Ao L!, especialistas criticam divisão das confederações das Américas: ‘Globalização de mão única’

Autores do artigo 'A Era dos Clubes de Futebol', Ricardo Góes e Pedro Trengrouse destacam que trabalhar a marca das equipes na América do Norte traria grandes benefícios

Uruguai x Brasil - Comemoração
'Na parte do continente que a gente joga, tem a Argentina, que é muito distante do ponto de vista do Brasil entre os que jogam na Conmebol. A gente acaba se nivelando por baixo', diz especialista Pedro Trengrouse (Foto: AFP)

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O coordenador acadêmico do curso de Gestão do Esporte da FGV, Pedro Trengrouse, não poupou críticas ao formato das competições continentais. Ao LANCE!, ele, que é um dos autores do artigo "A Era dos Clubes de Futebol", vê prejuízos desportivos e financeiros na "divisão" do continente Americano nos gramados.

- Temos a Confederação Asiática de Futebol (AFC), um continente inteiro com mais de 50 países, a CAF, com todos os países da África, a Europa, com todos os países disputando as competições. E quando chega o continente Americano, temos uma anomalia. A Concacaf é um continente dividido ao meio! A Conmebol também. O continente é a América, que tem 45 países, não a Conmebol com dez países e a Concacaf com 35! Qual é o reflexo disso? Não temos uma competição continental da América - afirmou.


Em seguida, Trengrouse ressaltou o potencial desperdiçado economicamente.

- O Brasil precisa se libertar da Libertadores, que é uma prisão no passado e na pobreza! Porque no nosso continente, o Brasil não tem nenhum mercado como complementação econômica. Não temos como aproveitar o mercado do Canadá, o mercado do México, dos Estados Unidos... Na parte do continente que a gente joga, tem a Argentina, que é muito distante do ponto de vista do Brasil entre os que jogam na Conmebol. A gente acaba se nivelando por baixo - e emendou:

- Caso a gente pudesse pensar, do ponto de vista econômico, em uma competição verdadeiramente continental, do Canadá ao Chile, com 45 países. Por que não? A Europa tem 50 países! É só organizar o calendário para que os times possam viajar. - completou.


O especialista se mostra frustrado com os rumos dos clubes nacionais.

- Vivemos uma globalização de mão única, onde o futebol brasileiro não tem mercado fora, seja na Europa, dos Estados Unidos, seja no mercado da América do Sul. Temos de pensar na libertação da Libertadores - detalhou.

Especialista em marketing esportivo e um dos autores do artigo, Ricardo Góes afirmou que houve uma tentativa de liga com clubes de toda a América. Porém, o projeto não foi à frente.

- Estamos embaixo de um dos maiores mercados do planeta, seria importante esta integração. Há alguns anos, uma empresa europeia teve a tentativa de criar uma competição verdadeiramente continental, do Canadá até a Argentina. Para mim, foi uma experiência especial, pois me reuni com o que tinha de mais antigo do futebol brasileiro - e frisou:

- Mas hoje é mais importante. Afinal, cinco, seis anos atrás, não tínhamos o desenvolvimento da MLS, que pela primeira vez parece que agora vai. Se agora for, não precisa ser nem o líder dominante. Se pegar 20 ou 25%, será importantíssimo. Caso haja chance de trabalhar nosso marketing nos Estados Unidos ou até no México, onde tem o América, Cruz Azul, tanta gente ficou surpresa com o resultado do Tigres (sobre o Palmeiras). Muitos falam: "ah, que tem uma empresa". A empresa que financia o time mexicano hoje é uma das maiores no ramo de cimento. Mesmo no México, você tem uma transformação no processo. Para nós, do Brasil, Argentina, seria uma chance muito interessante de trabalhar na América do Norte. É uma pena, seria um "upgrade" enorme este intercâmbio para todo mundo - completou.

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