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Rebaixados na Série A precisam recalcular orçamentos e mudar rota financeira em 2026

Equipes do Z4 terão impacto significativo nas contas, principalmente com premiações e direitos de TV; entenda o que muda

Dia 08/12/2025
19:49
Ceará, Fortaleza, Juventude e Sport foram os rebaixados do Brasileirão Série A 2025
imagem cameraCeará, Fortaleza, Juventude e Sport foram os rebaixados do Brasileirão Série A 2025. (Fotos: Reprodução/X)

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As campanhas de rebaixamento de Ceará, Fortaleza, Juventude e Sport na Série A indicam uma clara necessidade de reestruturação técnica para a temporada 2026, mas os impactos de não disputar a elite do futebol nacional se estendem até os bastidores administrativos e implicam em uma revisão de metas orçamentárias e rotas financeiras para o ano seguinte. As quatro equipes passam a viver uma nova realidade na Série B, que vai desde acordos de TV menos robustos até premiações e patrocinadores com investimentos limitados.

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O Relatório Convocados, produzido pela Galapagos Capital e que tem assinatura do economista e pesquisador Cesar Grafietti, destaca o panorama financeiro das equipes da Série A do futebol brasileiro em 2024 e serve como um indicativo do que pode ser o próximo ano após o descenso de divisão. O documento mostra faturamento com receitas de televisão nos últimos dois anos, além de outras fontes de receita comerciais, ganhos com transferências de atletas e bilheterias.

Nos casos de Fortaleza e Juventude, o impacto pode ser medido e forma mais assertiva, já que a dupla disputava a primeira divisão pelo menos desde 2023. Para Ceará e Sport, os números não possuem detalhes no mesmo nível, mas é possível medir o impacto do rebaixamento também através da previsão orçamentária de 2025.

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Um dos fatores que deve atingir de forma significativa as equipes são as premiações. O valor irá reduzir drasticamente, já que a CBF paga bônus apenas para os quatro que sobem de divisão, enquanto a Série A distribui cifras para todos os participantes, exceto para os rebaixados. Ainda assim, a bonificação em 2025 na Série B foi de R$ 3,5 milhões para o Coritiba, o campeão, e de R$ 1,5 milhão para os outros três times. Na elite, o RB Bragantino, 16º colocado em 2024, recebeu R$ 16 milhões. Ou seja, os clubes passam a depender ainda mais da Copa do Brasil, competição com bom retorno financeiro.

Além disso, o retorno com cotas de televisão são bem abaixo entre a primeira e segunda divisão. Apesar da Libra e LFU não terem divulgado ainda como ficarão os acordos em sua totalidade para a próxima temporada, o valor de 2025 é apontado em R$ 14 milhões.

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Ceará faz 'bate-volta' na Série A mesmo com receita recorde

Após conquistar o acesso à Série A em 2024, o Ceará chegou na primeira divisão com a missão de se manter na primeira divisão e voltar a ter uma fase estável na elite nacional, como viveu entre 2018 e 2022. Entretanto, fez um "bate-volta" na Série A retorna para a segunda divisão um ano após subir, tudo isso com um orçamento recorde em sua história.

O conselho aprovou o valor de R$ 229,4 milhões em receitas brutas, chegando a atingir algumas das metas, como a arrecadação com venda de jogadores, que foi de pouco mais de R$ 37 milhões, R$ 10 milhões a mais que o projetado. De premiação, faturou R$ 10,9 milhões, um pouco acima do valor base. Na parte de direitos de TV, foram R$ 82 milhões projetados de arrecadação, quase seis vezes mais o que é pago na segunda divisão.

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Apesar do sinal verde para algumas dessas metas, o projetado para o próximo ano é o que mais preocupa, principalmente por frear o ritmo de crescimento do Vovô caso permanecesse na Série A. Ao lado do Fortaleza, jogará o estadual, Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Com a exceção do mata-mata nacional, o alvinegro jogará competições com baixo retorno financeiro.

Vina na partida entre Ceará e Fortaleza, pelo Brasileirão (Foto: Leonardo Alves/Pera Photo Press/Gazeta Press)
Ceará foi o 17º colocado. (Foto: Leonardo Alves/Pera Photo Press/Gazeta Press)

Fortaleza interrompe melhor fase de sua história dentro e fora do campo

O Fortaleza é o clube que tinha maior orçamento entre os rebaixados, R$ 370 milhões (apenas na SAF) de acordo com o que foi aprovado pelo conselho do clube, um recorde na história do tricolor cearense. Só no setor do futebol, o investimento passou dos R$ 35 milhões em novos atletas, realidade que não se refletiu em campo. O elenco tem nomes de peso e com salários robustos, como Deyverson, Marinho, Lucero e Pocchetino, fato que precisará ser revisitado em 2026 para avaliar a permanência, ou não, de nomes custosos para os cofres do clube.

Neste ano, o orçamento colocou uma despesa de R$ 118 milhões com o setor de futebol. O Relatório Convocados detalha que entre 2022 e 2024 os investimentos em elenco saíram de R$ 46,3 milhões para R$ 82,3 milhões, fato que não se sustenta na realidade da segunda divisão.

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Os direitos de TV em 2024 foram de R$ 118 milhões, valor acima do que o rival Ceará faturou neste ano, e também cairá significativamente para 2026. O Convocados já alertava para um cenário negativo nas finanças do Fortaleza, que viu as dívidas crescerem nos últimos anos, mas manteve a mesma política de contratações e outros investimentos. Neste ano, entretanto, a aposta foi feita mas não houve nenhum retorno esportivo, o que não justifica ou compensa com esses gastos.

Levando em consideração o valor de receita estabelecido para esse ano, que foi projetado para superar em mais de R$ 100 milhões o ano de 2024. Entretanto, as variações anuais de receita recorrente não indicavam uma estabilidade tão grande. Isso porque de 2022 para 2023 houve uma variação negativa de 11%, enquanto de 2023 para 2024 houve uma recuperação de 13% (de R$ 235 mi para R$ 265 mi). Ou seja, entre 2022 e 2024, os ganhos financeiros não foram tão expressivos.

Partida entre Fortaleza e Corinthians, pelo Brasileirão (Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Fortaleza decretou seu rebaixamento na última rodada do Brasileirão. (Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)

Juventude vinha de ano equilibrado na Série A

Classificado em 2023 para a Série A, o Juventude fez um 2024 de manutenção na elite e chegou em 2025 com equilíbrio financeiro. Na avaliação do Relatório Convocados, a equipe gaúcha obteve um resultado positivo nas receitas, resultado líquido e no desempenho operacional. A saúde financeira da equipe se manteve principalmente pelo controle nos gastos e uma atuação condizente com o caixa no mercado de transferências. Entretanto, a limitação técnica sempre foi o fator que poderia determinar o destino do time no torneio.

Para 2026, o Juventude orçou cerca de R$ 100 milhões, também o maior de sua história, mas o clube projetava ter uma receita 30% maior do que o previsto, de acordo com o próprio presidente Fábio Pizzamiglio em entrevista ao portal "Uol" em março de 2025. O clube não viveu uma temporada de extravagâncias, mas o que parceria ser uma sequência de trabalho promissora, volta ser um grande desafio, já que o time precisará se reestruturar para tentar retornar à primeira divisão e "recomeçar" como uma equipe que não pode investir pesado no elenco.

Diferente do Fortaleza, o Juventude saiu de R$ 2 milhões gastos na formação do elenco em 2023 para R$ 7 milhões em 2024. Neste ano, o custo de contratações (apenas pelas transferências, sem salários somados) foi de R$ 1,2 milhão, atrás apenas do São Paulo. Ou seja, o impacto entre o time gaúcho e o cearense é bem expressiva, o que não deixa de ser ruim para o Jaconero.

Nas cotas de TV, não há um valor exato para o faturamento do Juventude em 2025. Entretanto, o clube ganhou cerca de R$ 50 milhões em 2024 e o número poderia subir em até 50% neste ano a depender das metas cumpridas pelo clube no mecanismo de pagamento da Liga Forte União (LFU), que a equipe faz parte.

No contrato, 30% do total das receitas terá ligação direta com o impacto da torcida nas plataformas de transmissão do jogo (em resumo, audiência), enquanto 70% do valor está garantido. O orçamento não contabilizou o crescimento a esse nível, mas agora precisará voltar muitas casas para se readequar à realidade de Série B. O elenco não é o fator mais complexo, já que não existem peças muito caras no elenco do Juventude.

Jadson Juventude Sport Brasileirão
Juventude retorna à Série B após dois anos. (Foto: Luiz Erbes/Agif/Gazeta Press)

Sport precisa recuperar a moral dentro e fora dos campos

Rebaixado com uma das piores campanhas da história do Brasileirão de pontos corridos, o Sporta já pensa em 2026 há algum tempo. Nas próximas semanas o clube passará por novas eleições de presidente, que precisará revisar todo o planejamento financeiro e readequar a realidade. Principalmente após o clube investir um alto valor em contratações.

O principal ponto de descompasso do rubro-negro pernambucano foi o gasto com jogadores que não trouxeram resultado esportivo. Foram pouco mais de R$ 60 milhões gastos, o que compromete mais de 20% do orçamento de mais de R$ 180 milhões projetados para 2025. Foram três anos na Série B até o retorno à elite nacional no último ano, mas que não foi recompensado com boa campanha na Série A e nem na Copa do Brasil, já que o Leão da Ilha caiu na primeira fase.

O cenário de investimento no futebol impactou no aumento da folha salarial, gasto que precisará ser revisto com cautela e deve apresentar dor de cabeça para a diretoria, já que atletas contratados em definitivo cumpriram apenas o primeiro ano dos seus contratos, que têm duração mais longa. Caso alguns nomes sejam negociados como venda ou empréstimo, será um alívio nas contas do clube.

Nas receitas de televisão, o Sport chegou perto ou pouco mais de 50% de sua receita com as cotas TV. Não há confirmação dos valores, mas o cenário seguiria o mesmo do Juventude, que também tem contrato com a LFU e segue o mesmo padrão de divisão de receita. Nos três anos que esteve na Série B, o faturamento com transmissão variou entre R$ 8 milhões e R$ 11 milhões. O número pode subir um pouco diante do novo acordo com a liga, mas não chega no patamar da elite nacional.

O respiro de receita pode vir justamente na Copa do Brasil. A expectativa é que o clube vá melhor no torneio e ele se torne a principal fonte de renda da equipe no quesito de bonificação financeiro. Os outros torneio, estadual, Série B e Copa do Nordeste, não têm premiações significativas.

Sport pode ser rebaixado nesta rodada (Foto: Paulo Paiva / Sport)
Sport foi o primeiro rebaixado nesta temporada. (Foto: Paulo Paiva / Sport)
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