Jerusa Geber faz história em Paris com dois ouros e novo recorde mundial nos 100m
Atleta subiu ao lugar mais alto do pódio nas provas do 100 e 200 metros do atletismo
Jerusa Geber dos Santos nasceu em 26 de abril de 1982, em Rio Branco, Acre. Desde o nascimento, enfrentou o desafio da cegueira total, que foi parcialmente aliviada por cirurgias na infância. Contudo, aos 18 anos, a visão de Jerusa se apagou completamente. Sua vida tomou um novo rumo quando, aos 19 anos, foi introduzida ao esporte paralímpico por um amigo também deficiente visual.
A trajetória de Jerusa no atletismo é marcada por conquistas excepcionais e uma força de vontade admirável. Em 2019, ela alcançou um marco histórico ao se tornar a primeira atleta cega a correr os 100 metros abaixo dos 12 segundos, estabelecendo um recorde mundial na classe T11 com o tempo de 11s83. Este recorde foi superado na semifinal dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, quando ela completou a prova em 11s80. Na final, Jerusa consolidou sua posição como uma das maiores atletas paralímpicas da história, conquistando o ouro, e quase quebrando o recorde novamente (11s83).
➡️ Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte
Em Paris 2024, Jerusa não só manteve sua supremacia nos 100 metros, como também conquistou a medalha de ouro nos 200 metros, igualando o recorde paralímpico da britânica Libby Clegg com um tempo de 24s51. Essas vitórias reforçam sua impressionante trajetória, que inclui diversas medalhas e títulos ao longo dos anos.
Após a conquista nos 200 metros, Jerusa compartilhou uma comparação emocionante que recebeu. Ela se referiu ao grande compositor Ludwig van Beethoven, que enfrentou desafios com a audição, e encontrou um paralelo inspirador com sua própria trajetória no atletismo.
"As pessoas estão me comparando até com o Beethoven, sério. Ele desenvolveu o dom da música sem ouvir, e eu desenvolvi o dom da corrida sem enxergar," contou Jerusa.
Entre suas conquistas notáveis estão os seguintes eventos:
- Jogos Paralímpicos de Paris 2024: Ouro nos 100m e 200m T11;
- Mundial Paris 2023: Ouro nos 100m e 200m;
- Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023: Ouro nos 100m e 200m, e prata no revezamento 4x100m;
- Mundial de Kobe 2024: Ouro nos 100m e bronze nos 200m;
- Mundial Dubai 2019: Ouro nos 100m;
- Parapan de Lima 2019: Ouro nos 100m e 200m;
- Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020: Bronze nos 200m;
- Mundial Doha 2015: Prata nos 100m;
- Parapan de Toronto 2015: Bronze nos 100m e 400m;
- Mundial Lyon 2013: Prata nos 100m e 200m;
- Jogos Paralímpicos de Londres 2012: Prata nos 100m e 200m;
- Parapan de Guadalajara 2011: Prata nos 100m e 200m;
- Mundial da Nova Zelândia 2011: Ouro no revezamento 4x100m, prata nos 100m e 200m;
- Jogos Paralímpicos de Pequim 2008: Bronze nos 100m.
Um capítulo importante na carreira de Jerusa é sua parceria com Gabriel Garcia, o atleta-guia que desempenha um papel crucial em suas competições. Gabriel fez história em Paris 2024 ao se tornar o primeiro homem brasileiro a competir tanto nos Jogos Olímpicos quanto Paralímpicos no mesmo ano. Juntos desde o final de 2016, eles viveram momentos marcantes, incluindo a quebra do recorde mundial dos 100 metros. Apesar do desafio enfrentado em Tóquio 2020, quando a corda-guia se rompeu durante a final, a dupla se redimiu em Paris com a conquista do ouro, solidificando ainda mais sua colaboração e sucesso.
Jerusa Geber dos Santos é um exemplo inspirador de superação e dedicação. Sua carreira ilustra não apenas a excelência esportiva, mas também a força e resiliência necessárias para vencer desafios pessoais e profissionais, tornando-a uma figura emblemática no mundo do atletismo paralímpico.