Giro da Itália: Preparem-se para a etapa de quarta-feira

Serão 225km de prova, com poucas equipes dominantes, pernas relativamente sem fadiga exagerada e o pelotão não terá como conter tantas fugas. Veja análise de Fernando Moyna

Arnaud Demare - Ciclismo
Após final espetacular, o francês Arnaud Demare (à direita) superou por centímetros Peter Sagan (em segundo, no centro) e Ballerini (à esquerda) na etapa 4 do Giro da Itália (Foto: AFP)<br>

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A etapa desta terça-feira do Giro da Itália foi de sprint, mas o desenho permitiu que tivesse um enredo com possibilidade de opções táticas e foi isso que a Bora fez. Assumiu a responsabilidade na ponta do pelotão na única grande montanha e apertou o passo para tentar eliminar o máximo de sprinters possível.

Fabbro de novo, como na segunda-feira, na ponta puxando pelotão e eles foram sobrando. Gaviria, Viviani, Hodeg e não fosse a Grupama 100% dedicada ao Demare ele também teria escorregado fora do pelotão. Desceram 25km e mesmo assim a Bora continuou a na ponta por mais 40km planos tentando manter os sobrados a distância. Gaviria e Hodeg não conseguiram mesmo com a enorme dedicação da equipe UAE do Gaviria.

Como disse ontem, achava que nesses 65km seriam o suficiente para que as equipes dos sprinters sobrados reconectarem, mas estava errado. Deceunick não voltou para ajudar o Hodeg já que tinha o Balerini no pelotão e a UAE ficou com a banana na mão. Voltaram todos menos o Ulissi, que estava com a camisa vinho de pontos.

Veio o sprint e os 2 melhores “trens” de embalo, Cofidis e Grupama, dominaram e entregaram seus sprinters em posição de contestar o sprint. Sagan, sozinho e sempre bem colocado foi o 1º a abrir o sprint. Demare e Balerini abriram um de cada lado e chegaram os 3 absolutamente juntos.

Demare levou etapa do Giro por centímetros (Foto: Reprodução)
Demare levou etapa do Giro por centímetros (Foto: Reprodução)

Pelo menos o Sagan irá usar a camisa vinho de pontos(Ciclamino), que no fim das contas é seu objetivo principal.

Nesta quarta-feira, teremos grande chance de termos uma fuga gigante e vai me fazer acompanhar a etapa desde a largada. É umas das que eu marquei como imperdível e se eu marquei aqui do meu sofá certamente é o que estará na cabeça de todos já que o design da etapa grita por fuga. Serão 225km, raramente um pedaço plano, poucas equipes dominantes, pernas relativamente sem fadiga exagerada e o pelotão simplesmente não terá como conter tantas fugas.

Com uma escalada final de 24km depois de 200km o pelotão dos favoritos não vai ficar lutando e queimando gregários contra uma mega fuga de uns 30-40. Irão poupá-los para a parte final da longa etapa. Não temos equipes com o suporte de gregários como no Tour. Astana já perdeu 2, Trek não tem tantos que fazem a diferença, Sunweb é dividida entre Kelderman e MAthews e a Jumbo até tem Tony Martin, mas mesmo com a ajuda da Deceunick do camisa rosa do Almeida contra tantos da fuga, vão preferir se poupar para o dificílimo final. Com isso a chance de o vencedor da etapa vir da fuga será gigante. Possivelmente até a camisa rosa estará em jogo já que nesse cenário a fuga deve conseguir +10min até o pé da última montanha.

Mesmo que a fuga não seja tão grande logo no começo a escalada de uma das 2 montanhas “categoria 3”, principalmente a 2ª que é a mais longa, servirão para lançarem o restante dos que podem se juntar a fuga e juntos consolidarem a diferença sobre o pelotão.

Depois das 2 montanhas categorizadas o percurso continua num sobe e desce interminável. Para se ter uma ideia faltando 64km eles subirão para Rogliano. Uma escalada NÃO categorizada, mas de 6,2km e média de 6,3%. Isso seria tranquilamente um “categoria 2” no Tour de France, mas aqui nem pontos vai distribuir para a camisa de melhor escalador. Em seguida, no final da descida, vem o 2º sprint intermediário que não vai ter importância nenhuma porque depois de 200km estarão no pé da última loooonga escalada do dia; “Valico de Montescuro”( 24,2km-5,6%). Montanha bem regular a não ser uma parede de 1,1km a 11,8% bem no meio da escalada. Na verdade é uma troca da estrada principal para uma secundária. Deverá ser usado para separar os que ainda estiverem no provável pequeno pelotão dos favoritos e entre os da fuga a última chacoalhada na árvore para ver quem só está se segurando nas rodas. Daí ainda tem mais 10km(!) a 6% e teremos ações entre os 2 grupos. Torcer para o diretor de imagem ter a sensibilidade de não perder imagens dos 2 grupos. A chegada não é no topo. Do topo até a chegada serão 12km, sendo 8km de descida e 4km de “falso piano”. Impossível prever o que acontecerá nos 2 grupos.

É etapa para relembrar Pereio e Voeckler no Tour, que conseguiram a liderança gigantescas de tempo em fugas que o pelotão não conseguiu perseguir em etapas e como essa.

Em se falando em etapas de “média montanha” essa é a mais difícil que você verá por um bom tempo.

Imperdível desde a largada, ou seja, antes da transmissão da ESPN. Então, para quem quiser assistir só no: https://tiz-cycling-live.io/live.php

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