Luiz Gomes: Dérbi às 19h, Fla para SP… É momento de mudanças na TV
O mundo, definitivamente, está mudando quando o assunto é transmissão de futebol

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E a TV Globo, quem diria, alterou sua tradicional programação de domingo para mostrar Corinthians e Palmeiras hoje à noite, com início às 19h (de Brasília). E, sem jogos de clubes de São Paulo, exibiu Flamengo x Emelec na quarta-feira inclusive para a capital paulista, algo absolutamente não usual na política da emissora. Sim! O mundo, definitivamente, está mudando quando o assunto é transmissão de futebol. A diversidade de canais e plataformas é a bola da vez. E isso é bom. Pode ser ainda melhor se as entidades e, principalmente, os clubes, souberem aproveitar essa onda.
Agora, para acompanhar o seu time, muitas vezes o torcedor tem de consultar a programação na internet para descobrir onde o jogo vai passar. Coisa que não acontecia nas últimas décadas quando a emissora líder detinha os direitos de todos os principais campeonatos, dos estaduais à Libertadores, passando pelo Brasileirão e a Copa do Brasil. Está certo que, por uma exigência do Cade - o órgão responsável pelo equilíbrio econômico em defesa do consumidor -, por vezes foi obrigada a compartilhar algumas competições com canais concorrentes, uma chicane para quebrar o que na prática constituía-se em um monopólio.
Ressalte-se aqui os méritos da Globo. A concorrência na verdade nunca teve competência para enfrentá-la de verdade. Tentativas anunciadas por emissoras como a Record ou o SBT não passaram de meras fanfarronices. Com tino e visão comercial e tratando o futebol, ainda que a seu modo, como um negócio, os negociadores globais sempre souberam aproveitar-se das fraquezas da cartolagem, transformando por exemplo o finado Clube dos 13, que deveria ter sido o embrião de uma liga nacional, em mera e insossa agência de negociação de direitos de transmissão.
Foi nessa época que institucionalizou-se uma negociação unitária de todos os tipos de direito - TV aberta, TV fechada, pay-per-view e internet – o que praticamente fechava o espaço para a entrada de novos players. Uma engenhosa política de antecipação de receitas de contratos futuros – hoje proibida pela lei que criou o Profut - tornava os clubes devedores permanentes, escravos virtuais dos detentores de direitos.
Foram mudanças na legislação, na realidade do mercado e na própria comunicação que começaram a transformar esse cenário, com o boom das redes sociais, inicialmente, e as plataformas de streaming, mais recentemente. Os clubes passaram a faturar mais, os valores dos contratos cresceram e o impacto chegou às confederações, como a CBF e a Conmebol, que, com maiores investimentos, aumentaram premiações em torneios como a Copa do Brasil e a Libertadores, tornando-os mais atraentes.
Ver jogos por "canais alternativos" como o Twitter ou o Facebook ou por plataformas como o Dazn, que mostra os jogos do Corinthians na Copa Sul-Americana, entre outros, é algo cada vez mais usual. A goleada de 6 a 1 do Flamengo sobre o San José (BOL), transmitida com exclusividade pelo Facebook Watch na primeira fase da Libertadores, bateu a casa de 1 milhão de visualizações simultâneas, um recorde histórico de audiência nessa mídia. Isso demonstra que acabou não apenas o monopólio de uma emissora, mas da própria televisão convencional como meio de exibição do futebol. Mas ainda há muito a fazer. E os clubes ainda têm muito a ganhar.
Por que não deixar a rivalidade clubística dentro das quatro linhas e tratar de negócios de forma conjunta, melhor ainda se através de uma liga independente? A lógica é simples: quanto mais fragmentados forem os canais de distribuição, quanto mais unidos forem os clubes ao fazer negócio, maior valor terão os direitos. Isso, mostra a experiência europeia, aumenta as receitas e, se houver equilíbrio entre as cotas distribuídas – melhora o nível técnico das competições, proporciona mais público nos estádios e faz crescer, consequentemente, as verbas dos contratos de patrocínio. Um admirável círculo virtuoso.
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