Do grito à emboscada: a face mais violenta da rivalidade entre Mancha Verde e Máfia Azul
Conflito entre torcidas organizadas de Palmeiras e Cruzeiro se arrasta desde os anos 1980

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Cleofas Sóstenes Dantas da Silva não estava nada contente naquela segunda-feira cinzenta e nublada, 17 de outubro de 1988, em São Paulo. Ainda tentava digerir a derrota amarga do Palmeiras para o Grêmio, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre (RS), na tarde anterior, pelo Campeonato Brasileiro. O revés por 2 a 0, embora parecesse um placar modesto, não refletia o domínio absoluto dos gaúchos durante a partida.
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Cleo, como era conhecido entre os palmeirenses, carregava um título que o definia: Cleo Guerreiro. Aos 24 anos, orgulhava-se de ter sido um dos fundadores da Mancha Verde, torcida organizada que criara ao lado de 14 amigos em janeiro de 1983. Ao longo de quase seis anos à frente da torcida, sua disposição para enfrentar rivais em confrontos fez com que o apelido de "Guerreiro" se tornasse inseparável de seu nome.
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Em 2 de novembro de 1986, diante de 60.638 torcedores no Morumbi, durante um clássico contra o São Paulo que terminou empatado em 0 a 0, Cleo esteve entre os líderes de um movimento que transformou uma antiga provocação dos rivais em um dos maiores símbolos da identidade palmeirense.

Naquela tarde, no gramado do Morumbi, ele ergueu um porco diante da torcida alviverde, e o grunhido do animal foi registrado até em reportagens de televisão. A partir de então, o porco passou a dividir espaço com o tradicional periquito como mascote do clube. Nascia ali o grito de “Dá-lhe, Porco!”, entoado para sempre pelos palmeirenses.

Hoje, a torcida do Palmeiras mantém viva essa história exibindo um enorme painel que reproduz a icônica cena de Cleo segurando o porco — especialmente nos jogos em casa.
Com o tropeço contra o Grêmio comprometendo de vez a caminhada do Palmeiras no Brasileirão de 1988, Cleo passou boa parte daquela segunda-feira na sede da Mancha Verde, no bairro da Pompeia, próximo ao estádio do clube, o então chamado Parque Antártica (hoje Allianz Parque), na zona oeste da capital de São Paulo. Entre conversas acaloradas e planos traçados, ele arquitetava como a torcida apoiaria o time palmeirense no domingo seguinte, em casa, contra o Cruzeiro, de Belo Horizonte (MG).
Naquela noite, por volta das 23h, após sair do Bar do Xará, onde conversava com um amigo, Cleo foi emboscado e nunca mais lideraria a Mancha Verde. Três homens em um Escort branco o interceptaram a cerca de 10 metros da sede da torcida, no número 173 da Rua Padre Antônio de Tomás, uma das vias que contornam o Allianz Parque.
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Os assassinos dispararam três vezes: os tiros atingiram o pescoço, o abdômen e o estômago de Cleo. Levado às pressas ao Hospital Sorocabana, Cleo não resistiu.
No dia seguinte ao assassinato, quatro jogadores do Palmeiras — Zetti, Lino, Márcio e Ivan — compareceram ao velório de Cleo, realizado no Cemitério do Araçá, na região central de São Paulo. Nelson Tadini Duque, presidente do Palmeiras entre 1985 e 1988, também esteve presente no funeral do torcedor.
Dois dias após a morte de Cleo, o delegado Zildo José Heleodoro dos Santos, então chefe do 23º DP (Perdizes), onde o crime era investigado, recebeu uma carta anônima que apontava três membros da torcida organizada Gaviões da Fiel, do Corinthians — arquirrival do Palmeiras —, como responsáveis pela emboscada contra Cleo.
Bastou o documento chegar à delegacia para que a hipótese de uma briga entre torcidas organizadas fosse considerada um "forte indício" da motivação do crime. No entanto, com a mesma rapidez com que essa linha de investigação foi levantada, a polícia descartou a participação dos corintianos após interrogá-los. Com isso, a apuração voltou à estaca zero — e nunca avançou dali.
Na época da morte de Cleo, seu então braço direito na liderança da Mancha Verde e parceiro na fundação da torcida, o vice-presidente Moacir Bianchi — outro nome de grande reconhecimento entre os palmeirenses e que, 29 anos depois, também seria assassinado — chegou a se manifestar publicamente, afirmando não acreditar na participação de corintianos no crime.
Oficialmente, 37 anos após o assassinato, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo ainda não sabem dizer quem matou Cleo Guerreiro nem por quê.
Com aquela semana de outubro de 1988 marcada pelo tumulto causado pela morte de Cleo, a Mancha Verde concentrou suas energias em homenageá-lo no primeiro jogo do Palmeiras após o crime. A partida foi contra o Cruzeiro, outra equipe de origem italiana que, assim como o time paulista, também foi chamada de Società Sportiva Palestra Italia em seus primeiros anos de existência.
Por conta da Segunda Guerra Mundial, em 1942, ambos os Palestras Itália do Brasil foram obrigados a mudar de nome, adotando as denominações que mantêm até hoje.
Antes de a bola rolar no Parque Antártica, os jogadores de Palmeiras e Cruzeiro fizeram um minuto de silêncio em memória de Cleo. No entanto, a Mancha Verde e outras organizadas do Palmeiras acreditaram que a torcida do Cruzeiro, em menor número, não respeitou a homenagem ao líder assassinado dias antes — e partiram para a briga.
A Polícia Militar interveio e, em uma época em que policiais ainda portavam armas de fogo dentro dos estádios, um disparo foi feito para o alto. Os primeiros 15 minutos da partida foram marcados por pancadaria nas arquibancadas. Ao fim do confronto, 15 torcedores ficaram feridos e 17 foram detidos.
Os palmeirenses afirmam até hoje que a briga contra os cruzeirenses teve mais uma motivação. Durante o minuto de silêncio em homenagem a Cleo, a torcida do Cruzeiro teria entoado um canto provocativo: "O Cleo morreu, a Mancha se fodeu."
A partida terminou com vitória do Palmeiras por 2 a 0, com gols dos atacantes Gaúcho e Tato. No entanto, naquele 23 de outubro de 1988, nascia não apenas um resultado no placar, mas também uma das maiores rivalidades entre torcidas organizadas do Brasil: a disputa entre a palmeirense Mancha Verde e a cruzeirense Máfia Azul.
Curiosamente, um dos maiores afetados pelos acontecimentos daquela tarde de outubro de 1988 no Parque Antártica sequer havia nascido na época. José Victor dos Santos Miranda só viria ao mundo seis anos depois, mas sua história estaria diretamente ligada à rivalidade mortal entre palmeirenses e cruzeirenses.
Trinta e seis anos após a batalha nas arquibancadas do Parque Antártica, José Victor deixou Sete Lagoas, interior de Minas Gerais, também em um fim de semana de outubro, para acompanhar o jogo entre seu time, o Cruzeiro, contra o Athletico Paranaense, pela 31 rodada do Campeonato Brasileiro de 2024, em Curitiba (PR).

Ao lado de outros 95 integrantes da Máfia Azul, divididos em dois ônibus fretados, José Victor percorreu 1.100 km entre Sete Lagoas e a capital paranaense naquele sábado (26/10), mas o Cruzeiro não recompensou o esforço da torcida e caiu por 3 a 0 para o Athletico.
Por volta das 5h de domingo, quando os ônibus já haviam percorrido metade do trajeto de volta a Belo Horizonte e grande parte dos integrantes da Máfia Azul dormia, os veículos tiveram os pneus furados ao se aproximarem do pedágio de Mairiporã, no km 65 da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais. Dezenas de pequenas armadilhas feitas com pregos dobrados, conhecidas como miguelitos, haviam sido espalhadas pela pista, forçando a parada dos coletivos.
Antes mesmo de os ônibus estacionarem completamente, os membros da Máfia Azul foram despertados por fortes impactos contra as janelas e a lataria dos veículos. Rojões e bombas caseiras — feitas com bolas de bilhar envoltas em sacolas plásticas e pólvora — eram lançados por cerca de 150 pessoas que avançavam de todos os lados da Fernão Dias, gritando: “É a Mancha! É a Mancha!”. Era uma emboscada.
Quando os ônibus travaram de vez, sem chance de os motoristas acelerarem para escapar, as janelas já estavam destruídas e o fogo começava a consumir os assentos no interior dos dois veículos _um deles foi totalmente queimado. Em pânico, os cruzeirenses que ainda não haviam desembarcado foram surpreendidos por homens armados com barras de ferro e madeira. Espancados, eram tirados dos ônibus e jogados no asfalto da Fernão Dias, subjugados e despidos à força, sempre recebendo socos, chutes e porretadas. Nem mesmo os que desmaiavam com as pancadas deixavam de seguir apanhando.
Os agressores, muitos deles com os rostos cobertos por capacetes, capuzes, balaclavas e máscaras de personagens de desenhos animados e filmes de terror, registravam os ataques com celulares. E comemoravam: “É a Mancha! É a Tropa do Moa! É a Tropa do Jorge!”.
Moa era o apelido de Moacir Bianchi, um dos mais conhecidos diretores e fundadores da Mancha Verde, assassinado em março de 2017, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Ele foi morto com 14 tiros em uma ação de Marcelo Ventola, conhecido como Marcelinho, ladrão de joalherias ligado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Segundo as investigações, a morte de Moa foi motivada por suas críticas a outros diretores da torcida sobre a participação de Ventola na liderança da organizada. Ele havia saído da prisão em 2015. Voltou a ser preso em 2017, cinco meses após a morte de Moa e, em agosto de 2022, foi condenado a 25 anos de prisão pelo assassinato.
Na cadeia, Ventola teve de prestar contas aos chefes do PCC sobre os motivos de ter matado Moa, pois a facção entendeu ter sido aquela uma “atitude isolada’, ou seja, um dos seus integrantes cometeu um crime grave e de repercussão sem que a quadrilha fosse consultada. A partir da morte de Moa, o PCC passou a, vamos entender assim, desestimular seus membros a participarem da direção de torcidas organizadas de futebol.

Dos 96 membros da Máfia Azul que voltavam para Minas Gerais e foram atacados na Fernão Dias, 16 precisaram de atendimento hospitalar devido aos ferimentos causados pelos espancamentos. A maioria sofreu lesões na cabeça, no rosto, nos braços e nas pernas – alguns tiveram ossos fraturados. Os cruzeirenses feridos no ataque foram: 1) Paulo Henrique dos Santos, 2) Micael Junio Farias Teixeira, 3) Nicolas Pereira Ribeiro de Sousa, 4) Nilton José Mendes, 5) Jhonatan Henrique Estevam Soares, 6) Philipe Donavan Aleixo, 7) Hugo Richard Antônio Bonfin, 8) Lucas Victor Ribeiro de Sena, 9) Mauro Márcio da Paixão Bueno, 10) Max Paulo de Menezes Sales, 11) Rafael Fernandes Gomes, 12) Tailan Francis Cornelio da Costa, 13) Frederico Bueno, 14) Isac Lima dos Santos e 15) Wagner Alipio Caetano de Souza.
O 16º cruzeirense espancado foi o ajudante de expedição José Victor dos Santos Miranda, de 30 anos. Conhecido como Zé entre os membros da Máfia Azul, ele foi o mais brutalmente agredido pelos integrantes da Mancha Verde.
Apesar de ter sido socorrido ao Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã, não resistiu aos ferimentos e morreu. José Victor era pai do menino Miguel Henrique da Silva Miranda.
O laudo pericial nº 421384/2024, da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, descreveu as causas da morte de José Victor da seguinte forma:
"Consta do documento médico que a vítima sofreu múltiplas lesões na face, fratura de mandíbula, traumatismo cranioencefálico e queimadura extensa em superfície corporal, caracterizando o emprego de meio cruel. O instrumento utilizado [para causar a morte] foi definido como agente contundente, ou seja, um objeto que provocou lesões por impacto mecânico, sem possuir gume cortante ou perfurante.”
A intensidade das pancadas e das queimaduras no corpo de José Victor, especialmente na região genital, barriga, braços e pernas, impossibilitou a coleta de suas impressões digitais pelos peritos e médicos legistas responsáveis pelo exame.
Assim como entoavam “É a Mancha! É a Tropa do Moa!”, os integrantes da Mancha Verde também faziam questão de exaltar outro nome durante os espancamentos na Fernão Dias: “É a Tropa do Jorge!”.
Essas frases, registradas em vídeos posteriormente divulgados nas redes sociais por alguns dos agressores, foram uma das primeiras pistas que permitiram à polícia iniciar o rastreamento dos envolvidos nos ataques contra a Máfia Azul. O "Jorge" exaltado nos gritos, segundo a polícia, era o administrador de empresas Jorge Luis Sampaio Santos, de 44 anos, então presidente da Mancha Verde.
Em uma das postagens entregues à Justiça, com 41 segundos de duração, um membro da Mancha Verde aparece golpeando com uma barra de ferro vários cruzeirenses já rendidos enquanto grita:

“Fala, fala, fala, filha da puta. Fala, caralho. É a Mancha Verde do Palmeiras. É a Mancha do Palmeiras, caralho… Aí, ó, filho da puta, cobramos. Cobramos, caralho. Cobramos vocês. Deita, deita, filho da puta! É a Mancha, caralho. Fala que é a Mancha, fala!”
O termo "cobramos", nesse contexto de outubro de 2024, deixou claro para os investigadores que os agressores da Mancha Verde viam o ataque contra a Máfia Azul como retaliação pela emboscada que a torcida cruzeirense promoveu contra os palmeirenses, em Carmópolis de Minas (MG), no km 593 da mesma Fernão Dias e a 120 km de Belo Horizonte, em 28 de setembro de 2022.
Naquela pancadaria, Jorge Santos foi brutalmente espancado e as imagens das agressões também foram postadas em redes sociais pelos cruzeirenses.

O embate entre Máfia Azul e Mancha Verde aconteceu quando a torcida mineira viajava de Belo Horizonte para Campinas (SP), onde o Cruzeiro jogaria contra a Ponte Preta pela Série B do Campeonato Brasileiro, e o Palmeiras, pela Série A, ia para a capital mineira para enfrentar o Atlético Mineiro, que tem a sua principal torcida organizada, a Galoucura, rival local da Máfia Azul e grande aliada da Mancha Verde. Em São Paulo, os cruzeirenses têm apoio da Independente, uniformizada do São Paulo e desafeta da Mancha.

No confronto, 14 palmeirenses foram espancados com barras de ferro e de madeira pelos cruzeirenses. Na reação, os palmeirenses dispararam tiros, atingindo quatro torcedores do Cruzeiro nas pernas. Embora ninguém tenha morrido no embate, a rivalidade entre as duas torcidas organizadas se intensificou ainda mais, alimentando o ciclo de violência.
Os palmeirenses feridos com maior gravidade no ataque da Máfia Azul, em setembro de 2022, foram: 1) Caio Henrique Aparecido Santos Ugonili, 2) Deivison Correia Carvalho, 3) Douglas Henrique Leite, 4) Filipe Cristian de Oliveira, 5) Fausto Angelo Flores, 6) Rafael Alves da Silva, 7) Jackson Junio de Azevedo da Cruz, 8) Mateus Lindolfo do Carmo, 9) Maicon Luiz dos Santos, 10) Frederico Vicente Costa Pinto, 11) Welington dos Santos Ferreira, (12) Jorge Luis Sampaio Santos (presidente da Mancha Verde), (13) Alekssander Ricardo Tancredi e (14) Jeovan Fleury Patini.
Os três últimos voltariam ao radar da polícia em outubro de 2024, em Mairiporã, na revanche da Mancha Verde contra a Máfia Azul.
Para identificar os palmeirenses suspeitos de envolvimento na morte do cruzeirense José Victor, os investigadores analisaram imagens de câmeras de segurança instaladas ao longo da rodovia Fernão Dias, incluindo o pedágio onde a emboscada ocorreu, estacionamentos, estabelecimentos comerciais e as câmeras de segurança da Prefeitura de Mairiporã. O objetivo era levantar suspeitos e veículos que transitaram pela região do km 65 da estrada na madrugada de sábado (26) para domingo (27).
Foi assim que a imagem de um homem vestindo roupas camufladas em estilo militar, semelhantes às do Exército Brasileiro, chamou a atenção dos investigadores. Eram 3h33 da madrugada de domingo (27), e o homem de roupas camufladas estava acompanhado por outros sete aliados, todos com os rostos cobertos por capuzes, toucas, bonés ou capacetes. O grupo estava distribuído em quatro motos e dois carros. O ataque da Mancha Verde contra a Máfia Azul ocorreu cerca de 1h30 depois do encontro dos oito homens.

Para a polícia, o grupo aguardava a passagem dos dois ônibus, seguidos por palmeirenses desde que havia saído de Curitiba, com torcedores cruzeirenses.
O cruzamento da imagem do homem com roupa camuflada, registrada no pedágio, com os bancos de dados da polícia, revelou que se tratava do comerciante Felipe Mattos dos Santos, de 32 anos, conhecido como "Fezinho".
Fezinho é vice-presidente da Mancha Verde e membro atuante na tomada de decisões sobre questões que envolvem a torcida, juntamente com Jorge [presidente da organizada]. Também possui uma ficha criminal considerável e é um velho conhecido do sistema de Justiça”. A declaração foi registrada por dois investigadores do ataque na Fernão Dias. Antes da emboscada contra a Máfia Azul, Fezinho já tinha seu nome envolvido em outros sete inquéritos policiais: Lei Maria da Penha (violência doméstica), ameaça e por promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.
A quebra do sigilo telefônico de Fezinho, feita com ordem da Justiça, também demonstrou aos policiais que ele esteve em Mairiporã, às 13h42 do sábado (26), véspera do ataque contra a Máfia Azul. "Houve, portanto, evidente planejamento prévio da cúpula da torcida organizada e rebuscada logística para o deslocamento de mais de uma centena de torcedores, com armas brancas”, escreveu o juiz Cristiano Cesar Ceolin, em manifestação sobre o caso.
O rastreamento das antenas de retransmissão de sinal com as quais o celular de Fezinho se conectou também o comprometeu: às 3h21 e às 5h32, horários de preparação e realização da emboscada.
Outra liderança da Mancha Verde rastreada pelos investigadores por participação na emboscada contra os cruzeirenses foi o motorista de aplicativo Leandro Gomes dos Santos, de 34 anos, “principal liderança [da Mancha Verde] na Zona Norte [de São Paulo]”, segundo a polícia.
Imagens coletadas no Instagram, uma dos quais ele aparece ao lado do presidente Jorge Luis, usando blusa de moletom cinza e boné verde, levaram à identificação de Leandrinho como participante da emboscada. O celular dele também foi detectado na área e no horário do ataque.

Em um vídeo gravado durante o ataque contra a Máfia Azul, é possível um palmeirense perto de Leandrinho gritando: “Tem cara morto lá, caralho!”, ao apontar para um dos ônibus atacados na Fernão Dias.
Apesar da grande quantidade de informações a serem verificadas, considerando o intenso fluxo de veículos no trecho e no entorno da rodovia Fernão Dias, onde a Mancha Verde emboscou a Máfia Azul, os investigadores adotaram uma estratégia complementar: identificar os proprietários dos automóveis e motocicletas que estiveram na região na madrugada daquele fim de semana de outubro _sábado (26) para domingo (27). Placa por placa, carro por carro, moto por moto. Tudo foi minuciosamente analisado. Até mesmo ônibus e caminhões.
Esse levantamento veicular permitiu que os investigadores identificassem outros membros da Mancha Verde e os colocassem sob investigação pelo ataque contra a Máfia Azul.

Foi assim, por exemplo, com o funcionário público Aurélio Andrade de Lima, de 36 anos, proprietário de um Celta, flagrado por câmeras de segurança circulando às 3h19 da madrugada de domingo, próximo ao pedágio da Fernão Dias — cerca de 1h40 antes do ataque, que ocorreu às 5h. Com a placa (HFG-3347) do carro captada, os policiais buscaram o registro do Celta e chegaram ao nome de Aurélio Lima. A partir do nome, ao RG dele. A partir do RG, a outros casos policiais em que ele esteve envolvido.
Entre esses casos, destaca-se uma briga generalizada envolvendo cerca de 300 palmeirenses contra aproximadamente 100 corintianos, ocorrida em 1º de maio de 2011, no movimentado cruzamento das ruas Teodoro Sampaio e Henrique Schaumann, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Naquele feriado do Dia do Trabalhador, Palmeiras e Corinthians se enfrentaram pela semifinal do Campeonato Paulista, e o confronto entre as torcidas resultou em um torcedor ferido.
A mesma estratégia de rastreamento de placas de veículos levou a polícia até Neilo Ferreira Silva, de 40 anos. Lutador de Boxe e Muay Thai, ele é conhecido na Mancha Verde como “Lagartixa”.
Às 5h26 da manhã de domingo (27), durante o ataque à Máfia Azul, um HR-V, registrado em nome da companheira do atleta, foi flagrado próximo ao local da emboscada. As antenas de sinal de celular foram outra evidência que o conectaram ao local da emboscada.

“Lagartixa é um membro conhecido da Mancha Verde. Por ser lutador profissional de Boxe e Muay Thai, atua na linha de frente da torcida nos embates contra outras organizadas. Se intitula como sendo 'da pista' na torcida”, foi como os investigadores o descreveram.

A polícia também destacou no relatório enviado à Justiça que Neilo Silva já era conhecido do sistema judiciário, possuindo antecedentes por diversas ocorrências policiais. Pelo menos 19, incluindo crimes como associação criminosa, constrangimento ilegal, lesão corporal e promoção de tumulto, incitação à violência em eventos esportivos, entre outros.
O advogado Luiz Ferretti Junior, de 49 anos, também foi outro palmeirense ligado ao ataque da Mancha Verde contra a Máfia Azul por conta do carro que dirigia na madrugada daquele domingo (27) de outubro. Ferretti Junior é advogado da torcida organizada e da Escola de Samba Mancha Verde desde 2014. Ele atua em cerca de 70 processos das duas entidades.

A Mercedes Benz C 200 K da mulher do advogado foi gravada pelas câmeras de segurança da Prefeitura de Mairiporã, às 4h03, perto do pedágio na Fernão Dias onde aconteceu a emboscada. Confrontado com a imagem, Ferretti Junior admitiu aos investigadores ter ido a cidade naquela madrugada. E fez uma revelação: estava em companhia de Jorge Santos, o então presidente da Mancha Verde, que o convocou para resolver um “salve” _questão que envolve facção criminosa.
Ferretti afirmou em depoimento à policia, em 5 de dezembro de 2024, ter sido chamado por Jorge Santos, na madrugada de 27 de outubro de 2024, para acompanhá-lo até Mairiporã, onde "supostamente ocorreria um confronto entre torcedores organizados”.
Segundo Ferretti, no dia anterior, 26 de outubro, ele recebeu uma ligação de Jorge Santos, pedindo que se encontrassem na Rua Caraíbas, próximo do Palmeiras. O presidente da Mancha Verde informou que poderia precisar dos serviços jurídicos do advogado e pediu que ele ficasse de prontidão para qualquer chamado.
Por volta das 3h da manhã do dia 27, Jorge Santos voltou a ligar, solicitando que Ferretti fosse até o Shopping Bourbon, "vestido com roupas sociais". Segundo o advogado, o presidente da Mancha Verde disse que ir a Mairiporã, pois havia a possibilidade de um confronto entre torcidas e ele queria a presença de um advogado no local.
Contudo, Ferretti afirmou que o real motivo da ida até Mairiporã seria um “salve” — determinação de facção criminosa — que poderia colocar a vida de Jorge Santos em risco caso houvesse um conflito. O advogado não citou diretamente o nome do PCC, mas “salves" no Estado de São Paulo só partem da facção criminosa. De acordo Ferretti, "o dirigente da Mancha Verde temia pela própria segurança e acreditava que sua presença poderia evitar o embate entre torcidas".
O advogado relatou que deixou São Paulo por volta das 3h10 e chegou ao pedágio de Mairiporã às 3h40. Após passar pelo pedágio, seguiram até uma rua que dava acesso à rodoviária, onde permaneceram por cerca de 20 a 25 minutos. Durante esse tempo, Jorge Santos tentou contato com torcedores que supostamente estariam na região para o confronto, mas não obteve resposta.
Sem conseguir contato, eles decidiram trafegar no sentido contrário da rodovia Fernão Dias. Ferretti disse não saber exatamente o nome da via onde estavam. Como não encontraram ninguém, optaram por retornar.
Na volta, antes de chegarem à rodovia, encontraram três homens próximos a um estacionamento onde vários carros estavam parados. Jorge Santos perguntou onde estariam os demais torcedores, e o grupo informou que a rota dos ônibus da torcida do Cruzeiro havia sido alterada devido ao fechamento do acesso ao Rodoanel. Os três homens garantiram que o conflito entre as torcidas não aconteceria mais.
Diante dessa informação, Jorge Santos decidiu voltar São Paulo, pois, segundo ele, não haveria mais necessidade da presença do advogado.
Poucos dois dias após o assassinato de José Victor, a polícia recebeu uma informação via Disque Denúncia, indicando que uma pequena picape teria sido utilizada para transportar parte das barras de ferro usadas no ataque aos cruzeirenses e que o dono do veículo costumava participar de brigas de torcidas de futebol.
O denunciante citava a placa do carro e que seu dono trabalhava com usinagem. Também revelou que ele aparecia em imagens dos espancamentos postadas nas redes sociais.

Novamente, os policiais assistiram horas de imagens de dezenas de câmeras de segurança da Prefeitura de Mairiporã até chegarem a uma picape Montana que rodou pela cidade em um intervalo entre 3h23 e 5h23 do domingo (27). Em uma das paradas, a pequena picape (placa FFA-5H92) ficou em um estacionamento usado como base pelos integrantes da Mancha Verde antes de ataque contra a Máfia Azul.
Os registros da pequena picape levaram a polícia até seu proprietário: Jeovan Fleury Patini, de 47 anos, morador de São José dos Campos, interior de São Paulo.
Em 1º de novembro, quatro dias após a morte do cruzeirense José Victor, Jeovan Patini foi preso, e sua picape e o telefone celular apreendidos.
Ele também havia sido uma das 14 vítimas palmeirenses espancadas pela Máfia Azul, em setembro de 2022, durante o confronto em Carmópolis de Minas.
Ao analisar as conversas de Jeovan Patini no WhatsApp, os investigadores identificaram dois interlocutores suspeitos. A geolocalização da linha telefônica também o colocou no local do ataque contra a Máfia Azul, segundo a investigação.
Na primeira, com um contato salvo como Eurico, Patini enviou uma mensagem às 8h23 da manhã de domingo (27), pouco tempo após o ataque contra os cruzeirenses:
JEOVAN: "De alma lavada. Hoje é meu dia. Ninguém sai devendo nóis. Daqui a pouco chega as notícias."
A outra conversa suspeita ocorreu na tarde do domingo do ataque, com um contato registrado como ART Novo:
ART NOVO: "Ontem fizemos o que nóis tinha que fazer."
JEOVAN: "Foi o fechamento de ouro."
ART NOVO: "Tinha cara gritando dentro do ônibus kkkkk."

ART NOVO: "Apanharam bem."
JEOVAN: "Quando pegou fogo, os cara pulou fora kkkkkk."
ART NOVO: "Será que vai dar algum B.O.?" "Eu coloquei toca, pra se esconder."
ART NOVO: "Um ficou torradinho."
JEOVAN: "...Foi pesado, cena de terror. Eu vi certinho quando começou o fogo... O cara morreu porque é um bunda mole, comédia do caralho, se trancou no banheiro."
Os policiais rastrearam o número de celular de ART Novo e descobriram que a linha estava registrada em nome do motoboy Alekssander Ricardo Tancredi, de 32 anos e cujas iniciais correspondem a ART. Assim como Jeovan Patini, ele também foi um dos palmeirenses feridos pelos cruzeirenses na briga entre as torcidas em setembro de 2022.
Três conexões do telefone celular de Alekssander Tancredi com antenas de Mairiporã o colocaram na área e horário do ataque contra os cruzeirenses: às 4h22, 5h38 e 6h32 daquele domingo (27).

O despachante Diego Machado Sardella, de 37 anos, também teve seu carro, um T-Cross (placa FAU7H07), gravado por câmeras de segurança perto do ataque. Eram 3h22 do domingo (27) quando o veículo apareceu em Mairiporã, mesmo ele sendo morador de Santana de Parnaíba, cidade na região oeste da Grande São Paulo e distante 56 km do local da emboscada. Na casa de Sardella, a polícia apreendeu roupas da Mancha Verde.

Outro membro da Mancha Verde que, segundo os investigadores, utilizou um carro registrado em nome de um terceiro para participar da emboscada contra a Máfia Azul foi o empresário Rodrigo Santander, de 44 anos.
As imagens analisadas mostram um Space Fox (placa EJL-7962) circulando às 3h03 da madrugada de domingo, horas antes do ataque.
Rodrigo Tosin reside em Santo André, no ABC Paulista, a cerca de 50 km do local onde o veículo, em nome da mulher dele, foi flagrado.

O autônomo e lutador de Muay Thai Caio Cesar de Souza Guilherme, de 33 anos, usou a própria motocicleta, uma Yamaha Fazer (Placa DVE6B93), para ir enfrentar os cruzeirenses. A mesma câmera que gravou Rodrigo Tosin, seu amigo de rede sociais, também registrou a moto às 3h31. Caio Guilherme, conhecido como Caio Cesar Pitbull, vive em Carapicuíba, cidade na região oeste da Grande São Paulo, a 60 km de Mairiporã.
Caio Guilherme já havia aparecido nos radares das autoridades em 2022, também envolvido em outras brigas entre membros da Mancha Verde e torcedores de times rivais do Palmeiras.
O eletricista automotivo Marcos Moretto Junior, de 32 anos, membro da Mancha Verde, foi um dos 21 palmeirenses presos em 5 de junho de 2016, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF), após uma briga contra torcedores do Flamengo que deixou um homem de 47 anos gravemente ferido e teve de ser internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital de Base.

Outros dois flamenguistas, também espancados pelos palmeirenses, passaram 24 horas internados e receberam alta médica. Por conta do gás de pimenta usado pela polícia para afastar os palmeirenses dos flamenguistas, o início do segundo tempo do jogo foi atrasado em dez minutos.
Naquele domingo, em que o Palmeiras venceu o Flamengo por 2 a 1, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, outro dos 21 detidos pela Polícia Militar foi Felippe Mattos dos Santos, o Fezinho, então com 23 anos. Quase dez anos depois, ele seria vice-presidente da Mancha Verde.
Devido à violência contra os torcedores do Flamengo, Marcos Moretto e outros nove dos 21 detidos inicialmente foram processados com base no artigo 41-B do Estatuto de Defesa do Torcedor. Esse artigo prevê responsabilidade penal para líderes de torcidas organizadas que incitam ou participam de atos violentos. Outros quatro dos 21 presos foram processados por tentativa de homicídio contra o flamenguista de 47 anos, que ficou gravemente ferido no confronto.
Em dezembro de 2017, Marcos Moretto aceitou a transação penal proposta pelo Ministério Público de permanecer um ano afastado dos estádios de futebol e sem assistir aos jogos do Palmeiras. Sempre que o time jogasse, ele deveria se apresentar à Justiça duas horas antes do início das partidas e só poderia ir embora uma hora depois do fim dos jogos. Também teve de cumprir uma pena alternativa de 360 horas de serviços prestados à sociedade. O processo foi encerrado em maio de 2019.
A polícia passou a suspeitar da participação de Marcos Moretto no ataque contra a Máfia Azul após descobrir que seu veículo, um Nissan Livina, foi flagrado por câmeras de segurança próximo ao pedágio da Fernão Dias.
As imagens registraram o carro chegando a Mairiporã às 3h37 e saindo da cidade às 5h28 daquele domingo (27). Marcos Moretto residia em Pirituba, zona oeste de São Paulo, a 56 km do local da emboscada.
Outro investigado foi Alan de França Soares, de 40 anos, motorista de aplicativo e morador de Perus, também na zona oeste de São Paulo, a 40 km de Mairiporã.
Seu veículo, um Chevrolet Ônix (placa FXO-0995), foi registrado por câmeras na região do ataque contra a Máfia Azul às 3h04, 4h49, 5h15 e 5h16.
Marcos Moretto também já havia sido identificado pela polícia como um dos palmeirenses que, em julho de 2020, invadiram a Neo Química Arena, do Corinthians, em Itaquera, zona leste de São Paulo, e picharam arquibancadas, gramado, traves, placas de publicidade e túnel de saída de emergência com “SEP [Sociedade Esportiva Palmeiras]”, “8 x 0”, “Eterno Freguês”, “Cássio Frangueiro e Freguês”, “Maldito Gambá”, “É os Porco” e “Vai tomar no cu gambá” (SIC).
Poucos dias após a invasão da arena corintiano, o palmeirense Gabriel Santoro Santos foi identificado e detido pela polícia e denunciou Marcos Moretto e outros três palmeirenses.

Alan de França Soares é membro da Mancha Verde há 11 anos. Em 9 de fevereiro de 2023, após jogo em que o Palmeiras venceu a Inter de Limeira por 2 a 0, no Allianz Park, ele foi identificado pela polícia como um dos envolvidos em um confronto contra corintianos.
Naquela quinta-feira, o Corinthians havia sido derrotado por 2 a 0 pelo São Bernardo, e, na volta do jogo, os ônibus com torcedores corintianos foram atacados por palmeirenses no Viaduto Grande São Paulo, na Avenida do Estado, no Ipiranga, zona sul de São Paulo, à 1h29 do dia 10.
Durante o ataque, os agressores gritavam "Aqui é a Mancha", segundo relato do motorista de um dos ônibus atingidos.
Dois corintianos _Rui Luiz Bento Assunção e Marcos de Jesus Varges_ ficaram gravemente feridos e foram encontrados desmaiados pela Polícia Militar. Ambos foram internados devido à gravidade dos ferimentos na cabeça, causados por pauladas.
Entre os envolvidos na confusão estava o motoboy Alekssander Tancredi, que havia sido vítima do ataque da Máfia Azul contra palmeirenses em setembro de 2022 e, dois anos depois, suspeito de participação no revide da Mancha Verde contra os cruzeirenses, em outubro de 2024. Na briga contra os corintianos, Tancredi chegou a ser baleado no pescoço e precisou ser internado.
Na mesma investigação, Luciano Sérgio Tancredi, irmão de Alekssander Tancredi, foi interrogado pela polícia sobre uma fotografia em que aparecia segurando um instrumento musical com as identificações da torcida organizada corintiana Gaviões da Fiel.
A explicação dada por Luciano foi que a imagem era antiga, de 2019 ou 2020, e havia sido tirada durante uma festa na sede da Torcida Jovem do Goiás, em Goiânia (GO), aliada da Mancha Verde. Ele negou que a foto tivesse sido registrada após o ataque contra os corintianos no Ipiranga, em São Paulo.
Em agosto de 2023, o processo sobre o ataque dos palmeirenses contra os corintianos foi arquivado, pois a polícia não conseguiu identificar quem, de fato, tentou matar os membros da Gaviões da Fiel, Rui Luiz Bento Assunção e Marcos de Jesus Varges, além do integrante da Mancha Verde, Alekssander Tancredi.
Lucas Henrique Marchelli de Lima, de 29 anos, ferramenteiro e integrante da sub-sede da Mancha Verde de Bragança Paulista — cidade localizada a cerca de 42 km de Mairiporã —, foi mais um palmeirense já conhecido da polícia preso pela emboscada que resultou no assassinato do cruzeirense José Victor.
Seu veículo, um Hyundai I30, foi flagrado seis vezes por câmeras de segurança na área da emboscada, nos seguintes horários: 3h26, 4h26, 4h41, 4h43, 5h16 e 5h18.
Em 5 de junho de 2022, Lucas Lima e outros 14 integrantes da Mancha Verde foram flagrados pela polícia em uma Perua Kombi, na Avenida Estevão Diamant, em Bragança Paulista, a 4 km do Estádio Nabi Abi Chedid - Arena Red Bull.
O grupo transportava fogos de artifício, socos ingleses, capacetes e balaclavas. Segundo a investigação, os palmeirenses se preparavam para atacar torcedores da Torcida Organizada Camisa 12, do Sport Club Internacional, de Porto Alegre (RS), que naquela noite enfrentou o Red Bull Bragantino e venceu por 2 a 0.

Os 15 palmeirenses foram enquadrados no Artigo 41-B da Lei nº 10.671/03, do Estatuto de Defesa do Torcedor, que pune líderes de torcidas organizadas envolvidos em tumultos e violência. No entanto, todos foram beneficiados com uma transação penal.
Lucas Lima, por exemplo, conseguiu encerrar o processo pagando três parcelas de R$ 220, evitando assim uma possível condenação com pena de 1 a 2 anos de prisão.
O crime imputado aos 15 palmeirenses da Mancha Verde foi "portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência”.

Dono de um Ford Edge (placa FMW3C13), o comerciante Jesus Pedrosa Almeida, 23 anos, mora em Heliópolis, a 53 km de distância do ponto do ataque da Mancha Verde contra a Máfia Azul. O veículo dele foi gravado ao chegar em Mairiporã às 3h29 e deixando a cidade às 5h24.
Quando a polícia cumpriu a ordem da Justiça de busca e apreensão na cada de Jesus Almeida, foram localizados fogos de artifício, bastões de madeira escondidos em um porta violão e vários itens de vestuário com as marcas da Mancha Verde.
Outro motorista de aplicativo e integrante da Mancha Verde preso por participação no assassinato do cruzeirense José Victor foi Vinicius Sales Canuto, de 35 anos, segundo os investigadores do caso.
Morador da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, a 50 km de Mairiporã, Canuto teve seu carro, um Gol (placa PZM6D26), gravado por câmeras de segurança na cidade três vezes: às 3h29, 5h36 e 5h37 do domingo do ataque.

Vinicius Canuto já era conhecido das autoridades por envolvimento em uma briga entre torcedores, ocorrida em 31 de janeiro de 2021, no Sacomã, zona sul de São Paulo.
Naquele confronto, o corintiano Wallace Thomaz, de 29 anos, membro da Gaviões da Fiel e conhecido como Pirata, foi morto a tiros.
Segundo a polícia e o Ministério Público, o motoboy Sidney Teixeira Nicolau, de 31 anos, foi quem atirou várias vezes contra os corintianos. Um dos disparos também feriu Wallace Augusto Nascimento dos Santos, de 27 anos. Ele precisou ser operado, mas sobreviveu.
Imagens de câmeras de segurança foram as principais provas contra o Sidney Nicolau, que, em setembro de 2024, foi condenado a 9 anos de prisão pelos crimes.
Naquele sábado, 31 de janeiro de 2021, o Palmeiras venceu o Santos por 1 a 0, na final da Copa Libertadores da América, disputada no Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).
Vinicius Canuto foi o responsável pela locação de um ônibus para levar integrantes da Mancha Verde até Heliópolis, onde aconteceu uma reunião de torcedores para assistir à final.
O motorista do ônibus locado revelou à polícia que Vinicius Canuto ordenou a parada do coletivo no local onde aconteceu a briga com os membros da Gaviões da Fiel. Além do ônibus, o grupo era escoltado por carros menores que também transportavam palmeirenses. Por conta das pancadas recebidas, Canuto teve de operar o braço esquerdo.
O advogado da Mancha Verde, Luiz Ferretti, também preso por participação na emboscada contra a Máfia Azul foi quem ajudou nas defesas de Vinicius Canuto e Sidney Nicolau.
Lucas Henrique Zanin dos Santos, de 29 anos, torcedor do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro (RJ), e membro da torcida organizada Força Jovem, atuou ao lado dos aliados da Mancha Verde no ataque contra a Máfia Azul.
Foi o que a polícia descobriu ao rastrear um Hyundai HB 20, gravado pelas câmeras de segurança de Mairiporã com um adulteração na placa. Os investigadores notaram que uma fita adesiva foi usada para transformar o 0 da placa original (GBY4B40) em 8.

O carro do vascaíno foi gravado às 3h20 do domingo do ataque em Mairiporã. Lucas Zanin mora em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, a 220 km de local da emboscada contra os cruzeirenses.
Um dos endereços de Zanin declarados por ele à Justiça é o da sede da torcida Força Jovem do Vasco em São Paulo, no 25 da Rua Caraíbas, quase na frente do Allianz Park.
Xandão da Mancha é procurado
O motorista Alexandre Santos Medeiros, de 34 anos, é foragido da Justiça por suspeita de participação na emboscada da Mancha Verde contra a Máfia Azul. Conhecido na torcida como "Xandão Mancha Verde", ele estava com seu Nissan Versa (placa FKN2F33) em Mairiporã no período do ataque, de acordo com a investigação. O carro dele foi gravado às 3h29 e às 6h27 perto de onde aa emboscada. Medeiros mora em Osasco, a 50 km distante.

Alexandre Medeiros também foi investigado pela polícia em fevereiro de 2023, quando membros da Mancha Verde e da Gaviões da Fiel entraram em confronto, no Viaduto Grande São Paulo, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Quando foi interrogado pela polícia, Medeiros negou participação na confusão, mas assumiu que foi até o local do confronto naquela madrugada de 10 de fevereiro de 2023.
No confronto entre Máfia Azul e Mancha Verde, em Carmópolis de Minas (MG), em setembro de 2022, Alexandre Medeiros também esteve envolvido, mas não chegou a ser indiciado pela polícia mineira por participação na pancadaria que terminou com baleados e feridos.
"As vítimas foram totalmente subjugadas por torcerem por time adversário e, ainda, tiveram os bens subtraídos. Segundo consta, chegaram a desfalecer em razão dos golpes sofridos”. E "os réus pertencem a uma torcida organizada ("Mancha Verde") e se intitulam "Linha A Z/O", cujo lema é: "Sozinhos somos embaçados. Juntos somos sinistros”.
Essas descrições foram feitas pelo juiz Ulisses Augusto Pascolati Junior, do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao narrar parte dos crimes pelos quais Cesar Augusto Pinheiro de Mello, de 33 anos, membro da Mancha Verde, foi condenado, em novembro de 2016, a oito anos e cinco meses de prisão. Em 2019, a pena foi revista e baixou para sete anos e três meses. Um dos defensores de Cesar Mello no processo foi o advogado Luiz Ferretti, da Mancha Verde.
Cesar Mello e outros cinco integrantes da Mancha Verde foram responsabilizados por espancar e roubar os corintianos João Vitor de Souza Desidério, Leonardo Lopes Dias e Igor Vinicius Carvalho da Silva, em 1º de outubro de 2014, dentro de um trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), entre as estações Pirituba e Piqueri.
As vítimas seguiam para o Estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste de São Paulo, mas, devido ao ataque dos palmeirenses, não puderam assistir à vitória do time contra o Atlético por 2 a 0, pelas quartas de final da Copa do Brasil de 2014.
Dez anos após o crime contra os corintianos, e após cumprir parte de sua pena na Penitenciária de Getulina, no interior de São Paulo, Cesar Mello voltou a ser investigado por novos crimes cometidos ao lado de outros membros da Mancha Verde, dentre eles o advogado Luiz Ferretti. Ele também surgiu como suspeito no caso do ataque à Máfia Azul.
Um Ford Ka, registrado em nome de Cesar Mello, foi flagrado por câmeras de segurança chegando a Mairiporã às 3h05 da madrugada da emboscada. Segundo a polícia, a fuga do veículo foi captada às 5h25. Mello vive em Perus, zona oeste de São Paulo, distante 30 km da cidade.
A placa do Ka estava adulterada com fita adesiva. Em vez da original PVY7D09, as câmeras registraram BVY7B09. Como essa combinação não constava nos bancos de dados policiais, a investigação rastreou as informações e chegou aos dados reais do veículo.
Cesar Mello teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas está foragido.
As câmeras de segurança da Prefeitura de Mairiporã também foram fundamentais para os investigadores identificarem o 20º suspeito da emboscada que resultou na morte do cruzeirense José Victor. Renato Mendes da Silva, de 27 anos, membro da Mancha Verde, chegou à cidade às 3h24 da madrugada do ataque e permaneceu até as 7h42. O Chevrolet Ônix dele (placa FNP1E86) o denunciou.
Pelas imagens, ele foi um dos palmeirenses que ficaram mais tempo em Mairiporã naquele domingo (27). Saindo de sua casa, no Parque Colonial, zona leste de São Paulo, Renato Mendes percorreu ao menos 55 km até o ponto do ataque, na Fernão Dias, para se juntar aos demais torcedores que atacaram os cruzeirenses. O mandado de prisão preventiva (com tempo indeterminado) contra ele tem validade até dezembro de 2026.

Os 20 membros da Mancha Verde foram denunciados pelo Ministério Público e a Justiça os tornou réus seguintes crimes:
Homicídio triplamente qualificado:
Motivo torpe: O crime foi motivado por rivalidade entre torcidas organizadas. Meio cruel e perigo comum: A vítima teve grande sofrimento antes da morte, e a ação colocou outras pessoas em risco (exemplo: espancamento brutal e incêndio). Recurso que dificultou a defesa da vítima: A vítima foi surpreendida e não teve chances de reação (exemplo: emboscada).
Quinze tentativas qualificadas de homicídio, com as mesmas qualificadoras acima. Por conta dos espancamentos contra os outros integrantes da Máfia Azul.
Incêndio criminoso: utilizado para causar danos e ocultar evidências.
Organização criminosa: pela atuação coordenada do grupo na execução do ataque.
Atualmente, por ordem do juiz Cristiano Cesar Ceolin, 15 dos 20 palmeirenses da Mancha Verde estão presos preventivamente (sem prazo determinado) pela emboscada contra a Máfia Azul e pela morte de José Victor.
Estão no CDP (Centro de Detenção Provisória) 2 de Guarulhos, na Grande São Paulo: Jorge Santos (presidente da Mancha Verde), Fezinho (vice-presidente da Mancha), Leandrinho, Aurélio Lima, Jeovan Patini, Alekssander Tancredi, Diego Sardella, Rodrigo Tosin, Caio Guilherme, Marcos Moretto, Alan Soares, Lucas Lima, Jesus Almeida, Vinicius Canuto e Lucas Zanin (aliado da Força Jovem do Vasco).
No fim de dezembro de 2024, quando cumpria prisão temporária de 30 dias, no CDP 2 do Belém, zona leste de São Paulo, Jorge Santos tentou ser transferido para o “Presídio de Caras” (referência à revista de celebridades “Caras”), como é conhecido a Penitenciária 2 de Tremembé, no interior paulista, e onde ficam presos por crimes com grande repercussão na mídia, como o ex-jogador Robinho, ex-policiais e outros detentos que podem sofrer retaliações da massa carcerária.
Tremembé 2 é considerada uma prisão de “seguro”, ou seja, um lugar onde ficam reunidos detentos que podem sofrer represálias por parte da massa carcerária e, principalmente, por parte dos presidiários que fazem parte da facção criminosa PCC.
“Há forte e notória rivalidade entre a Mancha Verde, antes presidida por Jorge, e outras organizadas do Estado de São Paulo, as quais certamente possuem representantes dentro do sistema prisional paulista”. E, "no mais, qualquer indivíduo dentro do cárcere poderia ficar ciente dos fatos imputados ao impetrante [Jorge Santos], tendo em vista a publicidade do caso, e querer fazer justiça com as próprias mãos, como infelizmente não é incomum dentro das prisões”.
Os argumentos da defesa de Jorge Santos não surtiram efeito e ele foi do CDP 2 do Belém para o CDP 2 de Guarulhos, onde se juntou aos outros 14 membros da Mancha Verde, inclusive com seu braço direito e vice-presidente da torcida, Fezinho, outro que pediu à Justiça para ficar no “Presídio de Caras” e também não foi atendido.
O advogado Luiz Ferretti está em prisão domiciliar. No Brasil, advogados têm direito a prisão especial antes da condenação definitiva, ou seja, enquanto ainda respondem a processo criminal e não há sentença transitada em julgado.
Esse direito está previsto no Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/1994), artigo 7º, inciso V, que determina: “[Advogado] Não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado-Maior, com instalações e comodidades condignas e, na sua falta, em prisão domiciliar”.
Sala de Estado-Maior é um local separado do convívio com presos comuns, geralmente situado em unidades militares ou instalações de segurança. Não é uma cela comum e deve garantir condições dignas ao advogado. Sem Sala de Estado-Maior disponível, o advogado pode cumprir a prisão em regime domiciliar.
Já Neilo Silva, Alexandre Medeiros, Cesar Mello e Renato Silva têm prisão decretada e são procurados pela Justiça.
Ainda não há data prevista para um possível júri contra os 20 réus.
O que dizem as defesas dos réus:
Os advogados dos acusados de participação na emboscada contra torcedores da Máfia Azul contestaram as denúncias do Ministério Público de São Paulo, apontando falta de provas concretas, ausência de individualização das condutas e nulidades processuais. Entre os principais argumentos das defesas, estão a insuficiência de elementos que comprovem o envolvimento direto dos réus no crime e a necessidade de respeito ao devido processo legal.
Jorge Santos contesta denúncia e pede produção de provas
Os advogados de Jorge Luis Sampaio Santos, presidente da Mancha Verde, sustentam que a denúncia não individualiza sua conduta, tratando-o genericamente como um dos responsáveis pela emboscada. A defesa alega que nenhuma testemunha apontou Santos como participante direto do crime e que sua posição de liderança na torcida não pode ser usada como justificativa para imputação de responsabilidade penal.
Os advogados solicitaram a oitiva de testemunhas, incluindo policiais e vítimas, para esclarecer os fatos e garantir o direito ao contraditório. Também pediram que a Justiça analise criteriosamente as provas, destacando que não há evidências diretas ligando Santos à execução da emboscada.
Defesa de Felipe Mattos dos Santos pede revogação da prisão
A defesa de Felipe Mattos dos Santos, conhecido como Fezinho, argumenta que sua prisão é desnecessária e sem justificativa legal, já que ele não possui antecedentes criminais e se apresentou voluntariamente às autoridades.
Os advogados questionam os elementos da acusação, que se baseiam em uma imagem de baixa qualidade e registros de telefonia que não comprovam sua participação na ação criminosa. Além disso, criticam a falta de acesso integral às provas, afirmando que a acusação utilizou apenas trechos selecionados de vídeos e registros telefônicos, impedindo a defesa de analisá-los por completo.
O Ministério Público sustentou que a prisão de Fezinho era necessária para garantir a ordem pública, alegando seu vínculo com a torcida organizada. No entanto, a defesa rebate, afirmando que não há provas de que ele tenha envolvimento em confrontos anteriores. Com base nisso, os advogados pediram sua liberdade ou a aplicação de medidas cautelares menos severas, como tornozeleira eletrônica.
Defesa de Jesus Almeida, Leandro dos Santos e Lucas Zanin: denúncia genérica
Os advogados de Jesus Pedrosa Almeida, Leandro Gomes dos Santos e Lucas Henrique Zanin dos Santos alegam que a denúncia não individualiza suas condutas, tornando impossível o exercício da ampla defesa.
Eles afirmam que não há provas concretas de que os réus participaram da emboscada e sustentam que a mera proximidade do local do crime não pode ser usada como prova de envolvimento.
A defesa pediu à Justiça o arquivamento da denúncia ou, caso o processo continue, a produção de todas as provas necessárias para garantir a absolvição dos acusados.
Foragido, Neilo Silva apresenta álibi e pede rejeição da denúncia
A defesa de Neilo Ferreira e Silva contesta sua inclusão no processo, alegando que ele possui um álibi comprovado. Segundo seus advogados, Neilo participava como treinador no evento de artes marciais STF Combat Outubro Rosa VII, no Clube Atlético Juventus, em São Paulo, no momento da emboscada.
Os advogados anexaram vídeos e listas oficiais de participantes do evento como prova de que ele não poderia estar no local do crime. A defesa também alega violação do devido processo legal e pede a revogação da prisão preventiva ou, alternativamente, a aplicação de medidas cautelares.
Diego Sardella pede arquivamento da denúncia
Os advogados de Diego Machado Sardella afirmam que não há provas que o vinculem ao ataque. A denúncia, segundo a defesa, é genérica e não especifica sua participação na ação criminosa.
Além disso, os advogados sustentam que não há imagens, testemunhos ou evidências diretas que demonstrem sua ligação com o crime. Por isso, solicitaram que a denúncia seja rejeitada e o processo arquivado.
Rodrigo Tosin questiona erro processual e pede revogação da prisão
A defesa de Rodrigo Santander Tosin apontou um erro processual que o classificou como foragido, mesmo ele já estando preso no CDP 2 de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Os advogados pediram a correção desse equívoco, além da revogação da prisão preventiva, sustentando que não há justificativa para sua manutenção na cadeia. Eles argumentam que Tosin tem residência fixa e não representa risco à ordem pública, sugerindo medidas cautelares menos severas.
Defesa de Luiz Ferretti alega que ele atuava apenas como advogado da torcida
Os advogados de Luiz Ferretti Júnior destacam que ele atua há mais de 12 anos como advogado da Mancha Verde e da escola de samba homônima, e que sua presença na emboscada se deu apenas para prestar suporte jurídico ao presidente da torcida, Jorge Santos.
A defesa argumenta que a denúncia não individualiza sua conduta criminosa, e que não há provas de que Ferretti tenha participado do planejamento ou da execução do crime. Por isso, pediram a rejeição da denúncia e sua liberação imediata.
Defesa de Marcos Moretto aponta nulidades processuais
Os advogados de Marcos Moretto Júnior afirmam que não há provas que o vinculem à emboscada, questionando a cadeia de custódia das provas apresentadas pela acusação.
A defesa argumenta que a denúncia é genérica e não descreve sua participação específica, tornando o processo nulo. Os advogados pedem a revogação da prisão preventiva e, caso o processo continue, a produção de provas que demonstrem sua inocência.
Defesa de Alan França, Alekssander Tancredi e Caio Guilherme pede arquivamento
Os defensores dos três réus alegam que a denúncia não individualiza suas condutas, dificultando o exercício da ampla defesa. Os advogados questionam a falta de provas concretas e pedem que a denúncia seja arquivada ou que os réus possam apresentar provas que confirmem sua inocência.
Defesa de Vinícius Canuto aponta falta de provas
Os advogados de Vinícius Sales Canuto alegam que a acusação contra ele se baseia apenas em registros de telefonia e presença na região do crime, sem provas diretas de envolvimento.
A defesa solicitou o arquivamento da denúncia ou, caso o processo prossiga, a produção de todas as provas necessárias para demonstrar sua inocência.
Aurélio Andrade de Lima pede revogação da prisão
A defesa de Aurélio Andrade de Lima pediu um habeas corpus alegando falta de provas e constrangimento ilegal na sua prisão preventiva. Os advogados argumentam que não há elementos concretos que justifiquem sua detenção e pedem sua liberdade ou a aplicação de medidas cautelares.
Procurados pela Justiça, Alexandre Medeiros e Renato da Silva pedem arquivamento
As defesas de Alexandre Santos Medeiros e Renato Mendes da Silva, procurados pela Justiça pela emboscada que matou o cruzeirense José Victor, alegam falta de individualização das condutas e ausência de provas materiais. Os advogados pediram o arquivamento da denúncia ou que os réus possam prestar depoimento por videoconferência.
Defesa de Lucas Marchelli contesta acusação e pede arquivamento do processo
Os advogados de Lucas Marchelli alegam que não há provas concretas que vinculem seu cliente à emboscada contra torcedores da Máfia Azul e, por isso, solicitaram à Justiça o arquivamento do processo, alegando inépcia da denúncia e ausência de justa causa.
A defesa sustenta que a única evidência apresentada contra Marchelli é o registro de trânsito de seu veículo nas proximidades do local do crime, o que, segundo os advogados, não comprova sua participação direta na ação criminosa.
Além disso, os advogados destacam que a geolocalização do celular do réu não indica sua presença na emboscada. A peça defensiva também ressalta que o nome de Marchelli não foi citado por nenhuma testemunha ou por outros réus identificados no caso.
Diante da falta de provas concretas, os advogados pediram à Justiça a rejeição da denúncia e o arquivamento do processo.
Jeovan Fleury Patini e Cesar Augusto Pinheiro de Mello
As defesas de Jeovan Fleury Patini e Cesar Augusto Pinheiro de Mello, que está foragido, não foram localizadas pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestações dos advogados de ambos.
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