De contestado a 'novo Cafu': as marcas de Bruno Peres em Turim
Desde a chegada do lateral, Torino quebrou marcas no Dérbi de Turim - inclusive com golaço do brasileiro. Neste sábado, outra prova de fogo no Torino x Juventus

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Poucos jogadores fizeram história no Dérbi de Turim como o brasileiro Bruno Peres.
Até a chegada do lateral-direito, no meio de 2014, o Torino não derrotava a Juventus havia 20 anos. Dentro deste grande jejum, o Toro ficou 12 anos sem fazer gols no rival. Mas tudo isso só até a chegada do brasileiro, que tem presença garantida no primeiro clássico da temporada, disputado neste sábado, às 15h, no Juventus Stadium.
– O Torino espera demais pelo dérbi. É um jogo a parte para nós. A expectativa é enorme – afirma Bruno Peres, ao LANCE!.
No ano passado, o lateral estreou em clássicos com derrota por 2 a 1, mas fez história ao balançar as redes da Juventus em pleno estádio da rival. O ex-santista, que saiu bem contestado do clube paulista, pegou a bola perto da área defensiva do Torino e deu um pique de 78 metros até a meta da Velha Senhora para quebrar o jejum em grande estilo.
– Amarraram uns pedaços de carne no meu tornozelo e soltaram os leões. Quando os italianos pegam, já viu (risos). Que golaço, mas foi na cagada. Dois dias antes, tinha falado para a minha mulher: "Vou fazer gol no derby". Ela me olhou com cara que eu não faria e disse que eu estava louco. Depois do jogo, quando voltei, estava triste pela derrota, mas ela chegou e disse que eu tinha falado que faria. E fiz mesmo – conta, aos risos.
O duelo válido pelo 2º turno do Campeonato Italiano foi ainda melhor para o Torino. Com Bruno Peres de titular, a equipe bateu a Juve por 2 a 1 e rompeu a marca de 17 jogos sem vencer em clássicos, que persistia desde a temporada 1994-95.
– Era um jogo que a gente estava esperando muito para jogar. Acabei entrando na história do time. A gente fica feliz por isso. Porque eles vão lembrar de gol, do derby que a gente ganhou – relembra o lateral-direito, que volta aos gramados após ficar um mês parado por lesão muscular.
As boas atuações – não só em clássicos – renderam a Bruno Peres o orgulhoso apelido de um ex-lateral que também brilhou na Itália, porém na Roma.
– Me comparavam com o Maicon, depois saiu no jornal que eu era o "novo Cafu". Temos um grupo dos jogadores sul-americanos do Torino no WhatsApp e os caras começaram a colocar a foto do jornal e a me zoar. Fiquei feliz de ser comparado com ele. Quem sabe não chegar perto de onde ele chegou?
NO COMEÇO, 'BOLEIRAGEM' DOS TEMPOS DE NEYMAR NÃO FOI ACEITA PELOS ITALIANOS
Chinelão e bolsa na mão? Bruno Peres estava acostumado com o estilo dos "parças" de Santos e tentou emplacar a mesma ousadia na Itália, porém, em seu primeiro treino, os italianos mostraram que lá é diferente.
- Ia treinar todo largadão, os caras me olhavam estranho. Depois de treinar, quando voltei para o vestiário, a minha roupa estava no ventilador. Os caras falaram: 'Pô, você tem que entender que na Itália não pode ficar de chinelo, todo largado.' Parei de ir de chinelo, falaram que eu caí na pressão, jogador sem personalidade. Quando peguei um pouquinho de moral, comecei a tocar o terror.
BATE-BOLA - 'É igual jogar com o Corinthians. Todo mundo quer bater neles'
O Dérbi de Turim é parecido com qual clássico brasileiro?
Jogar contra São Paulo e Palmeiras era importante, mas aquele tem que maior rivalidade era Santos e Corinthians. A gente entrava com 120%. Eu sei o que é ganhar um clássico. E ganhar de cinco foi melhor ainda. Todo mundo quer bater neles.
Você saiu contestado do Santos e está bem na Itália. Por quê?
É o tempo de recuperação de partida para partida. Brasil é um pouco difícil, não tem tempo para descansar. Joga no Sul, depois na Bahia. Aqui eu jogo uma vez por semana. Quando o time é forte, ajuda com que você cresça. Estou conseguindo manter o alto nível.
Por que os grandes clubes italianos estão mal no campeonato?
Não são os grandes que estão mal, são os pequenos se reforçando. Os sul-americanos conversam que temos que ir para cima, dar caneta, chapéu, porque os italianos não têm esse costume. Temos que ser diferentes. Agora temos que manter o alto nível para ficar em cima na tabela.
Como é o vestiário do Torino? É parecido com o do Santos?
Uma parte ficam os sul-americanos. Na outra, os italianos. Com a gente, é bagunça, uma zona, me faz lembrar do Santos, com palhaçada, zoeira. A parte italiana é mais séria, reservada, gostam de ficar concentrados. Sul-americano não está nem aí, a gente quer a resenha. Os italianos gostam de concentrar, falar como vai jogar, a gente quer saber da partida só um dia antes. Levam muito a sério, em alguns aspectos, eles têm até razão, mas a gente faz a alegria do vestiário.
Você está sendo comparado com o Cafu na Itália. Quando o Rafinha renunciou à Seleção, sua expectativa cresceu?
Quando vi que o Rafinha pediu dispensa, pensei que poderia ser a oportunidade de o Dunga me chamar. A gente não pode esmorecer, a voz já deve ter girado, ele já deve estar pensando em mim. Fico ansioso para ver meu nome na lista.
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