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Herói olímpico, Vanderlei Cordeiro relembra início ‘por acaso’ na maratona

Brasileiro conquistou medalha de bronze histórica em Atenas

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Beatriz Pinheiro
São Paulo (SP)
Dia 29/09/2025
23:24
Vanderlei Cordeiro de Lima Atenas 2004 – 2
imagem cameraVanderlei Cordeiro de Lima nas Olimpíadas de Atenas 2004 (Foto: Acervo Lance!)

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A conquista histórica da medalha de bronze por Vanderlei Cordeiro nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, fez do brasileiro um ícone do esporte não apenas para o seu país, como para o mundo. Pouco mais de 21 anos após o feito que o consagrou, o corredor relembrou a maneira inusitada como começou na maratona.

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Na década de 90, aos 25 anos, um jovem Vanderlei em início de carreira seguia um planejamento cuidadoso com seu treinador Ricardo D'Angelo para competir na maratona. Porém, em 1994, antes do previsto, o corredor recebeu um convite para ser "coelho" na Maratona de Reims, na França. No universo da corrida, o coelho é um atleta contratado pela organização para ditar o ritmo da prova.

— Eu estava na França, fazendo uma temporada de provas mais curtas, que era no máximo meia maratona. Em um fim de semana não tinha corrida, mas tinha treino, e eu recebi o convite pra ser coelho da prova. Perguntei pro meu treinador se eu podia trocar o treino por ser coelho e ele deixou. Eu tava mais interessado em ser coelho, porque se eu treinasse eu não ia ganhar nada, mas se eu fosse coelho ia ganhar 300 euros, além de treinar, tinha um dinheirinho - contou, durante evento e sessão de autógrafos realizado na Centauro, na noite desta segunda-feira (29), na capital paulista.

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Normalmente, os coelhos conduzem os corredores apenas até determinada parte do percurso total da prova. Mas, é claro que com Vanderlei Cordeiro as coisas foram diferentes.

— Eu me empolguei, quando passou dos 21km, eu tava me sentindo bem, fui correr mais um pouco pra completar meu treino, comecei a ter uma vantagem sobre os outros atletas, pensei: 'vou correr até os 30km pra ver como eu vou me sentir', e fui abrindo vantagem. Nos 35km já não via mais ninguém atrás e fui nesse momento da empolgação. Acabei finalizando a prova, venci a prova. O cara que ficou em segundo ficou louco da vida, bravo, porque o coelho não podia ter vencido a prova - relembrou.

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O mais difícil foi contar ao treinador que havia extrapolado no treino e descumprido o planejamento. Mas, com o bom resultado, os dois optaram por antecipar a entrada de Vanderlei Cordeiro na maratona, onde construiu sua história.

Vanderlei Cordeiro de Lima
Vanderlei Cordeiro de Lima acendeu a Pira Olímpica das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 (Foto: AFP / Odd Andersen)

A fatídica agressão e o bronze histórico

A medalha olímpica de Vanderlei Cordeiro é uma das mais emblemáticas da história dos Jogos. No último dia de provas em Atenas, o brasileiro disputaria as Olimpíadas pela terceira vez ao lado do queniano Paul Tergat, grande favorito ao ouro na ocasião. Superando os principais rivais na prova, o brasileiro liderou a corrida e abriu vantagem confortável até a altura do quilômetro 35, rumo ao Estádio Panatenaico.

Nesse momento, Vanderlei foi atacado e empurrado para fora da pista pelo ex-padre irlandês Neil Horan, e recebeu a ajuda de um espectador, o grego Polyvios Kossivas, para retornar à prova.

— Em um segundo, passa muita coisa na cabeça. Eu não sabia se o cara tava com uma faca, se ele ia dar um tiro em mim, se o cara tava com uma bomba... Naquele momento você leva um susto, bambeia as pernas, voltar para a prova foi muito difícil, eu fui buscando forças de onde eu não tinha - relembrou.

Mesmo assim, Vanderlei Cordeiro voltou para a pista. Ainda abalado pela agressão, não conseguiu manter o ritmo para liderar a prova, mas se manteve firme o suficiente para conquistar a medalha de bronze e marcar para sempre seu nome na história do esporte olímpico. Ovacionado pelo público presente no estádio Panatenaico, o brasileiro recebeu do Comitê Olímpico Internacional (COI) a Medalha Pierre de Coubertin, uma das maiores honrarias pelo espírito esportivo demonstrado.

— Eu não esperava a reação (do público), eu cheguei em terceiro e na hora que eu pisei no estádio, todo mundo se levantou e começou a aplaudir. Ali, eu já tinha esquecido o padre, já tinha esquecido tudo, aquela alegria tomou conta de mim e fui fazendo o aviãozinho. Eu estava em Atenas, no berço dos Jogos Olímpicos, conquistando uma medalha... Vou reclamar do quê? A minha conquista da medalha de bronze foi maior do que a frustração de não ter ganhado a medalha de ouro - disse.

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