‘Nós acreditávamos que a CBF teria o bom senso de cancelar o jogo’: o drama do São Bento na Série C

Com 15 desfalques após surto de Covid-19, time entrou em campo na última segunda-feira com apenas um jogador no banco e precisou improvisar até goleiro no ataque

Protesto São Bento x Criciúma
Antes de a bola rolar, jogadores do São Bento protestaram contra a CBF (Foto: Neto Bonvino/EC São Bento)

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Na última segunda-feira, o São Bento protagonizou um feito inusitado e histórico para o futebol brasileiro. A equipe sorocabana entrou em campo para enfrentar o Criciúma, pela Série C do Campeonato Brasileiro, com apenas um jogador no banco de reservas. Isso aconteceu porque o time foi ao jogo com 21 desfalques (15 jogadores diagnosticados com coronavírus, dois com suspeita, três no departamento médico e um jogador suspenso).

O Bentão ainda tentou adiar a partida horas antes, mas a CBF negou o pedido. O protocolo da entidade impede que um clube peça o adiamento de uma partida caso tenha ao menos 13 jogadores aptos para entrar em campo. Com apenas 12 jogadores à disposição, Lucas Macanhan, o goleiro reserva da equipe, entrou no segundo tempo para jogar na linha. Apesar de todas as dificuldades, o São Bento ainda conseguiu sair com um empate por 0 a 0.

O LANCE! conversou com o clube para saber mais sobre esse drama vivido e questionar a possibilidade de mais algum recurso ou liminar junto à CBF.

- O jogo se encerrou dentro do campo. Jogamos os 90 minutos, recebemos a súmula e ganhamos um ponto. Não vamos entrar com mais nenhum recurso, o caso está encerrado – afirmou a assessoria do São Bento, ao LANCE!.


Além da diretoria e comissão técnica, muitos jogadores ficaram assustados com a decisão da CBF, e o clima de tensão predominou antes da partida.

- Nós acreditávamos que a CBF teria o bom senso de cancelar o jogo. A situação que o mundo todo vive é muito complicada, mas a entidade máxima do nosso futebol está preocupada só com uma partida – desabafou o zagueiro Douglas Assis. capitão do São Bento na partida contra o Criciúma.

Já no gramado, os jogadores fizeram um protesto contra a instituição, usando máscaras e se ajoelhando antes da bola rolar.

- Quando recebemos a notícia de que teríamos que entrar em campo, ficamos assustados, mas assumimos a responsabilidade. Tivemos apenas quatros dias de treinamento. Não tinha ninguém para treinar, apenas 10 jogadores. O vestiário estava vazio. Muitos jogadores tiveram que atuar em posições improvisadas. Até foi preciso chamar um menino da base que estava há um mês sem treinar e seria emprestado. Então, acho que a maior dificuldade foi saber que não teria substituição e que precisaríamos jogar até o final. Mesmo assim, entramos de cabeça erguida e conseguimos o empate, que nos dá esperança para a sequência do campeonato – disse Douglas Assis.

São Bento
Banco contou só com um atleta (Foto: Neto Bonvino/EC São Bento)

O time de Sorocaba foi para o jogo na lanterna do grupo B do Brasileirão. Com o empate, a equipe subiu uma posição. Agora, o time aposta na superação da adversidade como motivação para voos mais altos.

- Dessa partida, eu tiraria duas lições. A primeira é que a gente não pode desistir, porque a qualquer momento pode surgir uma oportunidade única. A segunda é que tudo na vida temos o poder de superar, não importa qual seja a adversidade. Isso nos deu motivação para seguir lutando e deixar o São Bento na Série C, que é o nosso maior objetivo do momento – finalizou Douglas.

Nesse momento, o time volta suas atenções para a próxima partida da competição nacional, já neste domingo, às 16h30 (de Brasília). A expectativa é de uma recomposição do time titular.

- Os 12 primeiros jogadores testados voltam para enfrentar o Ypiranga. Após dez dias de teste, eles voltarão a treinar nesta sexta e viajamos no sábado. O jogo será realizado normalmente. Apenas Juan, Alisson e Dogão não retornam ainda, pois não completaram o período de isolamento – informou o clube.

O São Bento viaja até Erechim, Rio Grande do Sul, para enfrentar o Ypiranga, pela 13ª rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. Na bagagem, a esperança de dias melhores e mais força para lutar após todo o ocorrido.

* Sob supervisão de Vinícius Perazzini

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