Derby della Madonnina: a história por trás da rivalidade entre Milan e Inter

Clássico italiano agita semifinais da Champions League nesta quarta-feira

image_placeholder-1-aspect-ratio-512-320
Milan e Inter protagonizam semifinal europeia (Foto: GABRIEL BOUYS / AFP; ALBERTO PIZZOLI / AFP)

Escrito por

Depois de 20 anos, Milan e Inter de Milão voltam a protagonizar um mata-mata de Champions League e duelam por uma vaga na grande final, com o jogo de ida nesta quarta-feira, às 16h (horário de Brasília). Apesar de um pequeno período de ostracismo nos últimos anos em relação às competições europeias, as duas equipes parecem passar por um processo de ressurgimento nos últimos anos.

A Inter venceu o Campeonato Italiano na temporada 2020-21 e o Milan levantou o Scudetto já na temporada seguinte, ambos encerrando longos jejuns. Na Champions, temporadas sem figurar na competição foram substituídas por um processo de evolução de fase, que foi recompensado com um duelo que promete muita emoção nesta semifinal. Mas engana-se quem pensa que a história do embate se resume apenas aos últimos anos longe dos holofotes europeus. Por isso, o LANCE! preparou um especial contando a longa e agitada história do Derby della Madonnina.

+ 10% OFF nos mantos internacionais a partir de R$299,90 com o cupom: LANCEFUT

ORIGENS ENTRELAÇADAS
O Milan foi fundado em 1899 como um time de futebol e críquete por dois homens de negócios ingleses, Alfred Edwards e Herbert Kilpin. O clube, inicialmente, era comandado pelos ingleses e também por suíços e teve uma rápida ascensão. Por ser o único time com boa relevância de Milão, o monopólio na cidade era voltado para si e o nome em inglês se manteve, respeitando as origens. A primeira partida foi disputada em 1900 contra o Mediolanum, da mesma cidade, e campeonatos foram vencidos no começo da década. Porém, havia uma regra: apenas jogadores italianos poderiam atuar pela equipe, mesmo os donos não sendo italianos.

Uma revolta com esta regra foi causada em alguns sócios, que deixaram o clube em 1907 e tiveram a ideia de fundar um novo time, com ideais opostos aos do Milan. Nascia, então, a "Internazionale de Milano". A proposta era clara: o nome Internazionale mostrava que não havia restrições e pessoas de todos os lugares poderiam atuar pelo clube; e a palavra "Milano", já no idioma italiano, destoava do rival rossonero. Poucos meses depois, o primeiro amistoso entre as duas equipes era realizado. O Milan levaria a melhor por 2 a 1, no dia 18 de outubro de 1908, em Chiasso, na Suíça.

+ Saiba onde assistir, horário e escalações de Milan x Inter

DERBY DELLA MADONNINA
Com o passar dos anos, a rivalidade cresceu. Entre quedas e crescimentos nas primeiras décadas, Milan e Inter sobreviveram às duas Guerras Mundiais e cresceram a partir da década de 1950, acirrando a rivalidade. Batizava-se o duelo, então, de "Derby della Madonnina", traduzido como "Dérbi de Nossa Senhora".

Um dos pontos turísticos mais conhecidos de Milão, a Catedral Duomo, localizada na praça central da cidade, tem uma estátua na parte externa de sua cúpula. A estátua é de Nossa Senhora, conhecida na Itália como "Madona". Por isso, como Inter e Milan são referências da cidade como a estátua, o clássico foi apelidado de "Derby della Madonnina".

DISPUTA PELO ESTÁDIO
Uma das grandes questões que permeia os fãs de Milan e Inter é: San Siro ou Giuseppe Meazza? Afinal de contas, há um lado certo e um lado errado nesta disputa?

O Estádio San Siro foi construído entre 1925 e 1926 pelo ex-presidente do Milan, Piero Pirelli, e levava este nome devido à localidade, nos arredores do bairrro de San Siro. Porém, o pertencimento do estádio era também da Prefeitura de Milão e a Inter não teve motivos para se sentir acuada com o San Siro. Pelo contrário. Logo no jogo de abertura, o Derby della Madonnina configurou um 8 a 1 para os Nerazzurri, mesmo como visitantes, no dia 19 de setembro de 1926. A partir da década de 1940, a Inter também começou a mandar seus jogos no San Siro e pôde se sentir em casa.

Giuseppe Meazza/San Siro (Divulgação)
Giuseppe Meazza/San Siro é o estádio dos gigantes de Milão (Divulgação)

+ Confira os times italianos que foram mais longe em Champions neste século

Em 1980, devido à morte do ídolo da Beneamata e que também jogou pelo Rossonero Giuseppe Meazza, a Prefeitura decidiu rebatizar o San Siro para Estádio Giuseppe Meazza. Por ser mais identificado com a Inter, a nomeação ficou mais querida por alguns torcedores da Nerazzurra, enquanto o nome San Siro ficou para os milaneses. Não há, porém, uma regra quanto a isso: torcedores dos dois times chamam pelos dois nomes. Inclusive, a família de Meazza se sentiu desprestigiada ao ver torcedores da Inter chamando o estádio por San Siro e não pelo nome do ex-jogador.

DUELOS NO CAMPO
Ao longo dos anos, a Inter de Milão exerceu força sobre o Milan e tem a vantagem histórica no confronto. São 81 vitórias dos Nerazzurri contra 71 do Diavolo, e 67 empates em 219 partidas oficiais datadas de 1927 para a frente. Há registros de partidas não-oficiais anteriores, que totalizariam mais de 280 jogos, e o Milan toma à frente com 110 vitórias e 98 derrotas. Pela Champions, foram quatro jogos, mas o Milan leva a melhor, com dois empates e duas vitórias.

Em 2002-03, igualdades em 0 a 0 (Milan como mandante) e 1 a 1 (Inter como mandante) levaram o Rossonero à classificação para a final daquela temporada pelo gol fora de casa - mesmo os dois jogos tendo sido realizados no mesmo estádio - quando bateu a outra rival Juventus nos pênaltis. Dois anos depois, o duelo ocorreria nas quartas de final, mas com resultados diferentes. O Milan venceu a ida por 2 a 0 (Stam e Shevchenko). Na volta, o atacante ucraniano balançou as redes novamente e o 3 a 0 agregado se mantinha até os 27 do segundo tempo, quando rojões foram atirados pela torcida da Inter e atingiram o goleiro Dida, além de deixar o campo sem condições de jogo. O juiz puniu a Inter com WO e aumentou o agregado para 5 a 0.

As duas equipes decidiram a Copa da Itália em apenas uma ocasião. Na temporada 1976-77, Aldo Maldera e Giorgio Braglia fizeram os gols do título do Milan, na vitória por 2 a 0. As outras duas finais foram em recentes Supercopas da Itália: em 2011, Sneijder abriu o placar para a Inter, mas Ibrahimovic e Boateng viraram para o Milan. Em 2023, a história foi diferente: Dimarco, Dzeko e Lautaro Martínez balançaram as redes para a Nerazzurra em um 3 a 0 dominante.

UNIÃO DE ATLETAS
Jogadores que defendem dois rivais podem causar polêmica em muitos lugares do Brasil, mas a prática se tornou algo comum de muitos atletas. Zlatan Ibrahimovic, ídolo do Milan, jogou pela Inter de Milão em sua segunda aventura no futebol italiano. Christian Vieri fez um caminho parecido, mas teve mais destaque na Inter e fez grandes atuações entre 1999 e 2005, não repetindo o mesmo nível no rival. Giuseppe Meazza, Edgar Davids, Clarence Seedorf, Roberto Baggio, Andrea Pirlo, Aldo Serena, Hernán Crespo, Mario Balotelli, Patrick Vieira e os brasileiros Ronaldo e Mancini estão entre outros jogadores que atuaram pelos dois times. Hakan Çalhanoglu, hoje na Inter, causou grande polêmica ao pular o muro de Milão e também está na lista.

Inter de Milão x Barcelona - Çalhanoglu
Calhanoglu deixou o Milan para atuar pela Internazionale (Foto: Divulgação / Inter de Milão)

O artilheiro do confronto é Andriy Shevchenko, com 14 gols marcados sobre a Inter, mesmo tendo atuado apenas pelo Diavolo. O jogador que mais atuou no embate também é ídolo do lado vermelho e preto de Milão: Paolo Maldini, com 56 atuações. Giuseppe Bergomi e Javier Zanetti completam o top 3 de uma lista recheada de brasileiros. Pela parte azul e preta, Júlio César, Lúcio, Maicon, Zé Elias, Ronaldo e Adriano foram alguns dos memoráveis atletas que disputaram o embate; José Altafini, Kaká, Serginho, Thiago Silva, Cafu, Dida, Leonardo, o próprio Ronaldo, Robinho e Ronaldinho deixaram seu nome escrito pelo Rossonero.

Astro da Ucrânia e do Milan, Andriy Shevchenko fez 9 gols em 2005/2006
Shevchenko fez história pelo Milan (Foto: PACO SERINELLI / AFP)

VOLTA À CHAMPIONS
Depois de ser esquecido pelo ostracismo das duas equipes, o Derby della Madonina volta a figurar no mais alto escalão continental. A escola italiana parece reencontrar aos poucos o caminho da bola. São quatro campeões nacionais diferentes nos últimos quatro anos (Juventus, Inter, Milan e Napoli). A Roma conquistou a Conference League em 2022 e está na batida pela semifinal da Europa League com José Mourinho. A Atalanta chegou a figurar nas quartas de final da Champions League em 2020 e a Fiorentina do brasileiro Arthur Cabral está nas semifinais da Conference deste ano. Fase grande para uma escola esquecida nos últimos tempos.

+ Semifinal da Champions League 2022/23 é a com mais títulos na história da competição

Milan e Inter prometem um clássico cheio de emoções em 180 minutos. Os primeiros 90 serão disputados nesta quarta-feira, às 16h, com o mando do Rossonero; na próxima terça (16), a Inter será a mandante do duelo decisivo que vale uma vaga na grande final. O classificado enfrentará Real Madrid ou Manchester City no dia 10 de junho, no Estádio Olímpico de Atatürk, em Istambul, na Turquia.

News do Lance!

Receba boletins diários no seu e-mail para ficar por dentro do que rola no mundo dos esportes e no seu time do coração!

backgroundNewsletter