Convocado pela Rússia, Ari é vítima de xenofobia e rebate críticas

Brasileiro naturalizado russo foi convocado para a seleção nacional e foi alvo de declarações xenófobas por parte de Pavel Pogrebnyak, veterano atacante do país

Ari - Krasnodar
Brasileiro em campo pelo Kransodar (Foto: AFP)

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Um dos principais jogadores do Krasnodar nas últimas temporadas, o brasileiro naturalizado russo Ari foi novamente convocado para a seleção nacional para defender as cores do país nos jogos das Eliminatórias da Eurocopa 2020 contra Bélgica e Cazaquistão.

Entretanto, em entrevista ao jornal "Sport Express", o veterano atacante russo Pavel Pogrebnyak deu declarações racistas e xenofóbicas em relação à convocação do brasileiro, reclamando da naturalização de jogadores. Sobrou até para Mario Fernandes, um dos principais destaques da histórica campanha da Rússia na Copa do Mundo de 2018.

- É ridículo que pessoas de cor joguem na seleção russa. Tenho uma opinião negativa a respeito das naturalizações. Não vejo sentido. Por que deram um passaporte russo a Ari? (Na lateral-direita, posição de Mario) Nós temos Igor Smolnikov (jogador do Zenit). Poderíamos muito bem seguir sem estrangeiros - disse o atacante.

O brasileiro, em entrevista ao canal "ESPN", rebateu aos ataques feitos pelo jogador russo e afirmou que isso não será motivo para que ele deixe de vestir a camisa da Rússia.

- Sobre esse comentário, muitos jornalistas me ligaram aqui. Eu prefiro nem falar nada, porque um cara desses nem merece atenção. É triste pensar que nos dias de hoje ainda exista algo assim. Minha ideia é continuar defendendo a seleção russa. Ele foi muito criticado pela imprensa e por colegas. Os jornalistas aqui me perguntaram se eu gostaria de falar algo, rebater. Eu disse que passei por tantas dificuldades já que isso nem me preocupa. Só lamento por ter sido um jogador de futebol e que passou na carreira por outros países, que falou isso, ainda mais nos dias de hoje - respondeu.

Ari está na Rússia desde 2010, quando foi contratado pelo Spartak Moscou, teve passagem pelo Lokomotiv Moscou, e desde 2014 veste a camisa do Krasnodar, clube no qual é um dos grandes destaques e um dos principais ídolos da torcida. Mesmo com o ataque xenofóbico, o brasileiro diz que não pensa em deixar o país.

- Aqui eu me sinto em casa, estou há dez anos morando aqui, tenho uma filha, muitos amigos e futuramente quero continuar morando aqui, revezando com o Brasil. Atuei por grandes clubes russos. A torcida do Lokomotiv até hoje pede a minha volta quando jogo em Moscou. Passei três anos e meio no Spartak, joguei Champions e fiz ótimas temporadas, até hoje me tratam muito bem. Os colegas de equipe sempre me trataram bem demais aqui. Os jogadores da seleção me respeitam muito pela minha experiência. É por isso que eu nem me preocupo e nem fico chateado com esse tipo de situação. Quem conhece meu futebol, torce pela seleção e pelos clubes que passei me admira. Para mim, isso basta - completou.

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