Qual a importância dos jogadores sobre o veto à grama sintética no Brasileiro?

Enquanto alguns clubes e parte da imprensa critica, raros atletas questionam a qualidade do piso artificial na Arena da Baixada

Grama sintética na Arena da Baixada
Grama sintética na Arena da Baixada. (Geraldo Bubniak/AGB)

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A polêmica proibição da grama sintética a partir do Campeonato Brasileiro de 2018 ainda pode ser alterada, mas a maioria dos clubes, em fevereiro, decidiu pelo veto devido ao "desnível técnico" que proporciona, em Conselho Técnico da CBF. O curioso é que a alegação está partindo de quem não joga, enquanto os jogadores têm pouca relevância na questão.

A Arena da Baixada, do Atlético-PR, é a única praça esportiva entre as Séries A e B que possui o grama artificial, inaugurada na Primeira Liga do ano passado, diante do Criciúma. O desempenho no estádio mostrou uma equipe forte, chegando à final desta competição, além do título paranaense e da vaga para a Copa Libertadores deste ano ao terminar o Brasileiro do ano passado em sexto lugar.

O argumento de favorecimento, entretanto, não compactua com o histórico do Furacão em sua casa. Desde 1999, quando o Joaquim Américo virou a Arena, o time rubro-negro tem uma média de 70% de aproveitamento. Os melhores foram em 2001 (79%), 2005 (79%), 2016 (78%), 2004 (77%) e 2010 (77%) - e isso leva em conta todos os torneios disputados.

Durante esse período da grama sintética, as reclamações não partiam de jogadores e sim da imprensa e de raros técnicos, como Abel Braga e Jair Ventura. Na busca por reportagens de atletas, o atacante Marcos Júnior, do Fluminense, disse que o "campo não ajudou muito", mas evitou colocar a culpa no gramado após a derrota. Já o zagueiro Réver, do Flamengo, alega que o "gramado em que o adversário está mais acostumado logicamente que também acaba pesando um pouco contra a nossa equipe" antes do jogo. Muito pouco.

Em entrevista ao Boa Noite Fox, da Fox Sports, desta segunda-feira, o meia Sornoza, do Fluminense, comentou que atuou diante de equipes mexicanas e o gramado artificial agradou - vale lembrar que o tipo desta grama é inferior ao do estádio rubro-negro e já foi criticado por times brasileiros. Já o meio-campista Tchê Tchê, do Palmeiras, foi na mesma linha. O Porco, aliás, tem interesse em utilizar esse piso no Allianz Parque. Ao lado do time paulista e do próprio Atlético-PR, mais três equipes votaram a favor da grama sintética: Bahia, Coritiba e Sport.

- A bola corre bastante, é mais difícil o domínio, mas a qualidade do gramado é muito boa - elogiou o atleta na entrevista.

Em conversas informais com a reportagem, que variam entre Paraná, Coritiba e Londrina, a aprovação da grama sintética é quase unânime entre os jogadores. Os profissionais citam que existe uma diferença de velocidade e tempo de bola, mas a adaptação é feita em minutos dentro do jogo - variando, claro, da qualidade de cada um. Os elogios também são constantes.

Por outro lado, raros foram os casos em que alguém do clube, leia-se dirigente, questionou a qualidade ou aprovação do piso artificial a eles. Assim, o poder de veto à grama sintética é dado a quem se baseia, basicamente, de uma opinião única e pessoal, sem as variantes de profissionais do futebol. E pior, o clube sequer ouve quem deveria ser o principal personagem na questão: o elenco de atletas. O L! apurou que o próprio Furacão deve encomendar e utilizar uma pesquisa com jogadores que atuaram na Arena da Baixada para referenciar a qualidade do gramado.

- Não seriamos levianos de investir o que investimos se fosse pra tirar (a grama sintética) - falou Petraglia, mandatário do Furacão

- Vamos preferir punir um clube que se tem estrutura? Que é organizado? Que tem uma infraestrutura extraordinária? Acredito na capacidade de entender aquilo que é bom ou mau. E que o Atlético-PR continuará com seu excelente gramado - questionou Paulo Autuori à Fox Sports, no mesmo programa.

Sem apoio da Fifa, que não interfere no assunto, como já foi em Portugal com o Boa Vista-POR, o Furacão aposta em uma solução política, nos bastidores, para conseguir reverter o cenário. Com investimento superior a R$ 4 milhões, entre a instalação na Arena e no mini-ginásio no CT do Caju, o time paranaense acredita que não terá prejuízo por confiar na permanência do gramado.

- A história vai resolver. Eu me nego a falar sobre grama sintética. Não seriamos levianos de investir o que investimos se fosse pra tirar. Acreditem, é só isso que eu peço - falou Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo, em uma transmissão pelo Youtube a um grupo de sócios, no final de março.

A proibição da grama sintética na Arena inviabilizaria eventos e prejudicaria o futebol do Atlético-PR. Sem o piso, o clube terá dificuldades em trazer shows que não prejudiquem o campo e ainda precisa gastar para voltar ao gramado antigo, historicamente conhecido por apresentar má qualidade por uma série de fatores (clima de Curitiba, rio que passa embaixo, alto custo de manutenção).

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