Por dentro do Super Bowl LV: duelos para ficar de olho durante o jogo

Nada de Brady vs Mahomes: quais são os mais importantes confrontos que podem influenciar o resultado final da partida

Tyreek Hill castiga a secundária de Tampa Bay em duelo na semana 12
Tyreek Hill castiga a secundária de Tampa Bay em duelo na semana 12 (Twitter/Reprodução/Kansas City Chiefs)

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A ansiedade para o Super Bowl LV está pulsando, e à medida que o jogo se aproxima, o que podemos esperar do confronto entre Tampa Bay Buccaneers e Kansas City Chiefs além de um jogo histórico e de um épico embate de gerações entre Tom Brady e Patrick Mahomes? Num jogo de futebol americano há muitos duelos (ou matchups) acontecendo simultaneamente em campo, sejam eles individuais ou entre grupos de jogadores dos times adversários. Alguns desses enfrentamentos acabam sendo essenciais no desenrolar de uma partida, e aqui veremos alguns que podem ser o ponto chave para que Bucs ou Chiefs conquistem a vitória neste domingo.

Pass Rush de Tampa Bay vs. Linha Ofensiva de Kansas City
Com a lesão de Eric Fisher na final de conferência, a duas semanas atrás, a linha ofensiva dos Chiefs se reduz a apenas dois titulares nas cinco posições. Mitch Schwartz, o right tackle All-Pro, segue lesionado desde dezembro. Mike Remmers, que havia entrado na ponta direita da linha, foi reposicionado para o lado esquerdo, no lugar de Fisher, que é left tackle. Andrew Wylie, que normalmente joga no interior da linha, irá para a posição originalmente de Schwartz. Além dos dois tackles, Kansas City não contou com seu right guard Laurent Duvernay-Tardif desde o início do ano, já que ele optou por não jogar nesta temporada para atuar nas linhas de frente do combate ao Covid-19 no Canadá.
Não é preciso explicar, portanto, como este pode ser o duelo mais importante da partida dada a profundidade do problema na linha de proteção do ataque dos Chiefs. A situação se torna ainda mais gritante ao olhar para o front da defesa dos Bucs: Shaq Barrett, Ndamukong Suh, Vita Vea e Jason Pierre-Paul na primeira linha são uma escalação absolutamente invejável. Barrett caiu de produção em 2020 em termos de sacks, mas vem crescendo nos playoffs; Suh parece crescer em jogos importantes; Vea retornando de lesão foi um renascimento para esta defesa; e JPP parece ter reencontrado sua melhor forma nesta temporada pela primeira vez desde que foi trocado pelos Giants. O acréscimo de Devin White com uma eventual blitz pode ser ainda a cereja do bolo para que a defesa de Tampa consiga levar o caos à vida de Patrick Mahomes.

Recebedores de Kansas City vs. Secundária de Tampa Bay
A torcida de Tampa Bay espera muito que o duelo da semana 12 contra os Chiefs não seja um prognóstico do que vem pela frente no Super Bowl. Não apenas porque o time da Flórida perdeu a partida, mas porque os cornerbacks Carlton Davis e Sean Murphy-Buntin foram destruídos por Tyreek Hill no início da partida, cedendo jardas suficientes, em apenas um quarto, para o que seriam dois jogos inteiros de ótima qualidade: 7 recepções para 203 jardas e 2 TDs. Que o veloz WR de Kansas City queimou a secundária dos Buccaneers naquele jogo não é novidade, mas o mais preocupante é observar a qualidade de todo o grupo de recebedores do time: em termos de rapidez, Mecole Hardman e Sammy Watkins podem castigar defesas que resolverem dobrar a marcação em cima de Hill, e o brilhante tight end Travis Kelce pode aproveitar espaços curtos e conquistar recepções cruciais ao enfrentar linebackers e safeties na marcação.
Por mais que Murphy-Bunting, Carlton Davis e Jamel Dean sejam um grupo sólido de cornerbacks, eles precisarão de toda a ajuda possível para conseguir segurar o explosivo ataque comandado por Andy Reid e Eric Bieniemy. Antoine Winfield, uma das gratas surpresas da classe de calouros de Tampa, está lidando com uma lesão no tornozelo que pode diminuir sua intensidade. Jordan Whitehead, o outro safety titular, e Lavonte David, excelente outside linebacker, serão peças primordiais para que TB tenha chance de conter Mahomes em menos de 30 pontos, o que parece uma estimativa justa.

Patrick Mahomes vs Todd Bowles
O crescimento da defesa dos Bucs entre 2019 e 2020 foi incrível em todos os aspectos, seja no amadurecimento da secundária, na solidez no meio do campo, ou na intensidade na linha de frente. Todd Bowles, o coordenador defensivo da equipe, é um dos grandes responsáveis por isso, especialmente considerando que ele tem controle quase total sobre a unidade defensiva. Uma das chaves para o sucesso da equipe foi o extenso uso de blitz para pressionar quarterbacks adversários: uma estratégia ousada mas com grande chance de sucesso caso o restante da defesa consiga segurar as pontas no fundo do campo.
O grande problema é que, não bastando ser o melhor jogador da NFL desde que se tornou titular, Patrick Mahomes continua evoluindo em sua capacidade de ler defesas e se adaptar a adversidades. Uma das coisas em que ele se tornou impecável em 2020 é em jogar contra a blitz. Com passes rápidos, mudanças nas jogadas e com capacidade subestimada de escapar do pocket, Mahomes liderou a liga em passer rating contra a blitz, o que pode fazer com que Todd Bowles repense seu plano de jogo usual antes de ir para o jogo neste domingo. Como já dito, porém, a defesa dos Bucs tem plenas condições de gerar pressão apenas com seus quatro principais pass rushers, podendo deixar Devin White, Lavonte David e companhia mais focados na cobertura de passe e na leitura das corridas.

Tom Brady vs. Steve Spagnuolo
Este não parece ser um dos matchups de mais importância tática do jogo, mas é certamente um dos mais subestimados à medida que o Super Bowl se aproxima. Spagnuolo é um dos coordenadores mais criativos da NFL, e a defesa de Kansas City foi uma das mais surpreendentemente boas em 2020. Com o crescimento de jovens cornerbacks e a dominância de Tyrann Mathieu, Tom Brady pode ter certo trabalho para conectar com suas armas ofensivas, especialmente se Antonio Brown e Cameron Brate não estiverem saudáveis.
O tempero especial do encontro de Brady e Spagnuolo é a lembrança do Super Bowl XLII. Um era quarterback dos Patriots, o outro era coordenador defensivo dos Giants. New England teve a melhor temporada regular de todos os tempos, com campanha 16-0 e inúmeros recordes ofensivos quebrados. Na última partida, porém, a defesa dos Giants com Spagnuolo mostrou sua grandeza e capacidade de inovação, contendo os Patriots a apenas 14 pontos e ajudando Eli Manning a virar a partida e ganhar o Super Bowl para New York, um dos maiores “azarões” da história a vencer o troféu Vince Lombardi.

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