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‘Nenhum time é ou será dono do Maracanã’, diz Secretaria de Esporte e Lazer do Rio

Dia 27/10/2015
23:55

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No início de sua segunda gestão à frente da Secretaria de Esporte e Lazer, Marcia Lins, lista dois desafios: preparar o Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e o Jogos Olímpicos de 2016, além de desenvolver trabalhos sociais que beneficiem a população e revele talentos.

Nesta entrevista ao LANCE!, Marcia defendeu todo o dinheiro gasto no Maracanã, disse que os investimentos não devem parar por aí e enfatizou que o estádio nunca será de um só clube: “Ninguém é dono do Maracanã. Foi isso que o tornou um ícone. O Maracanã continuar sendo assim.”

Michel Castellar: Desde 2000, já se gastou R$ 1 bilhão em reformas no Maracanã, agora, serão mais R$ 700 milhões.

(Interrompe) Não é gasto. Já começo corrigindo, é investimento.

M.C.: O. K. Mas e depois dessa reforma? Vai ser preciso mais “investimento” ou vai acabar?

Não existe essa de acabar com investimentos em infraestrutura.

Você vai, um dia, deixar de gastar dinheiro na Ponte Rio-Niterói para ela cair? Vai deixar de gastar dinheiroemum equipamento que é o diamante esportivo do Brasil, para que ele sempre esteja adequado a receber qualquer competição internacional em qualquer momento da vida dele?

M. C.: Por vezes, parece um desperdício de dinheiro...

Uma coisa é desperdício, jogar dinheiro fora. Talvez, construir um novo estádio tendo o Maracanã, com todas as possibilidades de uso, seja muito mais desperdício do que reformá-lo. Deixar de fazer (o investimento) é jogar dinheiro público fora. É condenar um equipamento nobre a não evoluir no tempo. Não acho que seja o último investimento e nem deve ser o último investimento para manter o Maracanã sempre no formato ideal de um grande equipamento para que ele possa abraçar tudo o que puder.

M. C.: Só que o Maracanã tem sofrido diversas e caras reformas.

Nenhum equipamento é fixo, ainda mais um equipamento esportivo. Precisa evoluir conforme o esporte. De 1950 para cá, os estádios ganharam camarotes, mudaram as dimensões de gramado. Esse discussão do investimento é uma discussão pequena. Porque você está olhando somente os recursos, como se eles não estivessem sendo aplicados em melhorias e em coisas que darão sustentabilidade ao Maracanã. Ele é sustentável e se paga.

M.C.: E qual era a rentabilidade do Maracanã antes de ser fechado para as reformas?

O Maracanã é um estádio que dá retorno financeiro. Isso passou a ocorrer a partir de 2007, quando assumimos. Antes, o governo do estado colocava R$ 9 milhões para fechar a conta. De 2007 para cá, passamos a ter um lucro entre R$ 2 a R$ 3 milhões por ano, mesmo com todas as dificuldades.

M.C.: O que existe de diferente nessa obra para as outras realizadas?

Depois da construção do Maracanã, em 1950, essa é a sua grande obra de remodelação. Foram feitas outras obras, mas em um determinado momento foi preciso gastar muito dinheiro para recuperar a infraestrutura do estádio. Hoje, o Maracanã é o palco de uma final de Copa do Mundo, em 2014, e da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos, em 2016. Então, vamos investir e ele ficará zerado.

M. C.: A senhora costuma ressaltar muito a importância histórica e o ícone mundial que representa o Maracanã. Mas qual seria um legado que a população do Rio terá com essa nova reforma?

O Maracanã é o estádio mais central do mundo, mais bem servido de transporte em uma região, que é uma área nobre da cidade. Ele ainda se comunica com a região imperial do Rio, que vai dar um salto de qualidade com a realização da Copa e dos Jogos Olímpicos, ao se transformar em um grande centro de lazer e entretenimento. E a questão de ser ícone, basta dizer que, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, a Cerimônia de Abertura não será no Estádio Olímpico. Será no Maracanã. E por que? Porque é o Maracanã. Então, imagine a responsabilidade que temos com esse patrimônio público.

M. C.: E como estão as obras?

Estão dentro do cronograma. O estádio já tem câmeras instaladas pelo Comitê Organizador Local da Copa. Eles acompanham em tempo real as obras, apesar de essas imagens não serem divulgadas. Talvez, hoje, sejamos a instalação em estágio mais avançado nas obras.

M.C.: Mas e depois da Copa e dos Jogos Olímpicos? O Maracanã será concedido à iniciativa privada?

Não temos uma definição sobre esse assunto. O Maracanã é um equipamento público. Mais que a casa do futebol, é a casa do turismo, é a casa de grandes eventos. Durante um tempo, até o Santos precisou jogar aqui. Então, esse sentimento de propriedade de todos é um sentimento que vai sempre existir em relação ao estádio, independentemente de sua gestão.

M.C.: Por suas palavras, é possível entender que, mesmo concedido à iniciativa privada, não há hipótese de o Maracanã se tornar a casa de um único clube?

A gestão pública ou privada diz respeito a questões operacionais de funcionamento. Não diz respeito a alguém ser dono do Maracanã. Ninguém é dono do estádio. Foi isso que fez o ícone que ele é. O Maracanã vai continuar sendo isso. O Maracanã é sempre a casa de todos, mesmo que, um dia, alguns clubes possam fazer parte de consórcios, que administrem o estádio.

M.C.: Não há hipótese de um dia, um time, por exemplo, o Flamengo, ser o “dono” do Maracanã?

Isso não vai acontecer nunca. O Maracanã, independente de no futuro ter uma gestão privada, é uma instalação pública e o poder público não perde seu direito de intervenção. Ninguém quer dizer que clube A, B ou C não tem sua história no Maracanã. Pelo contrário, quero que todos tenham. O estádio não poder ter questões que atrapalhe o acesso de qualquer uma pessoa, seja torcedor, morador ou turista. E isso que faz todos se apaixonarem pelo Maracanã. Não tem uma pessoa que deixe de se emocionar ao ganhar uma pedrinha da obra.

M.C.: O Maracanã fica pronto no fim de 2012. E já sabe se ocorrerão jogos antes da Copa das Confederações, em 2013, ou da Copa?

O Maracanã precisa ser testado para a Copa das Confederações.

Particularmente, gostaria muito de ver o estádio ser reaberto com um jogo entre as seleções do Rio e de São Paulo, como aconteceu na sua inauguração. Agora, se vai acontecer um jogo, alguns jogos, ou se o Campeonato Carioca ou Brasileiro será disputado, isso vai fazer parte de um comando que não é só do governo do estado. Vai depender de conversas entre todos os atores: Fifa, CBF, Federação do Rio.

M.C.: Além da reforma do Maracanã, o Rio tem outro desafio: preparar atletas para a disputa dos Jogos Olímpicos de 2016. O que tem sido feito até o momento?

Antecipamos 30 anos de investimentos com esses grandes eventos. O tom adotado para o esporte do Rio vai desde a criação de projetos sociais, como Suderj em forma, que se transformou no Rio 2016, passando pela preparação de instalações, até a consolidação de áreas, como os centros esportivos que vão ser construídos nas comunidades com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

M.C.: Ao fim, qual será o legado?

Temos o legado tangível e o intangível. O tangível é toda a parte de infraestrutura, plano de crescimento do Rio em todo o estado e o que se vai ganhar de turismo. E o intangível, normalmente, vem associado à parte social. Tem-se benefícios desde educação, passando pelo esporte, cultura, meio ambiente e saúde. Talvez, esses sejam os eixos mais fortes onde vamos construir legados importantes com o esporte sendo a força motriz dessa transformação.

M.C.: De concreto, o que é feito para a revelação de talentos?

Nosso maior programa é o Rio 2016 Esportivo. São 650 núcleos que atendem a 140 mil pessoas e, nesta nova gestão, queremos chegar ao número de 350 mil.

M.C.: E o que é o mapeamento esportivo feito pela secretaria?

Foi o início de um trabalho profundo de diagnóstico e do plano diretor de investimentos. Por exemplo, Volta Redonda é o município melhor classificado no índice de infraestrutura esportiva e, o pior, Mesquita. Mapeamos o estado inteiro: quem tem quadra, quem tem clube, quem tem equipamento, quem a prefeitura investe e não investe.Eisso também vai ser importante para estimular o investimentos das prefeituras através do Fórum Fluminense dos Secretários de Esporte que vamos criar.

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