Luiz Gomes: ‘A CBF é a vilã, Pedro e o Flamengo têm razão’

Convocação do atacante para Tóquio acarretou em embate entre clube e confederação

Pedro Seleção
Pedro está no meio de uma batalha entre Flamengo e CBF (@lucasfigfoto / CBF)

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O Flamengo tem razão em resistir à convocação de Pedro para Olimpíada de Tóquio. Afinal, o investimento de R$ 90 milhões para a contratação do jogador justifica que o clube queira aproveitá-lo como, onde e quando bem entender. E isso só quem tem de decidir é a diretoria de futebol do rubro-negro e, em última instância, o técnico Rogério Ceni.


Nem o discurso de que Pedro é reserva de Gabigol e que por isso não faria tanta falta se aplica. Primeiro porque em boa parte a ausência dos dois vai coincidir. E depois, os números comprovam, mesmo saindo do banco com frequência o atacante tem sido decisivo em muitos confrontos. É um goleador na essência.

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Pedro, que saudou sua convocação nas redes sociais, postando inclusive uma foto com a camisa da seleção como se comemorasse um gol, também tem razão de querer ir à Tóquio. Disputar uma Olimpíada é uma experiência única, um sonho para qualquer atleta - mesmo essa turma do futebol, uma gente que já é consagrada e costuma viver em um mundo particular.

Mais do que isso, nos gramados japoneses Pedro teria a chance de ser, talvez ao lado de Daniel Alves, o ator principal, o protagonista de uma possível conquista da medalha de ouro, repetindo o feito e exercendo o papel de líder como Neymar na Rio-2016. E isso é um baita currículo, uma valorização de alguns milhões de dólares ou de euros no seu valor de mercado e, consequentemente, no que ainda vai faturar na carreira daqui para frente.

Dito isso, as razões de cada lado, como fica a CBF? Ora, o que menos importa nesse imbróglio é a posição da CBF. O atacante é (ou seria) importante às pretensões de conquistar o bi olímpico? Claro que sim. Mas isso não deve bastar para tirá-lo do Ninho do Urubu. Em última análise a CBF é a única parte que não tem razão nessa história. É a única responsável pela confusão que se estabeleceu em torno da Seleção olímpica. E por que?

As Olimpíadas, assim como as datas Fifa, Copa do Mundo, suas eliminatórias e amistosos, seguem o calendário europeu. Aliás o calendário que também é asiático e de boa parte dos países da América Latina. Isso significa que não há campeonatos rolando, no máximo uma parte de pré-temporadas, quando esses jogos são disputados. O que evita maiores prejuízos para os clubes que cedem jogadores às seleções. Esse ano - é justo registrar - até há uma excepcionalidade por conta da pandemia. Mas esse tipo de problema se repete por aqui, a cada convocação, mesmo em tempos de normalidade. É crônico e não eventual, fruto do calendário jabuticaba que mantém campeonatos rolando mesmo com a seleção jogando.

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A CBF jamais se importou com os clubes - e essa é a verdade absoluta, a dura realidade do futebol tupiniquim. A entidade, afundada na dinastia Teixeira-Marin-Del Nero e nos abusos de Caboclo, só tem olhos para o próprio umbigo e os interesses de sua cartolagem. Isso passa pela Seleção, ou melhor, pelo que a Seleção pode render para seus cofres, ainda que às custas da perda de prestigio internacional e, principalmente, de alimentar uma rejeição crescente do torcedor pela camisa amarela. Uma coisa tem a ver com a outra mas isso pouco importa para essa gente.

O final dessa briga entre Flamengo e CBF ainda é incerto. E passará por decisão do STJD, com se sabe. No momento em que os clubes se unem para tentar outra vez criar uma liga independente e comandar seu próprio destino, a gestão de Rodolfo Landim, sempre marcada pela arrogância e o individualismo nas tomadas de posições, precisa vestir as chuteiras da humildade e do bom senso, qualquer que seja o resultado do embate. Trazer o assunto à tona e peitar a CBF já foi, por si só uma vitória. Que precisa ser dividida com todos e não servir à imposição, ao discurso da superioridade rubro-negra, tão caro a Landim e sua trupe.

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