Vale muito! Veja rotas que Atlético-MG e Flamengo pegaram para almejarem títulos de ponta
Reestruturação marca finalistas da Supercopa do Brasil. Galo conta com mecenato e projeta se tornar sustentável. Rubro-Negro equacionou dívidas para hoje ter elenco forte
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A disputa da Supercopa do Brasil de 2022 eleva a rivalidade entre Atlético-MG e Flamengo para conquistas valiosas. Em campo, estarão dois clubes que encontraram caminhos diferentes para reestruturarem suas finanças e almejarem voos maiores.
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FLAMENGO: DA 'CASA ARRUMADA' A CONTRATAÇÕES ARROJADAS
Ao ser eleito mandatário do Flamengo em 2013, Eduardo Bandeira de Mello traz uma visão sobre a gestão do clube. Inicialmente, o objetivo era reduzir as dívidas, que em 2012 giravam em R$ 737 milhões.
Nesta conduta, o Flamengo abriu mão do ídolo Vagner Love, pois considerou que não conseguiria arcar com os salários do jogador.
Inicialmente, o Rubro-Negro apostava em jogadores mais baratos, mas formava equipes mais competitivas e consegue conquistar a Copa do Brasil do mesmo ano. Além da conquista do torneio, a arrecadação com sócios foi triplicada graças ao lançamento do programa Nação Rubro-Negra. O aumento das receitas deu brechas ainda em 2015 para chegarem jogadores considerados acima da média: um deles foi o atacante Guerrero.
A partir de 2016, ano da reeleição de Bandeira de Mello, o clube abriu mais espaço para investir no futebol. Diego foi a referência do Flamengo em um ano no qual o clube também trouxe nomes como Mancuello, Cuéllar e Alex Muralha. No ano seguinte, Everton Ribeiro foi o meia de alto nível de um clube que também trouxe Diego Alves, Renê, Berrío e Rhodolfo. Os atacantes Vitinho e Henrique Dourado foram as principais contratações de 2018
Além de aumentar seu faturamento, o clube vendeu por 45 milhões de euros a promessa Vinicius Júnior ao Real Madrid. As dívidas caíram de forma significativa.
Com a mudança na presidência em 2019, Rodolfo Landim optou por ser maiis arrojado no mercado contratações. O Flamengo acertou na temporada as contratações de Gabigol, Bruno Henrique, De Arrascaeta, Rodrigo Caio, Rafinha, Pablo Marí, Gerson, Filipe Luís e João Lucas.
Após conquistar o Campeonato Carioca sob o comando de Abel Braga, o Rubro-Negro foi ao exterior e contratou Jorge Jesus. O português conduziu a equipe ao esperado bicampeonato da Copa Libertadores e ao título do Brasileirão.
Com bom fluxo de caixa, o Flamengo conta com valores de patrocinadores, negociações de seus atletas e um bom equacionamento de dívidas para trazer seus atletas. Com isto, já garantiu mais títulos e a manutenção de seu elenco nos últimos anos.
O Rubro-Negro foi campeão em 2020 da Supercopa do Brasil, do Carioca e do Brasileirão. O 2021 no qual se limitou aos títulos da Supercopa do Brasil e do tricampeonato carioca não mudou o fôlego da equipe para novos desafios.
Em campo, chegou um zagueiro de alto nível como David Luiz. Na parte financeira, as dívidas reduziram de R$ 340 milhões para R$ 160 milhões. Enquanto isto, a projeção era de receita bruta na casa de R$ 1 bilhão e superávit de R$ 186 milhões.
ATLÉTICO-MG: QUATRO 'R's' E SONHO DE UM GALO FORTE VINGADOR
A guinada do Atlético-MG começou a acontecer no decorrer de 2020, com os "reforços" de quatro R's: Rubens e Rafael Menin, além de Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Os bilionários quiseram recuperar financeiramente o clube e montar equipes capazes de disputarem títulos de ponta.
Em 2020, chegaram à Cidade do Galo os atacantes Keno, Vargas, Diego Tardelli e Savarino, o lateral-esquerdo Guilherme Arana, o meia Alan Franco e o goleiro Éverson. Para a temporada seguinte, o clube perdeu Jorge Sampaoli, que aceitou a proposta de comandar o Olympique de Marselha. No entanto, teve alívio na folha salarial: o goleiro Victor, os atacantes Marquinhos, Marrony e Diego Tardelli e os zagueiros Bueno e Gabriel saíram do clube.
O Galo recorreu a Cuca como solução para a temporada de 2021. Já no mercado, chegaram os atacantes Hulk e Diego Costa, além do volante Tchê Tchê.
Em campo, os resultados foram os melhores possíveis. Além do esperado fim de uma seca de 50 anos no Brasileirão, o Galo levou para sua sede o título da Copa do Brasil, coroando uma temporada exemplar.
Por mais que tenha o aporte financeiro, o desafio dos investidores agora aumenta: o desejo é tornar o Atlético um clube autossustentável, capaz de caminhar sem ajuda do "mecenato" já em 2026. Um dos obstáculos é a dívida na casa de R$ 1,3 bilhão.
Uma das expectativas de evolução do Galo passa pela construção da Arena MRV, em terreno doado por Rubens Menin. O empresário, que tem empresas como a construtora MRV, o Banco Inter e a CNN Brasil, também bancará os "naming rights" do estádio.
OS DESAFIOS DOS RIVAIS QUE DISPUTAM A SUPERCOPA DO BRASIL
Sócio da Sports Value, Amir Somoggi reconhece que há poderio financeiro dos dois lados. Contudo, aponta o Flamengo como o modelo ideal para ser seguido.
- Os dois chegaram no topo, mas cada um construiu sua história. O Atlético-MG, há dez anos, estava afundado em dívidas, quebrado, sonhando com títulos. E o Flamengo buscou o caminho, que é o que acredito, que é da sustentabilidade financeira. Este caminho não precisa de um "mecenas", de um grupo, de investidor, depende de um modelo de negócios - disse.
Em seguida, Somoggi apontou desafios que o Galo tem pela frente para engrenar no futebol.
- O Atlético não encontrou ainda esse modelo de negócios, as dívidas não param de crescer... Estou curioso para ver o balanço de 2021, mas imagino uma dívida de R$ 1,3 bilhão e isso é a realidade. Como o clube vai se organizar aumentando a dívida de maneira desproporcional? O Atlético já tem o dobro da dívida do Flamengo. A situação é desequilibrada! Já houve uma melhora das receitas com marketing mas, mesmo assim, muito aquém - e frisou:
- É um desequilíbrio muito grande fruto do mecenato. O Palmeiras chegou à final do Mundial, o Atlético está dominando o cenário mas por ter muito dinheiro investido no clube sem orçamento do clube. O clube não gere receita e não usa esse direito. Se amanhã os 4 RS não saírem do Atlético, o clube não tem dinheiro para pagar conta de luz, o clube não dura três meses. Eles dizem que não vão sair, mas já vimos isso acontecer em outros clubes e o Atlético não está isento disso - completou.
O onsultor de gestão e finanças do esporte Cesar Grafietti, por sua vez, aponta outros contrastes no que Flamengo e Atlético-MG vislumbram para suas respectivas estruturas.
- Os dois clubes estão em momentos diferentes. O Flamengo é realidade, enquanto o Atlético é projeto. Mesmo com o Rubro-Negro não tendo vencido nada de relevante em 2021, seu orçamento segue com R$ 1 bilhão de receitas. O Galo tem um início de projeto vitorioso, mas ainda longe da estabilização - e destacou:
- O Atlético gasta bastante, mas ainda busca as consistência nas receitas nas receitas que o Flamengo já usufrui - complementou.
Grafietti ainda falou sobre cada caminho que as equipes trilham.
- Ambos possuem equipes caras e de bom nível. Porém, o Flamengo tem convicção de que suas receitas cobrem os custos. Já o Atlético ainda depende das conquistas e de fatores extraordinários para se equilibrar - disse.
O economista apontou os aspectos nos quais o Flamengo consegue se impor financeiramente.
- O clube tem possibilidades maiores de gastos, menos dívidas e um fluxo de caixa mais estábel. O Atlético ainda busca isso. Para conseguir, precisa equilibrar custos às receitas. Ainda gasta muito e precisamos considerar que as receitas estão positivamente impactadas pela conquistas. É sempre um risco - e alertou:
- É possível ser autossustentável, mas é provável que seja num nível abaixo da expectativa, ainda que isto signifique um salto em relação ao período pré-Menin - concluiu.
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