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Thalys Almeida fala sobre negativa em visto para os EUA e deseja sorte para Seleção Brasileira de Flag Football

Jogador teve o pedido de entrada nos EUA negado duas vezes pelo consulado

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Thalys Almeida não conseguiu visto para a disputar o torneio intercontinental - Foto: Grasiela Gonzaga/Flag Football

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A Seleção Brasileira Masculina de Flag Football estreia no torneio Intercontinental em Charlotte, nos Estados Unidos, nesta quarta-feira (5/7). Contudo, um jogador convocado pelo head coach Heitor Medeiros teve que ser cortado, não por contusão ou outros problemas, mas por ter tido o visto negado pelo Consulado Norte-Americano por duas oportunidades.

O recebedor Thalys Almeida, do Rio Preto Weilers, foi campeão Sul-Americano pela Seleção Brasileira de Flag Football em dezembro passado e figurava entre os 12 convocados principais para o torneio nos Estados Unidos. Mas precisou ser cortado por não conseguir o visto para entrar no País.

Confira a entrevista com o atleta do FABR.

- Passados alguns dias da decepção de não ter conseguido autorização para entrar nos Estados Unidos e após ajudar o Rio Preto Weilers a conquistar o Sampa Bowl, Thalys Almeida contou como foi o processo das tentativas de visto para o país norte-americano.

- Tentei solicitar o visto duas vezes e meia. Na primeira vez, fui ao CASV (Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto) em São Paulo e, em seguida, ao Rio de Janeiro para a entrevista. Lá, passei por uma triagem e fui encaminhado para falar com o funcionário norte-americano responsável pela análise do meu caso. Expliquei que era atleta de flag football e jogava futebol americano pelo Rio Preto Weilers no Brasil, além de ter sido convocado para a Seleção Brasileira. Ele começou a avaliar o meu perfil e apresentei as cartas da CBFA, com a convocação, e da IFAF para fortalecer o pedido. O funcionário pegou a carta, consultou outros dois colegas e retornou. Nesse momento, ele me fez a pergunta: 'Talys, qual é o seu vínculo com o Brasil?' Por ser jovem e ter poucos bens, acredito que isso tenha sido um fator determinante para negarem o pedido. Ao chegar ao hotel, entrei em contato com Heitor Medeiros (treinador principal) e Daniela Coutinho, que está cuidando da delegação, para explicar a situação. Todos começaram a se mobilizar para me ajudar, e Daniela me passou o contato de uma agência que lida com a emissão de vistos. Entrei em contato imediatamente e eles iniciaram os procedimentos para uma segunda tentativa. A agência chegou a me dizer que o meu caso era raro, mas que a próxima solicitação teria uma grande chance de aprovação. Eles preencheram um novo formulário, deixando-o ainda mais sólido, e me deram todas as orientações para que eu me saísse bem na entrevista. A solicitação foi feita com urgência no consulado, mas infelizmente eles recusaram imediatamente. Fizemos uma nova solicitação, com monitoramento 24 horas, pois não havia horários disponíveis para atendimento. A CBFA precisava enviar a lista para a IFAF até o dia 15 de junho. Dois dias antes, liguei para o consulado e eles me informaram que conseguiram uma vaga no dia 15 de junho, mas no Rio de Janeiro. A questão financeira já estava apertada, mas consegui comparecer. A CBFA me ajudou muito com a emissão de novos documentos, e o Heitor me apoiou principalmente no aspecto psicológico, que estava abalado. No entanto, na segunda entrevista, a atendente preferiu se basear na primeira tentativa, não analisou a documentação e, infelizmente, negou o pedido novamente.

Além da frustração do sonho de defender a seleção em um torneio internacional, o que mais essa negativa trouxe de problemas para você (como a parte financeira)?

- Não viajar com a Seleção Brasileira para Charlotte é frustrante. Ao mesmo tempo, fico tranquilo sabendo que tem pessoas muito preparadas para poder representar nossa seleção. Meu psicológico está mais tranquilo, porque já estou me preparando para a próxima etapa, que é o Mundial lá na Finlândia. Dessa forma, se o Brasil se classificar, vou continuar treinando. Vou me preparar e vou correr atrás para estar na convocação da próxima a próxima etapa. Um ponto negativo que a negativa do visto me trouxe foi o financeiro, onde não estava preparado. Após o momento que houve a primeira negativa, tive que arcar com as viagens para o Rio de Janeiro novamente, teve o valor da agência, alimentação e hospedagem. Isso saiu um pouco do meu orçamento, que era um dinheiro que eu iria utilizar para ir para os Estados Unidos. Poderia ter sido pior essa questão financeira, mas iria tirar de estar com a seleção. Mas, infelizmente, fiquei com um prejuízo.

- Como foi o processo de arrecadação dos custos para a viagem, já que os atletas são os responsáveis pelos gastos financeiros?

- Essa é uma questão muito interessante. Tanto a seleção masculina quanto a feminina se mobilizaram para conseguir fundos e arrecadar dinheiro para a viagem a Charlotte. Eles adotaram várias estratégias, como o programa "Adote um Atleta", venda de rifas e, em alguns casos, até mesmo a venda de rifas individuais. A viagem não foi barata e contou com o apoio de muitas pessoas. Na minha cidade, recebi muita ajuda de diversas pessoas. Parte desse dinheiro foi utilizado na primeira vez em que solicitei o visto. Fui beneficiado pelo apoio do secretário de esportes da minha cidade, de alguns amigos e dos meus familiares, o que foi fundamental. Todos entenderam o que aconteceu e que não foi minha culpa, e o melhor de tudo é que continuam me apoiando para que eu possa perseguir os meus sonhos. Vou continuar em busca do sonho de representar o Brasil em um torneio internacional.

- Qual a importância do título do Sampa Bowl no último domingo (2/7) e o que ele representa para a sua carreira e para este momento?

- Esse título voltou com o meu sorriso. Essa conquista representa muita alegria e muita felicidade. Podemos dizer que o dever foi cumprido. A gente jogou a temporada inteira pensando no título e jogando jogo a jogo Nessa parte final, que foi jogar contra o Moura Lacerda Dragons, a gente sabia que seria um jogo difícil, porque eles são muito dedicados, estudiosos e possuem uma defesa imponente.  A gente se preparou muito e o título mostra que estamos no caminho certo. Para o restante da temporada, temos mais duas competições para buscar os troféus (final da Taça Brasil Hinova e Brasileirão da CBFA).  

- O que é ser atleta em um esporte amador para você?

- Para mim, uma das palavras de que mais define isso é desafio. Ser atleta em um esporte amador é muito desafiador por conta do que você precisa para se manter em alto nível. Então, estar no nível para conseguir competir contra os Estados Unidos, contra o México e o Canadá. Eles são profissionais, eles vivem disso, eles acordam todos os dias focados em um só objetivo, que é se preparar para grandes torneios. Eles não têm outras responsabilidades, como quem está no esporte amador.  A gente tem que lidar também com outros problemas fora do esporte. São questões como viagens, alimentação e suplementos. E tudo isso é por nossa conta. E é bem mais difícil conseguir patrocínio. Por conta disso, por não termos uma grande visibilidade – apesar de que o flag football está crescendo nacionalmente e também mundialmente (com possibilidade de ser tornar um esporte olímpico), mas ainda não temos grande exposição. Precisamos ter mais exposição para ter visibilidade, mas acho que vai ser um processo um pouco demorado.

- Qual a mensagem que você deixa para seus companheiros que estão nos Estados Unidos?

- Quero desejar um excelente torneio para eles (os jogadores) e a comissão técnica. Que eles consigam trazer a classificação do Brasil para o Mundial na Finlândia. A gente sabe da capacidade deles, do talento que eles têm, do tanto que eles se dedicaram e do quanto eles se entregaram nos treinos para fazer isso acontecer. Desejo um excelente campeonato para eles que vai dar tudo certo. A classificação já é nossa. Só basta a gente e lá e confirmar.

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