Os caras das Copas: Zico, símbolo de ‘futebol arte’ que encantou o mundo

Meia disputou três Mundiais e apresentou grandes atuações em 1982

GALERIA: Veja as Copas vividas por Zico e o clube que ele defendia no período de cada Mundial como jogador
(Foto: Reprodução de internet)

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"Pelos resultados que eu tive na Seleção, é impressionante não ter disputado uma final". Zico jogou três Mundiais pela Seleção Brasileira, em 1978, 1982 e 1986, com atuações memoráveis em 1982 e só uma derrota nas três edições. Mesmo sem um título e com o azar de perder um pênalti nas quartas em 86, o meia escreveu belas histórias nas Copas e foi expoente de qualidade de esquadrões eternizados na memória do torcedor brasileiro. Além do que fez em campo, Zico também foi coordenador técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1998 e treinador da seleção japonesa no Mundial de 2006.

O cara da Copa - Zico
(Imagem: Arte LANCE!)

Zico já se destacava no Flamengo em 1974, ano da Copa do Mundo na Alemanha Ocidental. Porém, aos 21 anos, foi deixado de lado pelo técnico Zagallo. Ele passou a ser convocado para a Seleção em 1976 e foi para sua primeira Copa em 1978, na Argentina. Vestindo a camisa 8, ele começou a competição como titular e teve um gol anulado de forma bizarra no último minuto de empate contra a Suécia, partida que o Brasil jogou mal. O duelo estava 1 a 1 quando Nelinho bateu escanteio e Zico cabeceou para a rede, mas o árbitro galês Clive Thomas invalidou o gol alegando que encerrou o jogo antes de a bola cruzar a linha. A revolta dos brasileiros foi enorme: "Imagine estrear numa Copa do Mundo fazendo o gol da vitória do Brasil, com que moral a gente iria para a outra fase". Na segunda partida, a Seleção jogou sem brilho e empatou por 0 a 0 contra a Espanha. O risco de eliminação precoce assustou a CBD. O presidente Heleno Nunes reuniu-se com a comissão técnica e decidiu-se por um punhado de modificações. Toninho voltou a ser lateral no lugar de Nelinho, Rodrigues Neto substituiu Edinho, Gil entrou na ponta-direita, Jorge Mendonça tomou a vaga de Zico e Roberto Dinamite barrou Reinaldo. No terceiro jogo, Zico saiu da reserva no fim de vitória por 1 a 0 sobre a Áustria.

Zico seguiria na reserva no início da segunda fase. O Brasil começou diante do Peru e o Galinho entrou com a Seleção ganhando por 2 a 0. Três minutos depois, ele converteu pênalti, fez seu primeiro gol numa Copa e fechou o placar. O segundo duelo foi um 0 a 0 contra a Argentina, com Zico novamente saindo do banco no segundo tempo e se movimentado bem. No terceiro duelo, com a Polônia pela frente, Zico recuperou sua vaga na equipe. Mas o jogo do Galinho durou só sete minutos. Uma lesão muscular selou o fim da Copa para ele. O Brasil ganhou por 3 a 1, mas horas depois a Argentina fez 6 a 0 no Peru - em jogo que levantou até mesmo suspeitas de que o confronto estaria "entregue" - e tirou a Seleção Brasileira da final no saldo de gols. O Brasil ainda ganhou a Itália na disputa pelo terceiro lugar. No fim do jogo, o técnico Cláudio Coutinho soltou uma frase que fez história: "Somos os campeões morais"

A segunda Copa de Zico foi em 1982. No auge de sua forma e técnica, o meia era líder de um esquadrão que tinha Junior, Toninho Cerezo, Falcão e Sócrates. Aquele time vinha encantando o mundo antes do Mundial e os comandados de Telê Santana chegaram na Espanha como sinônimos de "futebol arte". Zico foi titular em todos os jogos do Brasil naquela Copa. Na estreia, a Seleção bateu a União Soviética de virada por 2 a 1, em atuação um pouco aquém das expectativas. No segundo duelo, belo jogo contra a Escócia e virada por 4 a 1. Zico fez o gol de empate, cobrando falta de forma magistral. O terceiro jogo foi contra a Nova Zelândia e Zico fez dois - o primeiro de voleio - em goleada por 4 a 0. Na segunda fase, com três países no grupo e valendo apenas uma vaga para ir à semi, o Brasil ficou junto de Argentina e Itália. Diante dos hermanos, que tinham Maradona e eram os campeões de 78, o Brasil apresentou atuação incrível. Zico abriu o placar em triunfo por 3 a 1. Depois, bastaria só um empate contra a Itália para a Seleção avançar. Mas havia um carrasco pelo caminho.

A Itália fizera uma péssima primeira fase, avançando sem vitória. O primeiro triunfo foi só contra a Argentina, por 2 a 1. Então, em 5 de julho de 1982, o Brasil entrou no gramado do Estádio Sarrià como franco favorito. Porém, logo aos cinco minutos, o atacante Paolo Rossi abriu o placar para os italianos. Sócrates empatou, mas Paolo Rossi voltou a colocar a Itália na frente aos 25 - aproveitando passe errado de Cerezo. No segundo tempo, aos 23, Falcão recolocou o empate no placar. A vaga era do Brasil até os 29, quando Paolo Rossi fez o seu terceiro e entrou para a história. O Brasil chorou, era a "Tragédia do Sarrià": "Eu costumo dizer que, se tivesse um gol que eu gostaria de ter feito, seria o do empate contra a Itália, mas pouco antes de o jogo acabar. Se tivesse tempo após esse gol de empate, acho que os italianos fariam o quarto. Parece que estava escrito que, tantos gols a gente fizesse, eles fariam mais, pelas circunstâncias. Foi a única vez que tomei três gols pela Seleção".

Em 1986, Zico já não estava mais nas mesmas condições de quatro anos antes, quando acabou entrando na seleção ideal do Mundial pelo que fez. Em 85, ele sofreu entrada dura do zagueiro Márcio Nunes, do Bangu, e passou longo período parado para tratar do joelho esquerdo. Após três cirurgias, Zico teve a carreira prejudicada pela dor e correu o risco de perder a Copa, mas ainda assim conseguiu ir para a Copa do México. O Brasil mantinha a tradição do "futebol arte", mas Zico agora era reserva - porém ainda assim mantendo a camisa 10. O Galinho só entrou no último jogo da primeira fase, no segundo tempo de vitória por 3 a 0 sobre a Irlanda do Norte. Nas oitavas, triunfo por 4 a 0 sobre a Polônia, voltou a sair do banco no segundo tempo - quando o duelo estava 2 a 0. A fórmula se repetiria nas quartas, diante da França, mas o jogo vinha empatado por 1 a 1. Aos 29, Zico, na primeira bola que pegou, deu passe em profundidade para Branco, que foi derrubado pelo goleiro Joël Bats. Pênalti. Zico bateu, mas parou no goleiro. Após prorrogação, restaram as cobranças alternadas. O meia acertou a sua, mas Sócrates e Júlio César erraram e o Brasil deu adeus. Zico ainda viveu mais duas Copas: em 98, foi coordenador técnico do Brasil, que terminou com o vice. Já em 2006, dirigiu o Japão, perdendo dois jogos (inclusive para o Brasil) e empatando um, caindo na primeira fase.

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