Jogadoras enviam carta à Fifa contra patrocínio de estatal da Arábia Saudita
Atletas afirmam que o país desrespeita a igualdade de gênero, os direitos humanos e questões ambientais.
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Um grupo com mais de 100 jogadoras profissionais de futebol publicou uma carta aberta enviada à FIFA e a seu presidente, Gianni Infantino, nesta segunda-feira (21), na qual pede a rescisão do contrato de patrocínio da Aramco, empresa estatal petrolífera da Arábia Saudita, com a entidade.
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O documento é assinado por nomes como Vivianne Miedema, atacante e capitã do Manchester City; Jessie Fleming, capitã da seleção do Canadá, e Becky Sauerbrunn, a zagueira da seleção dos Estados Unidos.
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Na carta, as atletas afirmam que a empresa representa um país que desrespeita a igualdade de gênero, os direitos humanos e que não cuida do futuro do planeta.
- Pedimos à Fifa que reconsidere esta parceria e substitua a Saudi Aramco por patrocinadores alternativos cujos valores estejam alinhados com a igualdade de gênero, os direitos humanos e um futuro seguro para o nosso planeta. Também propomos a criação de um comitê de revisão com representação de jogadoras, para avaliar as implicações éticas de futuros acordos de patrocínio e para garantir que eles estejam alinhados com os valores e objetivos do nosso esporte - pedem as atletas na carta.
O vínculo assinado em abril tem duração de quatro anos e conta com valores em torno de 100 milhões de dólares por ano (cerca de R$ 570 milhões na cotação atual). Ele dá direito à Aramco vincular sua imagem à Copa do Mundo de 2026 e ao próximo Mundial feminino, eu que será disputado no Brasil em 2027.
As jogadoras acusam as autoridades sauditas de estarem praticando o chamado sportwashing, que é quando um governo ou empresa passa a investir no mundo esportivo na tentativa de desviar a atenção ou melhorar sua reputação desgastada por ações vistas de forma negativa pelo público.
O texto traz como exemplo diversos casos de violação aos direitos das mulheres e à liberdade de expressão cometidos pelo governo da Arábia Saudita.
- Este é um regime que, em janeiro de 2023, condenou Salma al-Shehab, uma estudante de doutorado de Leeds (Reino Unido), higienista dental e mãe de dois filhos, a 27 anos de prisão, seguidos de 27 anos de proibição de viajar, por retweetar mensagens a favor da liberdade de expressão. É um regime que só permitiu que as mulheres dirigissem em 2018 e, mesmo assim, prendeu as mulheres que lutaram por esse progresso, submetendo-as a assédio sexual e tortura durante os interrogatórios. As que foram libertadas ainda estão sob proibições de viagem e enfrentam restrições à sua liberdade de expressão, incluindo a ativista dos direitos das mulheres Loujain Al-Hathloul e sua família - apontam as jogadoras.
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Além disso, as atletas também questionam a baixa presença de mulheres no Conselho da entidade e ponderam sobre como a composição dos grupos responsáveis pelas tomadas de decisão afetam a escolhas feitas.
- As decisões recentes da Fifa são tomadas por um Conselho de 37 membros, dos quais apenas 8 são mulheres (22%). Essas são decisões feitas por homens privilegiados o suficiente para não serem ameaçados pelo tratamento que as autoridades sauditas dão às mulheres, à comunidade LGBTQ+, a migrantes, minorias ou àqueles cujos presentes e futuros estão mais ameaçados pela mudança climática.
Clique aqui e confira a carta das atletas na íntegra.
Como resposta à carta, a Fifa falou ao jornal inglês The Guardian sobre a importância do patrocínio da Aramco e disse que as receitas vindas dos patrocinadores são fundamentais para os investimentos da entidade.
- As receitas de patrocínio geradas pela Fifa são reinvestidas no jogo em todos os níveis e o investimento no futebol feminino continua a aumentar, incluindo para a histórica Copa do Mundo Feminina de 2023 e seu novo e inovador modelo de distribuição - declarou a entidade.
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