo/Piva. Eu trabalhava com cinco delas. Vivia o dia a dia de cada uma, tentava arrumar mais verbas e traçar estratégias. Era difícil.
O que acha que você melhor conseguiu fazer lá?
Nós deixamos de saber de muitas coisas por causa de decisões políticas, tanto as boas como as ruins. Às vezes, você tem o dinheiro, sabe o que precisa ser feito, mas... não consegue. Tem sempre alguém lá em cima. É complicado, mas acontece em qualquer setor no país. Na economia, nas empresas, no vôlei de praia. Acho que fiz um bom trabalho e ajudei o badminton, mas precisava de mais tempo para conseguir mais.
Qual é sua principal meta agora?
Quero recuperar minha confiança, meus resultados. Ainda estou embaixo, mas quero voltar a jogar bem. Tomamos um 2 a 0 de uma dupla que pode estar nos Jogos Olímpicos. Mas, no momento, estou satisfeito.
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