Promessa canadense decola no tênis após sustos e encanta no Rio Open

Félix Auger-Aliassime tenta levar naturalidade de profissional a um circuito de veteranos, com apenas 18 anos. Problema cardíaco e pressão por resultados não abalaram o garoto

Félix Auger-Aliassime Tênis
Felix Auger-Aliassime avançou para as quartas do Rio Open ao bater o chileno Christian Garin (Foto: Fotojump)

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A queda dos principais cabeças de chave logo na primeira rodada do Rio Open não apagou totalmente o brilho do único ATP 500 da América do Sul. E um dos responsáveis por ainda fazer o público se envolver com as partidas no Jockey Clube é o canadense Félix Auger-Aliassime, de 18 anos.

O garoto prodígio do circuito, que chegou ao Rio de Janeiro na 104ª posição do ranking, já assegurou a entrada no top 100 pela primeira vez na curta carreira, após as duas vitórias que obteve no local. Até o momento, garantiu o 89º lugar.

O tenista despachou o italiano Fabio Fognini (16º), na estreia, e passou para as quartas de final ao bater o chileno Christian Garin (91º). Nesta sexta-feira, terá pela frente o espanhol Jaume Munar, outro nome badalado da nova geração e pupilo de Rafael Nadal, de 21 anos, na busca pela vaga na semi.

Eles farão a terceira partida da rodada, que começa às 15h. Os dois já se enfrentaram duas vezes no circuito ATP, com duas vitórias do europeu.

Aliassime no Rio Open
Aliassime mostrou simpatia com os brasileiros (Foto: FotoJump)

Se agora os resultados começam a aparecer, a expectativa em torno de Aliassime já é gigante há quatro anos. Em 2015, aos 14, ele se tornou o mais jovem tenista da história a entrar no top 800 da ATP, a disputar e a vencer uma partida de nível challenger. Também se tornou o primeiro atleta nascido na década de 2000 a ter um ranking no principal circuito da modalidade.

– Eu tive de passar por uma adaptação nos torneios juniores e futures, mas acredito que tenha conseguido uma experiência boa. Por isso, obtenho hoje resultados como os que mostrei aqui. Tenho aspectos a serem ajustados em meu jogo, como qualquer jovem tenista, mas venho trabalhado duro em cima disso – afirmou o jogador, após avançar para as quartas de final.

Nem mesmo um problema no coração abalou o sonho do canadense. No ano passado, ele precisou interromper uma partida do US Open, em sua estreia em Grand Slams, contra o compatriota e amigo Denis Shapovalov, devido a uma taquicardia.

A condição adversa já se manifestara antes, de modo que o atleta tenha de se submeter a exames frequentes. Mas ele não vê o fato como agravante para sua carreira. A equipe do tenista buscou minimizar o fato desde então e atribuiu à umidade e o calor o episódio no ano passado.

– Após o segundo set, comecei a sentir um ritmo cardíaco acelerado e algumas palpitações. Algo que eu já havia sentido antes. Não temos certeza do motivo, mas vamos analisar mais profundamente isso. Eu estava esperando que isso acabasse para que eu pudesse terminar o jogo, mas era impossível para mim continuar com sinais de tontura – contou o tenista, nascido em Montreal e filho de um imigrante africano, à emissora canadense "TSN", no ano passado.

Depois de levar um dos três convites que o Rio Open distribui para a chave principal e restar no grupo seleto dos 16 melhores do torneio, o canadense quer mais. A classificação para as quartas já é seu melhor resultado na ATP.

– Quero dar um passo de cada vez para atingir meus objetivos. Não me coloco nenhum limite sobre onde chegar – disse o jovem.

Dentre as inspirações do jogador, há uma em especial: Roger Federer. Ambos nasceram no mesmo dia, 8 de agosto, mas com 19 anos de diferença. Em dezembro de 2017, Aliassime foi escolhido pelo suíço para um período de treinos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

– Foi bom vê-lo de perto. Ele não tentou me dar nenhum conselho específico. Não estava tentando ser meu treinador ou algo parecido. Mas apenas estar perto dele, falar sobre o tênis em geral foi obviamente ótimo para o meu jogo – contou Aliassime, em uma entrevista ao site "Last Word on Tenis".

Com camisa do Brasil, jovem vira queridinho

– Esse menino é ótimo. Ainda é novinho, mas mostra que tem futuro.
Não foi difícil escutar comentários do tipo durante as duas primeiras partidas de Félix Auger-Aliassime.

– Nunca tinha ouvido falar. Ele é bom mesmo! – dizia outro fã.

Embora o público mais fiel do tênis não se surpreenda com o talento do jogador, muita gente passará a prestar mais atenção em seus passos após as exibições no Jockey. E um ato ajudou a ampliar a simpatia do público: o canadense vestiu em quadra uma camisa do Brasil, dada por patrocinadores, após o triunfo de quarta-feira, que o levou às quartas.

Félix Auger-Aliassime Tênis
Aliassme dá atenção para os fãs no Rio Open (Foto: Fotojump)

– O Brasil me recebeu muito bem. Um fã me deu uma camiseta. Só tenho a agradecer a todos que me apoiaram. Se eu ganhar o torneio, talvez vista essa camisa outra vez – disse Aliassime, que citou os seus preferidos do futebol brasileiro.

– Admiro alguns daqui, como Neymar, Thiago Silva e Daniel Alves.

O clima caloroso do Brasil alivia um pouco a saudade da família.

– Depois de um tempo longe de casa, é ótimo contar com essa torcida. Se eu conseguir retribuir com boas partidas, ficarei feliz – concluiu.

Félix Auger-Aliassime Tênis
Aliassime posa com a camisa da Seleção Brasileira (Foto: Divulgação)

QUEM É ELE

Nome
Félix Auger-Aliassime
Nascimento
8/8/2000, em Montreal (CAN)
Altura e peso
1,91m / 87kg
Premiação
US$ 29,8 mil (R$ 112,3 mil)
Conquistas
Campeão juvenil de duplas do US Open, com Denis Shapovalov (2015); campeão juvenil de simples do US Open (2016)

BATE-BOLA
Félix Auger-Aliassime
Tenista

‘Apesar de onde venho, tenho tudo para vencer as grandes partidas’

Como avalia sua campanha?
Eu não sabia muito o que esperar quando vim para cá. Eu não ganhei tantas partidas este ano (havia vencido apenas um dos quatro jogos que fez na temporada), mas sabia que vinha treinando bem e que teria chances de encarar torneios deste tipo. Acredito muito no meu tênis e vim aqui pronto para jogar nas condições intensas daqui. Estou feliz com a campanha.

Você vai enfrentar o Jaume Munar nas quartas. O que espera?
Vou ter um jogo duro. Ele vem obtendo grandes resultados e me venceu duas vezes no saibro no ano passado. Mas posso fazer melhor. Sempre sonhei em vencer jogos deste nível. Acho que diversos fatores me ajudaram. Busquei ser agressivo contra o Fognini e o Garin. Terei sexta, provavelmente, o jogo mais difícil aqui.

Que recado pretende dar aqui no Rio aos veteranos do circuito?
As vitórias provam não só para mim, mas para os outros jogadores que, apesar de onde eu venho, tenho o que preciso para vencer os grandes jogos.

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