Vencer Roland Garros é se sentir como o Gladiador, diz Magnus Norman
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Wawrinka chegava como azarão diante do rival que tinha 28 vitórias seguidas e triunfando sobre o maior vencedor do torneio, Rafael Nadal, nas quartas de final. Mas o suíço venceu após quatro sets e levantou seu segundo Grand Slam.
No bate-papo, Norman contou alguns detalhes da vitória e o sentimento de vencer o torneio é como o de Máximo no filme Gladiador e ainda lembrou sua chateação pela derrota para Gustavo Kuerten na final no mesmo local em 2000. Norman fincou os pés no chão ao ser perguntado se o tenista poderá assumir o topo algum dia.
Tênis News - Até 2013 você não trabalhava com o Stan e ele tinha três títulos, depois que começaram ele pulou para 10. Quais as principais coisas que vocês trabalharam pro jogo dele progredir ?
Magnus Norman - Eu diria que nosso objetivo era jogar bem os grandes eventos. Estruturamos o calendário de acordo com isso e trabalhamos aspectos mentais no jogo assim como buscar margens um pouco maiores no geral. Trabalhamos em como lidar com o estresse e manter o foco. Estar relaxado fora da quadra e focado dentro. Mas tudo não seria possível pela boa base que o Stan tem há anos e o treino duro com seus antigos técnicos e preparador físico. Ele tinha uma base sólida quando cheguei.
TN - Nos últimos dois anos ele ganhou todas as finais que esteve (seis). Você sabia desse recorde ? Tem alguma explicação ?
MN - Sim, Stan me disse isso. A explicação é que ele sempre fica bem confiante quando chega longe nos torneios. Ainda está com altos e baixos, mas quando ganha algumas partidas seguidas é sempre perigoso.
TN - Você imaginava que o Stan pudesse dominar Djokovic como fez em boa parte daquela final ? Está surpreso com o título ? Ou imaginava que o Stan pudesse vencer Paris um dia ?
MN - Não esperávamos que pudesse ganhar em Paris. Mas uma vez que se colocou na posição ele realizou que poderia ganhar do Big Four. As distâncias contra eles são muito pequenas. Detalhes pequenos adicionam e podem mudar rapidamente as direções. É preciso estar disciplinado e estar preparado para o desafio quando a oportunidade aparecer.
TN - Como foi o dia anterior à final e o dia da final. Como estava o Stan nesse período, quais eram as táticas para esse jogo decisivo e o que você disse a ele ?
MN - O dia anterior foi muito bom. Tivemos um leve treino de 30 minutos enquanto assistíamos a Novak x Andy Murray terminarem o jogo. Tática é uma coisa, mas o mais importante pra mim é o foco no que você precisa fazer bem. Se você pensa muito no outro jogador, perde fácil seu foco. Então, o importante era o Stan se manter agressivo e fazer o que trabalhamos durante toda a temporada de saibro.
TN - Como é trabalhar com o Stan ? No Twitter e nas entrevintas ele parece um cara legal. Ele trouxe o short dele para a coletiva após o título em Paris. Você gostou do short dele ? Jogaria com eles se estivesse atuando agora ?
MN - Ele é um cara super humilde que pensa e cuida de sua equipe. Ele gosta de ter o controle e ter certeza que todos estão se sentindo bem. Além disso, é um atleta de classe mundial e um esporte individual tudo pode vir com isso. Sobre os shorts, no começo da temporada de saibro em me perguntava "O que ele está vestindo ?", mas no fim comecei a gostar :) (sic)
TN - Em algum momento da campanha até a final você se lembrou da final perdida para Gustavo Kuerten com os 11 match-points (em 2000) ? Você usou aquela experiência com o Stan ?
MN - Lembrei daquele quarto set por vários anos. Pensei muitas vezes naquele jogo de que se tivesse ganho teria sido o número 1 com um Grand Slam. Me doeu nunca ter tido outra final de Slam. Mas não usei aquela experiência com o Stan, só fechei meus olhos durante a cerimônia de premiação e peguei um pouco do sentimento de ter vencido Roland Garros.
TN - Stan disse após o título que não pertence ao Big Four (Djokovic, Nadal, Federer e Murray), mas sim só tenta derrotá-los. Mas agora ele tem o mesmo número de slams que o Murray. Qual sua opinião sobre isso ? Após a conquista na Austrália em 2014 ele ganhou Monte Carlo e não teve grandes resultados em sequência. O que mudar ?
MN - Ele não teve a mesma consistência desses caras por muitos anos. Ainda tem altos e baixos e é algo que estamos trabalhando. Tentar a consistência no nível de performance nos 11 meses.
TN - Stan pode se tornar o Nº 1 algum dia ?
MN - Não é algo que conversamos. O mais importante é ser consistente no que fazer nos 11 meses e o ranking falará por si só.
TN - Nadal dominou no saibro e dessa vez, após seis anos, perdeu vários jogos. Você sabe o por que desse período ruim ? Somente confiança e razões mentais ou ele está perdendo fisicamente uma vez que está beirando os 30 anos, começou muito cedo e teve várias lesões ?
MN - Acho que agora realizamos de que o que Nadal fez foi extremo. Nunca acontecerá de novo. Tenho certeza que ele será favorito de novo em Roland Garros ano que vem. Ele está numa fase mais humana de sua carreira, mas tenho certeza que ganhará Grand Slams de novo.
TN - Quais são os próximos objetivos do Stan ? E qual foi o melhor momento para ele. Ganhar esse Roland Garros ou o Australian Open de 2014 ?
MN - As duas conquistas são especiais. O Aberto da França é muito especial. Entretanto, é o maior desafio físico e quando se vence lá você se sente o Máximo do filme Gladiador. O mais forte.
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