Maracanã termina 2016 com interrogações, sem dono e inseguro

Estádio não terá mais jogos oficiais neste ano. Ninguém quer gastar muito com ele. Na segurança, por exemplo, redução de efetivo deixa estádio sujeito a invasores e furtos

Como o tour do estádio não acontece, o jeito é tirar foto em frente ao Maracanã
 (Foto: Igor Siqueira)

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O ano começou cheio de incertezas e está terminando de forma melancólica. Assim foi o 2016 para o Maracanã. Por mais que a magia dos Jogos Olímpicos tenha pairado sobre o estádio, os problemas são quase incontáveis, a ponto de a temporada acabar sem que o estádio tenha, de fato, um dono e com o saldo nove jogos de futebol envolvendo os clubes do Rio.

O governo do estado não quer o estádio, a Odebrecht tampouco, há dívidas da Rio-2016 a serem pagas, há um hiato na administração. O jeito foi fazer um acordo com a CSM para ser a responsável pelos eventos neste fim de ano.

O gigante que deu R$ 173 milhões de prejuízo cumulado nos últimos três anos agora virou motivo para corte de gastos. E isso afeta diversas áreas, entre elas a segurança. Segundo um relato de um profissional do setor ao LANCE!, os plantões em dias normais, sem eventos, antes tinham um efetivo de 41 seguranças privados. Agora, são só quatro, que se concentram nos principais portões de acesso: o 2 e 3. Com isso, os casos de invasão têm aumentado. Objetos na área externa estão “sumindo”. Já levaram, por exemplo, janelas da bilheteria 1.

O espaço no qual estruturas temporárias para Copa e Olimpíada foram alocadas virou estacionamento para o público. Quem quiser pode colocar o veículo lá pelo preço de R$ 10.

Sem contar as partidas pela Rio-2016 e as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, o Maracanã recebeu oito partidas de futebol na temporada, sendo duas finais do Carioca, dois do Fluminense, quatro do Flamengo e mais uma do Vasco, Um terceiro jogo do Tricolor ocorreria neste domingo, pela última rodada da Série A, mas o jogo foi transferido para Edson Passos.

O Maracanã tem um público total de 364855 pagantes em 2016 e uma arrecadação acumulada de R$ 15.496.783,00. Em média, 40539 pagantes/jogo e receita bruta de R$ 1.721.864,78/partida.

Mas como será em 2017? É a pergunta do milhão. Ou melhor. De milhões de torcedores.

EVENTOS AMENIZAM DEPRESSÃO NO FIM DE ANO


O Maracanã só não vira uma “cidade fantasma” porque o estádio ainda é procurado para ser palco de eventos particulares, como peladas e festas. Nesta terça-feira, por exemplo, aconteceu a décima edição do Torneio Gol de Letra, da instituição que tem como capitão o tetracampeão Raí.

A Fundação precisou alinhar com a CSM a realização do evento e pagou as despesas com a inscrição das seis empresas que participaram da competição, entre elas a GL Events, que, por sinal, está no bloco da própria CSM e do Flamengo na tentativa de ficar com a concessão do estádio.

No dia 28, outro evento está previsto: o Jogo das Estrelas, organizado por Zico. A partida amistosa teve o aval do Governo do Rio e servirá como homenagem à Chapecoense e às vítimas da queda do avião.

EMPURRA-EMPURRA NOS BASTIDORES


Governo do Rio, Comitê Rio-2016 e Odebrecht estão em uma discussão que ainda não tem resolução por causa do Maracanã. A concessionária se recusou a receber o estádio de volta porque alega que o complexo (inclusive o Maracanãzinho) não estão nas mesmas condições que foram entregues ao Comitê, em março. Entre as principais pendências estão as contas não pagas (energia, água, telefonia) e a ausência de um laudo que ateste o estado da cobertura, exposta a quatro queimas de fogos.

Clubes estão em meio à incerteza sobre o futuro do estádio. A nova licitação não se concretiza, tampouco a concessão foi repassada para novos empresários. Nesta terça, o Flamengo emitiu uma nota cobrando posicionamento do governo do Rio sobre o assunto.

UM POUCO DO ANO DO MARACANÃ

Desmanche

A Concessionária resolveu demitir 75% dos funcionários logo no dia 5. O corte foi como forma de preparação para o período de administração da Rio-2016. As demissões inviabilizaram jogos do Carioca no estádio, menos as finais.

Troca de mãos
Em fevereiro, o Maracanã recebeu o show dos Rolling Stones. Em março, a Concessionária passou o estádio ao Comitê Rio-2016. Em maio, a Ferj teve a permissão para organizar as finais do Estadual entre Vasco e Botafogo.

Cerimônias
O Maracanã foi palco das cerimônias de abertura e encerramento da Rio-2016, além de quatro partidas do torneio de futebol. O Brasil foi ouro lá. Mas o gramado pagou o preço: um buraco foi feito no centro do campo para acoplar um robô.

Dívidas
O Comitê Rio-2016 não conseguiu pagar todas as dívidas geradas nos Jogos. Houve uma extensão do período sob controle do Comitê, que conseguiu ajeitar minimamente o local para realização dos jogos dos clubes no Brasileiro.

Sem dono
A Odebrecht e o governo não se entenderam sobre o fim da concessão. A FGV, que também faz estudo de viabilidade de nova licitação, faz arbitragem da separação. Há dois blocos interessados: um liderado pela CSM e outro pela Lagardère.

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