Futebol Nacional

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

A importância de Mário Filho na construção do Maracanã e da memória do futebol brasileiro

Jornalista e escritor mobilizou a sociedade pelo projeto do estádio pelo qual o futebol brasileiro é conhecido e, através de suas obras, construiu a memória do esporte nacional

O jornalista e escritor Mário Filho, que dá nome ao Estádio do Maracanã (Foto: Reprodução)
Escrito por

"O povo carioca deve ao dinamismo e à luta de Mário Filho a construção e conclusão das obras do Estádio do Maracanã e nada mais justo será que se dê àquela praça de esportes o seu nome". Foi com estas palavras que o então deputado Jamil Haddad justificou e, com todos os votos da Assembleia Legislativa do antigo Estado da Guanabara, em 1966, aprovou o projeto de lei que deu o nome de Mário Filho ao histórico palco carioca. A homenagem aconteceu nas semanas seguintes ao falecimento do jornalista e escritor pernambucano, idealizador do Maraca do jeito que o mundo conhece.

Desta forma, a repercussão ao projeto de lei aprovado pela Alerj nesta terça-feira, que rebatiza o Maracanã como "Edson Arantes do Nascimento - Rei Pelé" é grande, com mobilização popular para que o governador Cláudio Castro vete a decisão. Ao liderar a campanha pelo estádio, Mário Filho está ligado ao futebol brasileiro. Como escritor e jornalista, à construção de sua memória.

A LUTA DE MÁRIO FILHO PELO MARACANÃ COMO ELE É

Como diretor do "Jornal dos Sports" e redator do "O Globo", Mário Filho defendeu a viabilidade do projeto do estádio. A resistência, como registrado nos jornais da época, vinha de parte dos intelectuais cariocas e também de  políticos. Enquanto o jornalista fazia campanha pela construção do Maracanã na Tijuca, no local em que operava o antigo Derby Club, destinado às corridas de cavalo, o vereador e futuro governador da Guanabara Carlos Lacerda queria que o estádio fosse construído em Jacarepaguá, bairro na Zona Oeste do Rio, e com uma capacidade menor - cerca de 60 mil lugares - em razão dos custos.

- Razões sem conta eram apresentadas contra a ideia de construção do Estádio Municipal, desde as que davam o empreendimento como impraticável até as que se insurgiam contra uma obra falsamente apontada como suntuária. Faltava, evidentemente, uma ação ordenada e segura que mostrasse a ausência de fundamento de tais alegações e deixasse claro não apenas a necessidade como também a possibilidade da construção. Foi esta a tarefa a que se dedicou, nos últimos meses, o nosso companheiro Mário Filho, através das colunas d'O Globo e do "Jornal dos Sports". Numa série de artigos e de entrevistas definiu, com segurança e objetividade, uma matéria sobre a qual reinava muita confusão. E o mais interessante é que, à medida que avançava a campanha, o projeto a princípio, aos olhos de muitos, impraticável, se revelava coisa viável e vantajosa, e, portanto, merecedora do melhor apreço da administração pública - publicou o jornal "O Globo", em 31 de julho de 1947.

A mobilização pela construção do estádio começou em 1943, quando o presidente da Fifa Jules Rimet manifestou a intenção de realizar a Copa do Mundo fora da Europa, por conta da Segunda Guerra Mundial, e o Brasil surgiu como principal candidato, desde que fosse realizada uma grande obra. Em 1944, o projeto do "Estádio Nacional", que venceu o concurso promovido pelo governo, foi apresentado. Nos anos seguintes, a campanha de Mário Filho foi responsável pelo convencimento de importantes setores da sociedade carioca.

A pedra fundamental do empreendimento - agora como Estádio Municipal - foi lançada em 20 de janeiro de 1948, com as obras sendo iniciadas em 10 de agosto e concluídas apenas após a disputa da Copa do Mundo de 1950.

O FUTEBOL BRASILEIRO CONTADO POR MÁRIO FILHO

Dentre os livros escritos por Mário Filho, "O negro no futebol brasileiro" é fundamental na história do futebol no Brasil. O início, a construção, o lado sociológico no início do século passado, no Rio de Janeiro. E como o futebol se tornou elemento de destaque no imaginário e na cultura nacional, o contexto social daquela época, transcrito por Mário Filho, se tornou um documento histórico. Histórico como o autor.

Tão importante que na quinta edição do livro, publicada pela editora Mauad X, há registros de figuras como João Máximo e Gilberto Freyre em edições anteriores. Bastiões da cultura brasileira reconhecendo o futebol como elemento básico para o país e, por consequência, Mário Filho também.

No jornalismo, o homenageado de 1966 é considerado um marco no estilo adotado para contar as histórias dos jogos de futebol. A imprensa do Rio - com a relevância de ter sido capital nacional - bebeu da fonte e assim contribuiu para apaixonar a população. Tão importante quanto o espetáculo em si é saber contá-lo. Mário Filho ensinou. Pelé, lenda de tamanho inestimável, teve história contada por linhas moldadas pelo jornalista-escritor.