Sport x Inter: Neto Baiano comenta choque de culturas, pressão de torcidas e cenários nos clubes
Atacante tem 42 anos e segue em atividade

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Sport e Internacional se enfrentam neste domingo (25), às 16h, em um confronto decisivo pelo Campeonato Brasileiro. Para falar sobre o duelo, o LANCE! entrevistou Neto Baiano, atacante que defendeu as duas equipes, foi campeão pelo time pernambucano e carreira no currículo a experiência de ter disputado um GreNal.
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O artilheiro Neto Baiano fez história vestindo a camisa do Sport, clube que agora vive um momento delicado, ocupando a lanterna do Campeonato Brasileiro com apenas dois pontos. Do outro lado, o Internacional, que disputa três competições simultaneamente, também flerta com a zona de rebaixamento, fugiu do populismo das contratações em massa de técnicos estrangeiros no último ano.
Pressões diferentes: Sport busca a primeira vitória, enquanto o Inter divide atenções
O Sport amarga a última colocação do Campeonato Brasileiro com apenas dois pontos. Ainda sem vencer e com sete derrotas, mesmo que vença o Colorado, o Leão ainda não consegue escapar da zona de rebaixamento. Para Neto Baiano, o fato de jogar em casa pode ser decisivo para o clube vencer e buscar um novo começo na competição.
— Eu vejo a situação do Sport é meio complicada, na competição, não venceu ainda, dois empates, mas eu vejo a oportunidade muito grande para o Sport sair dessa situação, conseguindo essa vitória diante do Inter, ainda mais jogando em casa, na Ilha do Retiro, sabemos da força da torcida do Sport. Eu acho que Sport é a grande chance de sair vitorioso e recomeçar o Brasileiro — disse Neto Baiano.
Do outro lado, o Internacional segue vivo na Copa do Brasil, na Libertadores e, claro, no Campeonato Brasileiro. Diante desse cenário, o técnico Roger Machado busca um equilíbrio para manter o time focado em todas as competições. A resposta, no entanto, nem sempre aparece. Tanto que o Internacional flerta com a zona de rebaixamento e está a apenas um ponto do Grêmio, que ocupa uma das quatro últimas posições.

— Não acredito (que mais de uma competição atrapalhe). O Inter sabe que tem um elenco muito qualificado para jogar várias competições. Não acredito nisso que tira o foco de uma competição da outra. Sabemos que ele não está muito legal na competição nacional, mas é um time que eu tive vontade de jogar, pela grandeza que o clube é, pela grandeza também da torcida do Inter, que cobra muito. É um jogo também bastante delicado para o Inter, porque não está legal na competição nacional e eles precisam mostrar que já tem alguns jogos que não vêm legal nessa competição — explica.
A realidade é que, cada um em seu momento, Sport e Internacional convivem com a pressão por um desempenho melhor no Campeonato Brasileiro. Neto Baiano, no entanto, admite que o Sport vive uma situação mais delicada por ainda não ter vencido e ocupar a última colocação da tabela.
— Eu acho que o Sport chega mais pressionado. O Sport tem que mostrar, até porque é o último. A gente sabe que o Inter tem um elenco muito qualificado e é a oportunidade do Sport aproveitar o momento que o Inter está vivendo nessa competição e somar os três pontos. Eu acho que o Sport está muito mais pressionado do que o Inter — diz.
— A pressão da torcida do Sport está muito mais. Porque a gente só está, o Sport está com esse Campeonato Nacional, não está em outra competição. Então, a cobrança da torcida do Sport está muito maior do que na torcida do Inter. Esses dias agora a torcida do Sport já foi, já teve reunião com os jogadores e a cobrança lá é muito grande mesmo. Já tive a oportunidade de viver e de ver a cobrança da torcida lá. Peguei uma fase no Inter também que a torcida cobrou muito e então acho que as duas torcidas estão insatisfeitas — finaliza.
A presença dos técnicos estrangeiros
No Brasil, cresce a presença de técnicos estrangeiros, como os portugueses Pepa e António Oliveira, que comandaram o Sport em sequência, refletindo um movimento que também atingiu primeiro o Inter — que passou recentemente por treinadores como Diego Aguirre, Miguel Ángel Ramírez e Alexander Medina, até apostar no brasileiro Roger Machado para retomar a estabilidade.
— Depois que o Abel Ferreira chegou no Palmeiras, você vê que o Palmeiras mudou. O Palmeiras é um antes do Abel e outro depois do Abel, que é um português, é um cara que, quer não queira, todos os clubes cresceram o olho para escola de treinadores portugueses. Então, acho que eu vejo isso normal. Acho brasileiros vão para outros clubes também. Vai para a Ásia, já Luxemburgo mesmo já foi para o Real Madrid. Então, isso é normal. Espero que esse seja só aprendizado também para os brasileiros aqui, os treinadores brasileiros aprenderem, porque Abel hoje é nível de Seleção Brasileira, não sei por que não foi chamado — comenta o atacante.
Idolatria no Sport e pouco tempo no Internacional
Neto Baiano relembra que sua passagem pelo Internacional foi curta, mas marcante. Contratado após se destacar no São Caetano, indicado por Tite, o atacante teve poucas oportunidades no Colorado, mas chegou a disputar um clássico Grenal como titular. Segundo ele, o técnico Lori Sandri chegou a apelidá-lo de “coelho do Internacional”, por ter a função de desgastar os zagueiros antes da entrada de Oséas, atacante mais experiente. Ao todo, disputou apenas dois jogos pelo clube, segundo O SofaScore.
— Então, foi uma passagem muito rápida no Inter. Eu fui muito bem no São Caetano, fui indicado lá pelo Tite. Tive poucas oportunidades no Inter… mas joguei um Grenal como titular. Aí chegou o Oséas, eu como novo, e aí eu lembro como hoje que o Lori Sandri falou que eu era o coelho do Internacional, que eu entrei para cansar o zagueiro para o Oséas entrar (risos). Mas tinha uma proposta para ir para o futebol do Vietnã Me arrependo. Poderia ter ficado mais… depois que o Lori Sandri saiu e eu poderia ter um pouco mais de oportunidade com outro treinador, porque eu vinha treinando bem e tive poucas oportunidades porque tinha jogador de renome lá, tinha o Oséas. A gente sabe que, a gente novo, ainda tinha que esperar, mas eu acho que me precipitei um pouco em ter saído do Internacional. Poderia ter ficado mais um pouco e tinha certeza que ia ter mais oportunidade — diz Neto Baiano.

Pelo clube do Recife, no entanto, a história foi diferente. Neto Baiano chegou, rapidamente se firmou entre os titulares e fez história com a camisa do Sport, conquistando a Copa do Nordeste e o Campeonato Pernambucano.
— Então, minha história no Sport foi muito bonita. Muito bonita mesmo. Eu estava no Goiás e Geninho me ligou, e prontamente eu falei que eu ia para o Sport. Não foi o Sport que me escolheu para jogar lá, foi eu que escolhi jogar no Sport. E acho que foi um dos maiores acertos na minha carreira jogar nesse grande clube que é o Sport. É o clube que, graças a Deus, consegui ganhar a Copa do Nordeste, ganhar o Pernambucano, subir para a primeira divisão com o Sport. Então, tenho uma história bem legal. Acho que sou muito grato a Deus de ter tido essa oportunidade de vestir aquela camisa e ficar marcado na minha carreira. Jogar no Sport para mim foi uma coisa muito importante para a minha vida. Só sou muito grato a Deus por ter vestido essa camisa — comenta.
— Então, cheguei no Sport em 2013 e o Sport estava na Série B. Minha história começou ali, de felicidade, consegui o acesso com o Sport. No outro ano, eu pude renovar o meu contrato com o Sport. E aí, o ano de 2014 foi um ano só de felicidade, só de alegria, porque foi uma passagem assim que ficou marcada. Conseguimos, junto com o grupo, não foi só o Neto Baiano, foi o grupo, conseguimos o título do Pernambucano, conseguimos o título da Copa do Nordeste e fizemos o Brasileiro da Série A. Então, eu sinto que minha passagem pelo Sport foi uma coisa de Deus mesmo, sabe? De Deus. E fez com que eu fizesse tantas coisas e me tornasse, não me sinto ídolo, mas me tornasse um cara que hoje é amado pela torcida, um cara que hoje chega no estádio, a torcida grita meu nome. Então, isso faz com que eu me sinta um cara realizado por ter jogado no clube que hoje eu sou torcedor, que eu amo de coração. Então, para mim, o Sport é tudo — completa.
Neto Baiano também recorda as diferenças culturais que encontrou ao defender Internacional e Sport. Chegou muito jovem ao clube gaúcho e percebeu logo o contraste com sua origem nordestina. Enquanto no Sul encontrou um povo mais fechado e sério, em Recife se deparou com um ambiente mais descontraído, cheio de resenha e brincadeiras.
— Então, cultura totalmente diferente. Eu fui muito novo para o Inter. Tive boas amizades no Sul, mas a cultura é totalmente diferente. O Sul, aquele povo mais fechadão, mais sério. E no Nordeste, em Recife, aquele povo mais descontraído, mais da resenha, mais da brincadeira. Então, acho que as duas culturas me ensinaram muito, tanto a do Sul quanto a do Nordeste. Já sou nordestino, então aprendi muito. A camisa do Internacional é pesadíssima. Campeão do mundo, clube gigantesco. E a camisa do Sport também, cara, campeão da Copa do Nordeste, campeão da Copa do Brasil, campeão do Brasil de 87. Então, são duas histórias lindas de dois clubes gigantes do Brasil. Eu sou muito feliz por ter feito parte desses dois grandes gigantes do Brasil — finalizou.
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