Nova estrela da Premier League e jogador mais caro da história do Newcastle, Joelinton abre jogo ao L!

Atacante, que chegou à Inglaterra por quase 190 milhões de reais e estreou marcando pelos Magpies, fala sobre início no Sport e diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu

Montagem Joelinton
A VEZ DE JOELINTON: Brasileiro busca deixar sua marca nos gramados ingleses (Arte: Marina Cardoso/Lance!) 

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Há cinco anos, Joelinton entrava em campo contra o Fluminense, na Arena Pernambuco, em sua quarta partida como titular do Sport. Para escalar o jovem de 18 anos, Eduardo Baptista foi contra parte da torcida do rubro-negro, que naquela altura, preferia nomes como Neto Baiano e Leonardo. Naquela partida, no dia 23 de novembro de 2014, a cria da cidade de Aliança, interior pernambucano, marcou seu primeiro gol como profissional. Foi o bastante para que o ex-treinador do Leão fizesse uma aposta ousada - na época, tratada como chacota: “É jogador para Europa”.

E como é. Joeliton não só confirmou a previsão de Baptista, como, na terça-feira passada, deixou o Hoffenheim-ALE, seu primeiro clube no continente europeu, para tornar-se a contratação mais cara da história Newcastle, da Inglaterra,que desembolsou 40 milhões de libras (187, 6 milhões de reais, cotação no dia do anúncio). De questionado em Recife ao luxo na Inglaterra.

- O sentimento é felicidade, orgulho. É pensar em tudo que eu já passei e hoje estar chegando aqui. Tudo valeu a pena, e é só o começo. Estou feliz, motivado, espero retribuir toda confiança que o clube está investindo em mim. Todo carinho que recebi desde que cheguei. A responsabilidade é grande, mas estou confiante e preparado para assumir essa responsabilidade - garantiu o centroavante. 

As coisas, porém, nem sempre foram fáceis para Joeliton. O brasileiro de 22 anos deixou a casa aos 15, e passou o final da adolescência vivendo nas dependências do Sport. Pelo Leão, foram 38 partidas e sete gols como profissional até rumar para o Hoffenheim. Na Alemanha, nova dureza. Na primeira temporada na europa, o centroavante disputou apenas um jogo, e seguiu para um empréstimo de dois anos no Rapid Viena, da Áustria, antes de retornar ao clube alemão e destacar-se na temporada 2018/2019.

- O Sport tem uma boa estrutura, mas não é fácil dividir quarto com 14 garotos que estão ali pelo mesmo sonho. Nunca faltou nada lá, tínhamos comida, cama, mas não é o mesmo do que estar em casa. Quando fui para a Alemanha também não foi fácil, no primeiro ano. Estar em outra país, com outra língua, ficar sem jogar um ano, só treinando e indo pra casa. Tem vezes que você pensa: “O que eu estou fazendo aqui? Quero voltar para o Brasil”. Isso acontece com muitos garotos que vêm cedo para a Europa. As coisas não dão certo e você pensar em voltar, porque é o caminho mais fácil. Na Áustria também não foi fácil, numa liga menor. Mas valeu a pena, isso te dá mais força para crescer.
 dá mais força para crescer.

Nesta terça-feira, em amistoso contra o Hibernian, da primeira divisão da Escócia, Joelinton estreou marcando pelos Magpies. O clube alvinegro venceu os escoceses por 3 a 1, com o jogador marcando o primeiro gol dos ingleses na partida. 

Em 2014, na partida em que você marcou o primeiro gol como profissional pelo Sport, o Eduardo Baptista acabou fazendo uma previsão ao dizer que você tinha nível de Europa. O que você tem a dizer a ele hoje?
Ao Eduardo eu só tenho que agradecer, pelo cara que sempre foi comigo, que me deu a oportunidade de jogar como profissional. Um cara que sempre acreditou em mim, que me deu tranquilidade, que tirou pressão de mim. Foi fundamental na minha carreira. Se ele não tivesse me colocado para jogar, talvez eu não estivesse aqui hoje. Só tenho a agradecer a ele e a todo mundo no Sport.

O Newcastle foi o 13º colocado da Premier League na temporada passada, mas na imprensa inglesa, diz-se que o clube lutará contra o rebaixamento no campeonato que vem por aí. Em contato com o novo treinador Steve Bruce e com os dirigentes do clube, quais são as pretensões? Até onde esse Newcastle pode ir?
A gente sabe que o Campeonato Inglês não é fácil. Os jogadores que mais de destacaram saíram. São jogadores que vão fazer falta para o grupo. E os que estão aqui, disputaram o campeonato passado brigando para não cair. Cheguei agora junto com o novo treinador, mas a gente sabe que precisamos evoluir muito, precisamos trabalhar duro e pensar jogo a jogo. Temos que fazer da nossa casa nosso ponto forte. Não vamos pensar que podemos ser campeões, porque não é assim, mas pensando joga a jogo, veremos onde podemos chegar.

Você foi apresentado há uma semana, no St. James Park, estádio dos Magpies. O que está achando da cidade e da Inglaterra até agora? Como está a adaptação?
Até agora está bem tranquilo, não está muito frio, não tá chovendo muito... Tem uns espanhóis no grupo, dá para conversar, porque ainda não falo inglês bem. Tem um jogador que jogou comigo no Hoffenheim (Fabian Schar), o grupo me recebeu bem, é muito unido. A cidade também, é bem legal, os torcedores me receberam muito bem, desde o dia que eu cheguei. Até antes já estava recebendo mensagens, então, é um carinho bem legal.

É difícil falar na camisa 9 do Newcastle e não falar em Alan Shearer, maior artilheiro da história do clube e da Premier League. Você já deve ter ouvido muitas perguntas sobre isso…

E como! (Risos)

Você chegou a vê-lo jogar, ao vivo ou em vídeos? Acha que têm alguma característica em comum?
Nunca vi ele jogar, nem em vídeos. Mas a responsabilidade muito grande. É o maior artilheiro da história da Premier League, isso já diz tudo.

Quais são as diferenças entre o futebol alemão e o inglês, às quais você terá que se adaptar?
Acho que o futebol inglês é mais corrido, mais corpo a corpo. Na Alemanha o futebol também é muito intenso, mas aqui é ainda mais. O nível é mais alto, é a melhor Liga. Tenho que me adaptar rápido ao nível de jogo. Os jogadores têm um nível mais alto na maioria dos clubes.

O futebol brasileiro anda carente de centroavantes. Para a posição, a Seleção Brasileira, por exemplo, tem Jesus e Firmino, que não são camisas 9 clássicos. Você se considera este tipo de jogador? Agora no maior campeonato do mundo, como estão as expectativas para chegar à seleção do Brasil?
Posso falar que joguei minha vida toda de centroavante, desde a base, sempre joguei de número 9. Centralizado. Mas eu gosto de sair da área. Não gosto de ficar “paradão”. Mas também posso ficar mais na área caso o treinador precise, por eu ser grande, consigo segurar bem a bola para os jogadores que vem de trás. Mas sim, espero um dia chegar Seleção Brasileira. É o que todo jogador brasileiro sonha. Sei que aqui fica mais perto, por eu estar na melhor Liga do mundo. Sei que se eu fizer uma grande temporada com o Newcastle, pode surgir uma oportunidade. Não é fácil, porque o Brasil tem grandes atacantes, e eles estão aqui também (na Inglaterra). Mas acho se eu fizer uma boa temporada, pode surgir a chance.

No último ano, você trabalhou com Julian Nagelsmann no Hoffenheim, um treinador muito conhecido pelas invenções táticas, por ser muito estrategista. Como foi essa experiência?
Aprendi bastante coisa com o Julian. Já falei outras vezes, é o melhor treinador que eu já tive. Muito inteligente, taticamente, tira o melhor dos jogadores. É um cara com quem eu aprendi muito no último ano. Defensivamente, a trabalhar sem a bola, a me posicionar melhor dentro de campo para receber. Aprendi a jogar em outras posições. Tem vezes que me botava para jogar de ponta, e dentro do jogo me botava de número 9, de camisa 10. Ele mudava muito ao longo do jogo, as vezes até confundia (aos risos). Mas com isso, aprendi muito, a entender o jogo mais rápido. Ele fazia já nos treinos, e quando mudava, já sabíamos o que tínhamos que fazer.

Falando em treinadores, há um debate sobre a qualidade dos brasileiros em relação a estrangeiros. Para você, um jogador já rodado na europa apesar da pouca idade, quais as principais diferenças entre os treinamentos e os treinadores do velho continente e do Brasil?
O Brasil tem treinadores tão bons quanto tem aqui. E aqui também tem treinadores ruins. As vezes que a gente fala "ah, o Brasil está ultrapassado", mas acho que não é isso. No Brasil a pressão é maior. O Julian ficou três anos no Hoffenheim. Ele pôde passar sua filosofia, tiveram paciência com ele. E no Brasil não tem isso, se você não ganha, você não presta. E essa filosofia poderia mudar, não sei quando. As veze você precisa de tempo de trabalho, para conhecer o clube, e aqui se tem mais tempo. Além disso, aqui a gente treina mais. No Brasil, você treina menos, porque joga quarta e domingo, tem viagem... Na Europa, você tem uma semana toda, então os treinos são mais intensos.

E isso influencia na qualidade dos jogos...
Com certeza. Porque você tem uma semana para descansar, recuperar, treinar. Quando você chega no jogo, você está bem. Jogar quarta e domingo desgasta, o faz uma grande diferença.

Você pensa em retornar ao futebol brasileiro algum dia? Se sim, por qual time?
Sim, penso em encerrar a carreira no Brasil. Mas o futuro ninguém sabe, no futebol as coisas mudam muito rápido. Mas eu voltaria para o Brasil. Eu tenho um carinho muito grande pelo Sport, clube que me abriu as portas. Se fosse para escolher hoje, eu escolheria voltar para o Sport, para minha cidade, na minha família. Mas ninguém sabe o que pode acontecer em cinco, 10 anos.

Eu sei que você acabou de chegar a um novo clube, mas qual é o próximo passo? Qual o próximo objetivo? Uma artilharia da Premier League, talvez?
Quero fazer uma grande temporada, estou treinando para isso. Estou feliz por estar aqui, estou focado, motivado, espero me adaptar rápido. Espero começar bem a temporada. E igual ao time, vamos jogo a jogo, dar o meu melhor, fazer gols, e terminar a temporada bem.

Você é o primeiro pernambucano a jogar na Premier League. Qual a responsabilidade de carregar o nome do estado?
- Pernambuco teve grandes jogadores, Rivaldo, Juninho Pernambucano, Hernanes... Não procuro me colocar pressão por eu ser o primeiro. Sei que tenho responsabilidade aqui, o que eu tenho que fazer, mas não penso muito nisso.

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