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Deivis Chiodini completa três anos na ESPN e fala sobre amor ao futebol americano

D técnico às cabines do canal esportivo

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Lucas Boustani
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 16/10/2025
19:10
Deivis Chiodini está há três anos na ESPN (Foto: Reprodução)
imagem cameraDeivis Chiodini está há três anos na ESPN (Foto: Reprodução)

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“Quando eu morrer, jogue minhas cinzas na sideline, não existe lugar melhor no mundo.” A frase resume a intensidade da relação de Deivis Chidini com o futebol americano. Ex-treinador da modalidade e hoje comentarista da ESPN, ele completou, no último mês, três anos no time de talentos da emissora, conquistando cada vez mais espaço nas transmissões da NFL.

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Apaixonado pelo esporte desde a adolescência, Chidini construiu uma trajetória marcada pela dedicação: passou pelos campos no Brasil, ajudou a desenvolver times e se consolidou como criador de conteúdo em sites e podcasts especializados. Essa experiência foi decisiva para moldar o olhar analítico e a linguagem acessível que hoje conquistam tanto fãs veteranos quanto iniciantes da NFL.

Na ESPN, Deivis vive a melhor fase da carreira. Além de estar presente semanalmente na cobertura da liga, também assumiu transmissões de outros esportes, como Série B e futebol europeu, sempre reforçando a preparação detalhada como marca registrada. Nesta entrevista, ele relembra momentos como técnico, comenta os desafios de popularizar o futebol americano no Brasil e projeta os próximos passos da modalidade no país.

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Entrevista completa com Deivis Chidini

Você foi treinador de futebol americano. Como foi essa experiência e como ela ajudou na sua formação?

Deivis Chidini: Foi algo que mudou minha vida em todos os sentidos. A forma como você enxerga o futebol americano também muda muito. Lidar com um grupo de pessoas que abre mão de muitas coisas na vida pessoal para viver o esporte é espetacular. A união que se cria por conta das dificuldades - em especial financeiras - transcende algo que possa ser descrito em palavras.

Fora isso, ter sido treinador me fez estudar mais e mais, já que no futebol americano você não pode ficar estático. Facilita entender as decisões de treinadores e jogadores, conseguindo olhar por uma ótica além daquela da decisão tomada no momento. É claro que são níveis completamente diferentes de jogo, mas a dinâmica é a mesma e algo que por vezes parece absurdo, quando olhado com mais calma, não é.

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E como foi ser técnico de uma modalidade que ainda está em fase de crescimento com o grande público?

DC: Sobre o público, tive a felicidade de trabalhar em times que tinham apoio em suas cidades. Não era um esporte de massa, mas vi arquibancadas com 3, 4 mil pessoas torcendo. São momentos que levarei para sempre no meu coração. Sempre digo para minha esposa: quando eu morrer, jogue minhas cinzas na sideline, não existe lugar melhor no mundo.

Você está por trás de sites especializados em futebol americano. Como foi essa passagem para a comunicação, até chegar na ESPN?

DC: Sempre gostei de me comunicar e quando adolescente, pensava em ser jornalista esportivo. Por motivos diversos, a vida me levou para outros caminhos, mas o advento da internet abriu as portas para que eu pudesse opinar, criando conteúdo. No tempo dos blogs (os jovens, talvez vocês não saibam o que é isso!), comecei a comentar os textos do Mile High Brasil, site especializado no Denver Broncos (lá pelos idos de 2013). Gostaram do que eu comentava e me chamaram para gravar podcasts. Lá conheci o Pedro Pinto, hoje na GE TV e vimos que tínhamos o Draft como paixão em comum.

Ele me apresentou o Felipe Vieira e fundamos o On The Clock, primeiro site especializado em NFL Draft, que desde 2018 produz um guia com avaliação própria de 200 prospectos. O trabalho se destacou e o Antony Curti chamou para compor o ProFootball. Logo depois, o antigo integrante do podcast saiu, e eu assumi e sigo nos dois sites até hoje.

Ao fim de 2021 criei meu canal no YouTube e em 2022, com o aumento de demanda da ESPN, apareceu a oportunidade. Fiz o teste, fui aprovado e aqui estou até hoje.

Como comentarista, você fala com grupo de torcedores fanáticos pela NFL, mas também com torcedores de primeira viagem, em uma modalidade que cresce a cada ano. Como trabalhar com essa diferença durante as transmissões?

DC: Costumo dizer que não basta saber futebol americano, é preciso saber se comunicar. Exemplo: se eu disser que o jogador no “boundary” fez uma “rota out”, mas perdeu o “leverage”, quantas pessoas vão entender? Mas eu não preciso ser raso, já que eu posso dizer que o recebedor no lado curto do campo, corta em 5 jardas para fora, mas o defensor toma a linha de passe.

É adaptar a linguagem para chegar para mais gente. Na ESPN, temos um público mais iniciado, em que não precisamos voltar no que é um first down, o que é um snap, etc. Por isso que digo e repito que estou no lugar onde mais me sinto confortável para falar de futebol americano.

Como você vê esse crescimento? O que falta para a NFL ganhar ainda mais espaço?

DC: A popularização é enorme e os canais ESPN tem muito mérito nisso. Foram anos com um canal todo voltado para a NFL o domingo inteiro. Nós vamos conseguindo atrair público mais jovem, formando base: hoje você tem pessoas que começaram 15 anos atrás vendo com seus filhos.

Contudo, o esporte tem suas dificuldades naturais. Para praticar, por exemplo: você precisa de um campo específico, muita gente e equipamentos caros. Até por isso, o flag football vem como boa alternativa.

É um processo gradual que precisa ser mantido, de forma constante, mas que exige paciência.

Você também tem feito jogos da Série B e europeus na ESPN e Disney+. Como comentarista, existe uma diferença muito grande na preparação entre o jogo do futebol americano e o futebol?

DC: Trabalhar com futebol americano me ajudou nesse processo de preparação. Quando você está acostumado a se preparar para jogos com 53 atletas de cada lado, repleto de estatísticas e leva em média mais de 3 horas, você entende que a preparação é a chave pra tudo.

Eu procuro me preparar da mesma forma, coletando o máximo de informações de cada time e entendendo que um detalhe pode ser o diferencial para quem está em casa. Tenho a máxima que comentarista tem por obrigação duas coisas: estar bem-preparado e ter coragem para opinar.

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