Inquieto e multifacetado, Pat Burgener inicia jornada pelo Brasil no snowboard
Aos 31 anos, atleta segue de turnê musical para o início da temporada de inverno

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A palavra "inquieto" seria uma boa escolha para definir o snowboarder Patrick Burgener, novo reforço do Brasil nos esportes de inverno. Aos 31 anos, o suíço-brasileiro se define como "filho do mundo" e acaba de encerrar uma turnê musical para concentrar as energias na temporada do snowboard. Em conversa exclusiva com a reportagem do Lance!, o atleta falou sobre suas diversas paixões e, claro, as expectativas para representar o país.
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A entrevista, aliás, aconteceu em português a pedido do próprio Pat, que disse "precisar praticar" o idioma. Nascido em Lausanne, na Suíça, e filho de mãe líbano-brasileira, ele tirou a cidadania brasileira no início de 2025 e conseguiu aprovação da Federação Internacional de Esqui e Snowboard (FIS) para competir pelo Brasil a partir desta temporada, se tornando um dos principais candidatos à vaga nos Jogos de Milão-Cortina 2026.
— Eu sempre tive essa ideia de fazer a transição, desde os 20 anos, desde que comecei com o snowboard, sabia que faria isso um dia. Mas eu tive a sensação de que seria esse ano porque eu quero representar o Brasil quando estiver no topo do meu nível, sabe? Em quatro anos eu também posso ir aos Jogos Olímpicos, mas não para disputar uma medalha, acho que esse ano é a última Olimpíada que posso realmente fazer uma boa performance - contou.
Para se aproximar das raízes brasileiras, ele se dedicou ao estudo do português desde que confirmou a naturalização, contando com a ajuda da inteligência artificial para praticar. Pat também revelou que tem uma playlist de música brasileira que usa nos aquecimentos.
— Comecei a trabalhar quase todos os dias pra aprender, é uma língua maravilhosa. Minha mãe fala perfeitamente, mas o Chat GPT me ajuda muito, porque eu preciso de algo que eu possa falar todo dia e perguntar algumas coisas - disse.
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Filho do mundo e múltiplas paixões
Patrick veio ao Brasil pela primeira vez em agosto deste ano e aproveitou para mergulhar de vez na cultura do país. No Rio de Janeiro, visitou as instalações do CT do Time Brasil, conheceu as atletas olímpicas Jade Barbosa e Rafaela Silva e ainda aproveitou para gravar o clipe de sua música "Right or Wrong", em que ele aparece usando uma camisa do Flamengo. Antes de iniciar a temporada de snowboard, com a disputa da etapa da Copa do Mundo da modalidade na China, ele teve apenas três dias em casa após uma turnê musical com 20 shows.
A música é uma das principais paixões de Patrick, e a relação se intensificou em um momento delicado na carreira do atleta. Em 2014, sofreu um rompimento de ligamento do joelho e decidiu conciliar a trajetória no esporte com a de músico, algo que antes era apenas um hobby - Patrick compõe, canta, toca violão, gaita e instrumentos de percussão. Em 2021, uma nova lesão o motivou a produzir seu primeiro álbum.
— A lesão é a pior coisa que pode acontecer no esporte. Mas sempre tive a mentalidade que se uma coisa acontece na sua vida, é preciso achar um jeito para mudar as coisas. Para mim, a música foi uma meditação, foi um jeito de ficar positivo e de analisar também o que aconteceu, o que eu senti no meu corpo, e um jeito de usar esse "drama" para ajudar outras pessoas - disse.
Se esse estilo de vida pode parecer um pouco agitado demais, aliar diferentes interesses é justamente uma estratégia de Pat para gerenciar melhor a própria energia. Diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), ele conta que alternar o foco mantém sua mente em equilíbrio e o torna um atleta melhor.
— Eu acho que a balança na vida é importante. A criatividade na música me ajuda a ter criatividade no meu esporte. Se eu foco toda a minha energia em um só lugar, fico muito nervoso, vou me machucar e as coisas não dão certo. Para mim, essa é a melhor maneira de ficar calmo e fazer a minha melhor performance - finalizou.
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