Supercopa Sul-Americana; relembre o que era, campeões e regras
CONMEBOL reuniu só campeões da Libertadores num mata-mata de elite.

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A Supercopa Sul-Americana — oficialmente Supercopa Libertadores — foi, por dez edições consecutivas, a “liga dos campeões” do continente: um torneio fechado, anual, reservado exclusivamente aos clubes que já haviam vencido a Copa Libertadores. Disputada entre 1988 e 1997, ela condensou tradição, rivalidade e alto nível competitivo em calendários curtos e intensos, quase sempre decididos em duelos eliminatórios de ida e volta. O Lance! relembra a Supercopa Sul-Americana.
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A proposta tinha apelo esportivo e comercial claro: colocar históricos campeões em rota de colisão, criar grandes noites de mata-mata e valorizar o pedigree internacional de marcas como Independiente, Boca Juniors, River Plate, Cruzeiro, São Paulo, Nacional, Olimpia e Vélez Sarsfield, entre outras. Algumas edições também receberam clubes convidados por títulos precursores (caso do Vasco da Gama pelo Campeonato Sul-Americano de Campeões de 1948).
Por estar limitada aos campeões da Libertadores, a Supercopa funcionou como uma espécie de “segunda competição” continental em prestígio, atrás apenas da própria Libertadores e à frente da Copa CONMEBOL. O vencedor ainda ganhava o direito de disputar a Recopa Sul-Americana contra o campeão da Libertadores, reforçando a hierarquia do ecossistema da CONMEBOL.
O torneio atravessou uma década de transição no calendário sul-americano. Ao final dos anos 1990, a confederação promoveu uma reorganização: a Supercopa foi descontinuada para dar lugar a formatos de mercado mais amplos — Copa Mercosul e Copa Merconorte — que, depois, convergiriam na Copa Sul-Americana (2002 em diante), hoje a segunda competição de clubes do continente.
Origem e contexto da Supercopa Sul-Americana
A criação da Supercopa, em 1988, atendeu a dois movimentos simultâneos. De um lado, havia um estoque consolidado de campeões da Libertadores, com torcidas e marcas de alto valor esportivo. De outro, a CONMEBOL buscava ampliar o calendário e a receita sem diluir a mística do mata-mata. A solução foi um torneio exclusivo, com participação fechada, capaz de entregar jogos de alto interesse desde as fases iniciais.
No começo, o elenco de participantes ainda era enxuto; à medida que novos campeões da Libertadores surgiam, a lista cresceu e exigiu ajustes quase anuais no regulamento. Em 1997, por exemplo, adotou-se rebaixamento dos últimos colocados na fase de grupos para reduzir o quadro e manter a competitividade do recorte.
Formato da Supercopa Sul-Americana e regras
A Supercopa mudou de desenho algumas vezes, mas manteve dois pilares:
- Elegibilidade restrita: só clubes campeões da Copa Libertadores (com raras exceções por títulos precursores).
- Eliminatórias em ida e volta: pontuação por jogo (3-1-0), classificação por pontos somados na série; em caso de empate, critérios de desempate por saldo de gols e, persistindo a igualdade, pênaltis ao final do segundo confronto. Prorrogação praticamente não era utilizada.
Em diferentes anos, o torneio começou direto no mata-mata ou adotou fase de grupos curta antes dos “mata-matas” finais. O objetivo das variações era acomodar o número crescente de habilitados e equilibrar datas no calendário.
Participação e critérios
- Participam: todos os campeões da Libertadores até a temporada em disputa.
- Convites históricos: casos específicos como o Vasco da Gama, reconhecido pelo título do Campeonato Sul-Americano de Campeões de 1948, considerado um precursor da Libertadores.
- Ajustes anuais: quando o número de campeões aumentava, a CONMEBOL adaptava chaves e, em certos anos, aplicou grupos com descenso interno (eliminando os últimos para a edição seguinte) como forma de conter o tamanho do torneio.
Cronologia e campeões da Supercopa Sul-Americana (1988–1997)
A década da Supercopa distribuiu títulos por diferentes países e consagrou duplos campeões:
- 1988 – Racing (ARG): título inaugural, sobre o Cruzeiro.
- 1989 – Boca Juniors (ARG): campeão em final argentina contra o Independiente, nos pênaltis.
- 1990 – Olimpia (PAR): campanha consistente, superando o Nacional-URU.
- 1991 – Cruzeiro (BRA): virada emblemática diante do River Plate no Mineirão.
- 1992 – Cruzeiro (BRA): bicampeão, confirmando supremacia em mata-matas continentais.
- 1993 – São Paulo (BRA): coroado nos pênaltis contra o Flamengo, em série equilibrada.
- 1994 – Independiente (ARG): volta ao topo continental, derrotando o Boca.
- 1995 – Independiente (ARG): bicampeonato, superando o Flamengo.
- 1996 – Vélez Sarsfield (ARG): vitória sólida contra o Cruzeiro.
- 1997 – River Plate (ARG): último campeão, batendo o São Paulo no Monumental.
Com isso, Cruzeiro e Independiente fecharam a era como maiores vencedores (2 títulos cada). River, Boca, Racing, Olimpia, São Paulo e Vélez levantaram o troféu uma vez.
Jogos marcantes e nuances táticas
A Supercopa produziu séries memoráveis, quase sempre decididas por detalhes:
- Cruzeiro x River Plate (1991): derrota em Buenos Aires e virada em Belo Horizonte, numa noite que consolidou o perfil copeiro celeste.
- São Paulo x Flamengo (1993): dois empates e decisão por pênaltis, com tensão alta e grandes atuações de goleiros.
- Independiente nas edições 1994 e 1995: o “Rei de Copas” reafirmou a vocação de mata-mata, com defesas sólidas e meio-campo competitivo.
- Vélez 1996: consistência e transições rápidas, herança da escola campeã da Libertadores de 1994.
- River 1997: um elenco técnico e intenso, coroado diante do São Paulo em série de margens mínimas.
Taticamente, a competição condensou o espírito sul-americano de mata-mata: marcação forte, bola parada decisiva, estádios cheios e fatores locais pesando, mas sem impedir reviravoltas fora de casa.
Artilheiros e protagonistas
Alguns nomes que deixaram marca no torneio:
- Ronaldo (Cruzeiro, 1993) com grande atuação artilheira na campanha tricolor celeste daquela edição.
- Enzo Francescoli (River Plate, 1995), referência técnica em meio-campo.
- Renato Gaúcho (Cruzeiro, 1992), símbolo de competitividade em jogos grandes.
- Ivo Basay (Colo-Colo, 1997) e Raúl Amarilla (Olimpia, 1990) figuraram entre os goleadores de edições específicas.
- Elencos plurais de Boca, Independiente, Racing, Vélez, São Paulo e Flamengo também revelaram protagonistas pontuais decisivos em séries curtas.
Relação com Recopa, Mercosul/Merconorte e Sul-Americana
Por estatuto competitivo, o campeão da Supercopa desafiava o campeão da Libertadores na Recopa Sul-Americana — uma “supercopa” de título sobre título. Com a extinção do torneio após 1997, a CONMEBOL redirecionou a vaga da Recopa ao campeão da Copa Sul-Americana (lançada em 2002), consolidando um segundo eixo anual de clubes ao lado da Libertadores. A fase intermediária com Mercosul e Merconorte (1998–2001) foi uma ponte comercial e de calendário para a configuração atual.
Por que acabou e qual foi o legado
O fim da Supercopa respondeu a uma reengenharia de calendário na virada dos anos 1990 para 2000: mais datas de seleções, exigências televisivas, pressões por internacionalização e necessidade de abrir a segunda competição a clubes de alto desempenho mesmo sem título prévio de Libertadores. Nasceram, assim, Mercosul/Merconorte e, por fim, a Copa Sul-Americana, que preservou o espírito do mata-mata continental com porta de entrada mais ampla.
O legado da Supercopa é a consolidação de um imaginário de confrontos grandes do início ao fim. Em apenas uma década, ela entregou duplos campeões (Cruzeiro e Independiente), forjou noites épicas e fixou um padrão de qualidade que, em muitos sentidos, inspirou o desenho competitivo que a CONMEBOL pratica até hoje na sua “segunda via” continental.
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