R$ 6,9 bilhões ou R$ 500 milhões? Entenda o valor real da SAF do Fluminense
Tricolor apresentou a proposta nesta segunda-feira (8)

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O torcedor do Fluminense foi bombardeado nos últimos dias por números astronômicos sobre a possível transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Fala-se em aporte inicial de R$ 500 milhões, em investimento total de até R$ 6,9 bilhões em 10 anos e até em assunção de dívida de R$ 871 milhões. Mas afinal: qual é o valor real da operação?
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Segundo a proposta apresentada pela Lazuli Partners e pela LZ Sports ao Conselho Deliberativo, o fundo de investidores promete um aporte de R$ 500 milhões nos dois primeiros anos da SAF. A divisão é clara: R$ 250 milhões no ato da assinatura e outros R$ 250 milhões até 24 meses depois.
Esse aporte, no entanto, é apenas a porta de entrada. O contrato prevê a obrigatoriedade de R$ 6,4 bilhões em investimentos diretos ao longo de 10 anos, o que, somado ao aporte inicial, eleva o total a R$ 6,9 bilhões. Veja os destinos do dinheiro detalhadamente:
- R$ 4,7 bilhões para folha salarial de elenco e comissão técnica;
- R$ 1,1 bilhão para contratações de atletas;
- R$ 359 milhões em formação de jogadores;
- R$ 84 milhões em melhorias no CT e em Xerém;
- R$ 143 milhões em royalties para a associação.
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Um ponto que gera dúvida entre torcedores e analistas é a origem dos R$ 6,4 bilhões previstos para o futebol em 10 anos. Embora o contrato fale em valores mínimos, não se trata de aportes garantidos pelo fundo além dos R$ 500 milhões iniciais. Na prática, o montante dependeria da receita gerada pela própria operação da SAF, como cotas de TV, patrocínios, matchday e, principalmente, venda de atletas.
Em 2023 o Fluminense teve R$ 695 milhões de receita total e, em 2024, cerca de R$ 684 milhões - números que parecem suficientes para cobrir a média de R$ 640 milhões por ano. Porém, boa parte disso já é consumida pelas despesas com futebol, que chegaram a quase R$ 400 milhões em folha e logística em 2023.
Assim, sobrariam pouco mais de R$ 200 milhões para alcançar a meta anual prevista, sem contar as obrigações adicionais, como o pagamento da dívida de R$ 871 milhões e o repasse de royalties anuais de R$ 12 milhões ao clube social e esportes olímpicos.
Na prática, isso cria dois cenários:
- ou o clube aumenta fortemente sua receita nos próximos anos, via patrocínios, sócios-torcedores e novos mercados;
- ou a LZ Sports terá de realizar novos aportes além dos R$ 500 milhões iniciais para garantir o cumprimento das metas de investimento.
Esse detalhe explica por que os pormenores do contrato serão decisivos para o futuro da SAF tricolor.
Quanto vale o Fluminense? (Valuation)
Além do aporte e dos investimentos, há a questão central do valuation, que representa o valor das ações da SAF antes da injeção de capital. A LZ Sports estima o valuation do Fluminense em R$ 260 milhões – o mais alto já calculado oficialmente em uma operação de SAF no Brasil até aqui. Na proposta, os investidores assumiriam 65% da SAF, enquanto a associação ficaria com 35% – essa divisão depende diretamente do tamanho da dívida assumida no momento do fechamento do contrato.
O valuation é o valor de mercado estimado de uma empresa ou, neste caso, de um clube transformado em SAF. Ele funciona como uma fotografia do quanto o clube vale antes de receber novos investimentos.
Esse cálculo leva em conta:
- receitas (bilheteria, TV, patrocínios, vendas de atletas);
- ativos (marca, CT, estádio, categorias de base);
- passivos (dívidas).
No caso do Fluminense, a LZ Sports estimou o valuation em R$ 260 milhões. Somando esse número a dívida atual do clube (R$ 871 milhões), o total supera o valor de R$ 1,1 bilhão.
Para compreender o custo efetivo da SAF do Fluminense, é preciso considerar três componentes:
Ou seja, a operação não pode ser resumida ao aporte de R$ 500 milhões ou aos R$ 6,9 bilhões projetados. O valor real resulta da soma entre compra de ações, investimento futuro e assunção da dívida, o que certamente coloca o montante acima dos números mais divulgados nas redes sociais.
A dúvida entre os R$ 500 milhões de aporte e os R$ 6,9 bilhões em 10 anos reflete a complexidade de um processo que vai além de números isolados. O que define o verdadeiro tamanho da SAF do Fluminense é a soma entre valuation, aportes futuros e dívida assumida.
Se aprovado por conselheiros e sócios, o acordo poderá colocar o Tricolor em um patamar de investimento comparável ao dos maiores clubes do Brasil, abrindo um novo capítulo na história de Laranjeiras. Mas, como lembram especialistas, o impacto não estará apenas nos bilhões movimentados, e sim na gestão eficiente e sustentável desses recursos.
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