Federação da Dinamarca estuda desfiliação da Fifa e não apoiará reeleição de Gianni Infantino

Jesper Moller, presidente da Confederação Dinamarquesa de Futebol, concedeu coletiva nesta quarta-feira, em Doha, no Qatar

Eriksen - Dinamarca
Dinamarca levou protesto contra o Qatar ao uniforme, com as marcas quase transparentes (Miguel Medina/AFP)

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Além das manifestações contrárias por parte de jogadores e técnico Kasper Hjulmand, a federação de futebol da Dinamarca cogita tomar medidas mais sérias contra a Fifa após o veto ao uso da braçadeira 'One Love' na Copa do Mundo. Em coletiva nesta quarta, o presidente da entidade, Jesper Moller, afirmou que cogita a desfiliação da Fifa, junto de outros países nórdicos. Além disso, não apoiará a reeleição de Gianni Infantino em 2023.

- Não é uma decisão que foi tomada agora. Temos sido claros sobre isso por um longo tempo. Estamos discutindo isso na região nórdica desde agosto. Eu pensei sobre isso novamente. Imagino que podem haver problemas se a Dinamarca sair sozinha. Mas veremos se não podemos dialogar sobre isso. Tenho que pensar na questão de como restaurar a confiança na Fifa. Devemos avaliar o que aconteceu e então devemos criar uma estratégia junto dos  colegas nórdicos - afirmou Moller, segundo o "The Athletic":

- A situação em que nos encontramos é simplesmente extraordinária. Eu nunca experimentei nada parecido. Não estou apenas desapontado, estou com raiva. Estou envolvido desde 1998. É totalmente inaceitável o que temos de vivenciar em várias reuniões, conferências de imprensa. Racismo, hipocrisia e assim por diante - concluiu.

presidente da federação da Dinamarca, Jesper Moller
Jesper Moller, presidente da federação da Dinamarca (Reprodução/Twitter)

Os atritos entre a Fifa e a federação dinamarquesa são antigos e tornaram-se mais frequentes com a escolha do Qatar como sede da Copa do Mundo de 2022, por conta das várias denúncias de violações dos direitos humanos e direitos dos trabalhadores e imigrantes no país. A Dinamarca é uma das mais ativas e tem resistido às ações da Fifa.

O episódio mais recente e que pode ter tornado insustentável a relação foi o veto ao uso da braçadeira 'One Love', com as cores do arco-íris, em apoio à causa LGBTQIA+. Os capitães de sete seleções europeias tinham firmado o compromisso de utilizá-la, mas, na véspera do torneio, a Fifa proibiu e definiu que, em caso de uso, o jogador seria advertido com cartão amarelo. Segundo Jakob Jensen, CEO da federação da Dinamarca, essa seria a punição mais branda.

- Dia 21 de novembro a Inglaterra pediu uma reunião de emergência com a Fifa, que foi ao hotel inglês. A Fifa disse que daria, no mínimo, um cartão amarelo. Houve discussão sobre se haveria base legal para um cartão amarelo, mas há. A punição poderia ser o cartão amarelo, que o capitão não pudesse jogar ou que ele fosse suspenso - informou.

Apesar das ações da Fifa, algumas seleções - como a Alemanha -, jogadores e técnicos têm tomado iniciativas e se manifestado no início de Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

Na entrevista desta quarta, em Doha, Jesper Moller ainda informou que não apoiará a reeleição de Gianni Infantino, em 2023, mas o atual presidente deve ser candidato único.

- Haverá eleições presidenciais para a Fifa (no próximo congresso da entidade). São 211 países na Fifa e sei que o atual presidente tem declarações de apoio de 207 países. A Alemanha não está entre eles. E nós também não estaremos - concluiu o presidente da federação dinamarquesa.

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