CAMPO NEUTRO: Ai, Jesus, a Gávea está chamando

José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no mundo do esporte

Vitor Pereira, Paulo Sousa, Dorival Jr. e Jorge Jesus
A 'eterna' sombra de Jorge Jesus no Flamengo (Fotos: Montagem Lance! Fotos: Marcelo Cortes / Flamengo; Alexandre Vidal / Flamengo; Gilvan de Souza/Flamengo; Alexandre Vidal / Flamengo)

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O Jesus no caso é o da letra do hino do clube, de autoria de Lamartine Babo, lá pelos anos 40. É muito conhecido, mas não custa repetir: “Consagrado no gramado, sempre amado, mais cotado, no Fla-Flu é o ai Jesus”. 

Lamartine Babo, carioca, compôs os hinos de praticamente todos os clubes do Rio de Janeiro, inclusive o do América, que, cá entre nós, foi um escandaloso plágio da canção “Row, Row, Row”, do musical Ziegfeld Follies, de 1912. Mas teria o compositor previsto, na década de 40, que a torcida do Flamengo estaria a clamar “ai, Jesus” em 2023? O Jesus, de prenome Jorge, atualmente no Fenerbahçe, da Turquia?

O homem deixou uma porção de viúvas no Flamengo e, depois de sua saída, nenhum treinador que passou por lá conseguiu preencher sua lacuna. Desde Domenec Torrent, que o sucedeu, passando por Paulo Sousa e Dorival Junior, este último com uma passagem vitoriosa e mesmo assim sentindo o fantasma do Mister, e agora com Vítor Pereira, o mais recente a sofrer as consequências do imenso buraco que Jorge Jesus deixou no coração rubro-negro.

O homem veio cercado de imensas expectativas mas, até agora, em rápida sucessão, conseguiu a façanha, ou calamidade, de perder três títulos consecutivos: o da Supercopa, para o Palmeiras, o da Recopa, para o Independiente del Valle e, talvez o mais humilhante, o do Mundial de Clubes, quando foi eliminado ainda na semi-final pelo Al Hilal (quem? quem?).

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Vítor Pereira está soterrado por uma avalanche de críticas e de piadas como: “tem uma promoção do suco Del Valle no supermercado aqui do bairro: você paga 4 e leva 5”. Se ele está abalado, não sei, mas sei que, em seu passado, Vítor tem levado caneladas e despertado a ira de torcidas de outros clubes, em outros lugares do mundo.

Em 2013, por exemplo, suas ideias e seu currículo despertaram tal ira junto aos torcedores do Everton, na Inglaterra, que ele nem chegou a assumir o cargo. Depois de ser entrevistado pelo dono do clube e de fazer algumas declarações aos jornais ingleses, Vítor Pereira viu a torcida do clube pichar os muros do estádio com a frase “Pereira Out, Lampard In”. Os torcedores queriam a contratação de Frank Lampard, ídolo da Seleção Inglesa, para o cargo de técnico, não o daquele lusitano considerado “pretensioso”. É verdade que esta mesma torcida recentemente exigiu - e conseguiu - a demissão do acima citado Frank Lampard, mas esta já é outra história.

A história que interessa no Rio de Janeiro é saber se Vitor Pereira sobrevive às críticas ou se a
turma do “ai Jesus” conseguirá trazê-lo de volta ao Flamengo.

Ai, Jesus, a Gávea está chamando.

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