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Quem é Fullana, brasiliense que acaba de vencer o terceiro torneio seguido?

Tenista de 24 anos venceu, no domingo, o W 15 de Ribeirão Preto, no interior paulista

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Gustavo Loio
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 04/12/2025
04:00
A brasiliense Luiza Fullana, campeã do W 15 de Mogi das Cruzes (Divulgação)
imagem cameraA brasiliense Luiza Fullana, campeã do W 15 de Mogi das Cruzes (Divulgação)

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Nem ciclana, nem beltrana. O destaque do tênis brasileiro feminino, nas últimas três semanas, é Fullana. No caso, Luiza Fullana, brasiliense, de 24 anos. Em entrevista exclusiva ao Lance!, a sétima melhor tenista do país cita sua trajetória, os desafios da carreira e a emoção de vencer três torneios seguidos. E, claro, fala com bom humor a respeito do sobrenome:

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-São muitas situações engraçadas. Acho que em todos os vídeos nas redes sociais o pessoal faz piada com meu nome, acho engraçado, nunca me incomodou. O sobrenome faz parte da minha identidade. Inclusive é legal porque o pessoal acaba me conhecendo muitas vezes por causa do sobrenome, então sempre tem algum comentário, tipo: 'Fullana jogou com a beltrana, com a ciclana' - diverte-se, ao contar.

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No último domingo, Fullana derrotou a paulistana Naná Silva, de 15 anos, por 6/1 e 6/4, e conquistou o ITF W 15 de Ribeirão Preto, no interior paulista. Na última atualização do ranking, a brasiliense, que vinha dos títulos no W 15 de Mogi das Cruzes e do W 15 de Criciúma, somando 15 vitórias seguidas, subiu nada menos que 47 posições. Agora, ela é a 526ª melhor tenista do mundo (no final de 2023, era a 983ª).

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Para Luiza, que após oito anos morando fora (jogando e estudando nos EUA, e, depois nas quadras, na Espanha), está de volta a Brasília, a sequência de triunfos foi uma surpresa:

- Fiquei muito emocionada por ter vencido esses três torneios. Para ser bem sincera, não esperava esses resultados, um seguido do outro, mas, ao mesmo tempo, estava me sentindo preparada mentalmente e fisicamente. Fui aguentando os dias, me sentindo cada vez mais confiante depois de cada jogo, que foi me dando gás para o próximo. Foi uma emoção muito grande.

E qual desses três torneios foi o mais desafiador?

- O primeiro, em Criciúma, porque eu vinha de um ano muito desafiador, muitas expectativas que não foram alcançadas e ganhar esse torneio, depois de tanto tempo lutando por isso, foi muito especial.

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Tenista brasiliense Luiza Fullana, no Rio Ladies Open (Foto: Felipe Figueiredo/Divulgação)
Tenista brasiliense Luiza Fullana, no Rio Ladies Open (Foto: Felipe Figueiredo/Divulgação)


No último domingo, a disputa com Naná, de apenas 15 anos, uma das promessas do tênis nacional, foi a segunda em pouco mais de um mês. Em outubro, a paulistana levara a melhor, nas quartas de final do W 15 de São João da Boa Vista, onde conquistou seu primeiro torneio profissional.

E como é sua relação com Naná?

- Super boa, ela é uma menina muito competitiva, querida, joga super bem. Muito legal ver essa nova geração crescendo tanto e tão rápido. Não só ela, como outras meninas. No mesmo torneio joguei com a Pietra (Rivoli, de 17 anos), é realmente muito legal ver como essas meninas estão crescendo e se desenvolvendo tão rápido.

Pais e avô como inspirações

Na conversa com o Lance!, Fullana - que tem como maiores sonhos vencer um Grand Slam e entrar no top 10 - também falou de suas inspirações no esporte e na vida:

- No tênis são o Djokovic (Novak, sérvio) e a Sharapova (Maria, russa), dois atletas que admiro muito. Ele pela parte mental, sempre buscando a melhor versão, apesar da idade. Sinto que é uma pessoa que busca o melhor em vários aspectos da vida, não só na quadra. E Sharapova como exemplo de jogadora, me vejo muito jogando como ela como ela no futuro.

- Na vida, meus pais e meu avô são as minhas inspirações, exemplos de muita resiliência, de determinação, não só no trabalho, mas na vida.

Luiza Fullana e o troféu conquistado no W 15 de Criciúma (Foto: João Pires/Agência Try)
Luiza Fullana e o troféu conquistado no W 15 de Criciúma (Foto: João Pires/Agência Try)


Além dos títulos recentes e do melhor ranking da carreira (458º, em 20 de outubro), a tenista brasiliense guarda como uma ótima recordação, em 2025, a Billie Jean King, tradicional torneio entre nações.

- Defender o país é incrível participar disso, ver as meninas que estão num ranking melhor, já atingiram coisas que um dia quero atingir, tê-las como exemplo, estando ali tão perto, é muito legal. Eu me aproximei muito delas na Billie Jean e isso tem me feito muito bem, elas sempre me mandam mensagem, ou dando conselho, ou perguntando como estou. Isso, realmente, ajuda no processo e faz com que ele fique mais leve, uma ajudando a outra.

Clima muito bom entre as brasileiras

Por falar nisso, para a campeã de Criciúma, Mogi das Cruzes e Ribeirão Preto, a relação entre as brasileiras é muito boa:

- E isso não é muito comum lá fora. Sofri muito com isso nos EUA e na Europa, porque lá as meninas quase não se falam, não tem amizade entre elas. Realmente, o clima entre as brasileiras é muito bom. Particularmente me dou bem com todas e, nesses últimos meses, as que mais tenho me aproximado são a Helena Bueno e a Bianca Bernardes. Elas são bem mais novas que eu (risos), sou quase como uma irmã mais velha que elas (risos). É muito boa a nossa relação, fico feliz de ajudar em certas coisas, dar conselhos, como, por exemplo, sobre faculdades.

A emoção de Luiza Fullana ao vencer o W 15 de Criciúma (Foto: João Pires/Agência Try)
A emoção de Luiza Fullana ao vencer o W 15 de Criciúma (Foto: João Pires/Agência Try)

E quais são seus maiores motivos de orgulho até aqui?

- Os resultados, ganhar torneios, entrar para o ranking da WTA, tudo isso é motivo de orgulho, fico muito feliz com isso. Mas ter o feedback de gente que sente que sou uma pessoa boa, que causo um impacto com minha alegria, com a maneira como trato as pessoas. Isso é o tipo de mensagem que me deixa muito feliz e grata.

Luiza Fullana na final do W 15 de Criciúma (Foto: João Pires/Agência Try)
Luiza Fullana na final do W 15 de Criciúma (Foto: João Pires/Agência Try)


Abaixo, outros trechos da entrevista com Fullana:

Viver do tênis

- Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, o tênis é um esporte que, se você não está num certo ranking, talvez top 150, não faz muito dinheiro. Por isso, é muito difícil pagar os gastos com o prize money (premiação). Sou muito grata por contar com o apoio dos meus patrocinadores, a Sadia, o BRB, a Confederação Brasileira (CBT). Não é um processo fácil, barato, eles têm me ajudado bastante nisso.

Hobby preferido

- Tento sempre algum que não esteja relacionado ao tênis. Brinco que o tenista não é só tênis, a parte externa, o off court, é muito importante para a cabeça. Por exemplo, se estou em Brasília, gosto de tomar café com alguma amiga, ou jogar boliche, fazer alguma coisa que não tem nada a ver com o tênis. mesmo nos torneios, nos hotéis, gosto de assistir a séries, ligar para os meus pais, ou ir a algum restaurante diferente, porque, realmente, a rotina é muito pesada e a gente tem que tentar tornar essa rotina cada vez mais leve.

Início no tênis

- Tudo começou porque meus pais sempre obrigaram a mim e a meu irmão a fazer esportes. Dancei, fiz hipismo, vôlei, basquete. Na época fazia vôlei mas não gostava, as meninas eram muito maiores que eu, que era quase uma mascote delas (risos). Um certo dia, minha melhor amiga da escola, a Bia, que jogava desde os 5 anos de idade, me ligou e perguntou se eu queria participar de um torneio que teria em Brasilia, faltava uma menina. Ela tinha conhecimento de que eu sabia jogar, de vez em quando fazia clínicas de tênis no final de semana, para agradar meu pai. Resolvi jogar, fui vice-campeã, perdi para ela. Depois me empolguei, pedi para começar a treinar e meu procurou um técnico de ponta, e achou Mário Mendonça. Na época eu tinha 12 anos, comecei treinando duas vezes por semana, depois passei para três e todos os dias, viajei para os torneios.

A brasiliense Luiza Fullana, campeã do W 15 de Ribeirão Preto (Divulgação)
A brasiliense Luiza Fullana, campeã do W 15 de Ribeirão Preto (Divulgação)
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