Joel Santana: o contador de histórias

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A presidente Patricia Amorim escolheu Joel Santana como novo treinador com a justificativa de que queria um técnico que fosse "fechado com os jogadores" e não "jogasse contra eles". A iniciativa da mandatária rubro-negra surtiu efeito e, em poucos dias, atletas, funcionários, dirigentes e até mesmo os jornalistas estão entusiasmados com a mudança no ambiente rubro-negro.
As entrevistas de Joel são o retrato do que o treinador deixa por onde passa. Sempre com muito bom humor, muitas vezes ele discursa por um bom tempo, contando "causos" e, como costuma dizer na gíria dos boleiros "quebra o cara na ideia" com piadas e respostas que vêm acompanhadas de gargalhadas de todos os presentes.
A história pode até não ser muito interessante, mas contada pelo folclórico treinador ganha a atenção geral. Não tem quem não fique atento às caretas e reações de Joel Santana seja na coletiva de imprensa ou numa conversa informal.
- Eu sou da antiga, faço coisas que ninguém mais faz. Mas deixa isso para lá. Fui até criticado por isso, mas ficar de mau humor não é comigo. Ninguém trabalha aqui porque quer. Você trabalha porque é ou não é. Se eu não sou o cara eu sou o filho do cara - disse.
Em seu primeiro dia no Flamengo, Joel aproveitou a falta de água na sala de imprensa para cair na brincadeira com os repórteres e já se enturmar.
- Não tem água para vocês (jornalistas)? Amanhã eu vou comprar água, pagar do meu bolso. Mas só vai ficar aqui dentro quem der notícia boa. Quem ficar com o chicote na mão vai ficar lá fora, no calor - brincou.
Dois dias depois, o técnico voltou a dar entrevistas. Com o clube mais vazio, ele se mostrou mais à vontade e voltou a demonstrar o bom humor que virou uma marca em sua carreira.
- Venho numa entrevistas dessas e tem gente que não entende. Já fui criticado por isso. Então eu não sei como me comporto. Não sei se sou rancoroso, bicudo (fazendo careta), se eu falo "oi" ou "ai" - disse Joel, para completar em seguida:
- Eu poderia chegar aqui e responder tudo assim: "Ronaldinho vai jogar?", "Não", "conjuntivite", "três gotas". Mas essa não é minha maneira de ser. O mundo do futebol é cada dia mais rígido. Vir trabalhar todos os dias de mau humor não é comigo.
Depois de muitas risadas, Joel foi questionado sobre a presença de Vagner Love no jogo de domingo, contra o Nova Iguaçu. Quando todos esperavam uma resposta de forma mais séria, dado o assunto, o técnico criou um mistério, novamente com brincadeiras:
- De repente eu posso levar ele (Vagner Love) para o jogo (contra o Madureira). Se ele estiver legal eu levo, quem sabe? Para vocês não serem pegos de surpresa e dizerem: "O Joel falou na coletiva que ele não ia e foi". Aí vão dizer que eu fiz de maldade, que sou um filho da p... Aí vocês aproveitam e fazem o quê? Chicote no Joel. O rapaz ali (apontando para um jornalista) não falou nada e está até rindo. É porque está escondendo um chicote enorme para mim.
Durante alguns minutos, os jornalistas pararam de perguntar e passaram a ficar apenas ouvindo as histórias de Joel. Após discursar sobre sua alegria de voltar ao Flamengo, ele contou um caso de um amigo, contando o silêncio que parecia ser o fim da entrevista.
- Eu tive um amigo que tinha um problema numa perna. Aí ele operou e ficou bom. Depois aproveitou para fazer na outra perna. Putz, hoje ele anda mancando. Tá um horror. Parece um pirata -afirmou.
O treinador levantou da cadeira, acenou para os presentes e deixou a sala de imprensa do Ninho do Urubu. O assessor caminhava ao seu lado, com um largo sorriso. Ele não fez nenhum comentário sobre a entrevista, afinal de contas, o que teria para aprender um treinador que transformou um clima hostil e de muita crise num ambiente leve com simples piadas e risadas?
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