Botafogo x Palmeiras é o Réveillon alvinegro de 2024
Quase 1 ano depois de um dos momentos mais trágicos da história do clube, o Botafogo pode finalmente se permitir esquecer
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Quase um ano depois de um dos momentos mais trágicos da história do clube, o Botafogo pode finalmente se permitir esquecer.
No dia 1º de Novembro de 2023, o torcedor alvinegro via se esvair perante seus olhos um dos sonhos mais belos e, a princípio, improváveis quando se olhava por uma ótica de quem viu o Botafogo não se classificar nem para a semifinal do fraco Campeonato Carioca. Ao mesmo tempo, também era um resultado vindo de um trabalho sólido, um grupo que merecia esse protagonismo positivo que vinha se encaminhando até então.
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Um time que, além de se provar pelos números e recordes (melhor campanha da história do primeiro turno e 12 jogos sem levar gols em casa), causava admiração da imprensa e até dos torcedores rivais. A tabela se mostrava uma resposta lógica de uma equipe sólida que se entendia quase como num estado simbiótico, e que tinha como maior trunfo o grupo e a liderança de seu treinador Luís Castro.
Na virada do primeiro turno, em um daqueles momentos que fazem jus àquela frase que o torcedor alvinegro conhece muito bem - “Existem coisas que só acontecem com o Botafogo” -, o time de General Severiano via o seu comandante deixar o clube a pedido direto de Cristiano Ronaldo. De mais de centenas de clubes das quatro maiores ligas européias do mundo, um dos times mais ricos do planeta preferiu pairar seus olhos sobre o Brasil e, mais do que isso, sobre o Rio de Janeiro, e, indo ainda além, para um Oásis particular de milhares de cariocas que vestiam preto e branco e precisavam apenas de metade dos pontos já conquistados para ter o seu sonho que, antes, parecia tão distante e quase erótico, realizado.
Mas, mesmo com a saída do treinador Lusitano, o Botafogo conseguia seguir com a sua liderança, agora não mais como um time unânime, mas sim como um time que precisava manter o legado de Castro, manter em pé uma obra aparentemente pronta.
No jogo contra o Palmeiras, o clube vinha de 3 jogos seguidos de invencibilidade e de uma necessidade de se afirmar não só como líder do campeonato, mas como um dos maiores líderes da história da competição. Um campeão não só para ficar na história do futebol, mas marcado eternamente como a equipe que fez de 2023 um dos melhores anos da vida de seu torcedor. Um jogo daqueles para se questionar ‘’Onde você estava naquele Botafogo e Palmeiras?”. E, infelizmente, para o torcedor alvinegro essa pergunta se manteve.
Os primeiros 45 minutos de duelo se mostraram momentos de verdadeiros nirvana. Se via em campo um grupo que não lembrava aquele do primeiro turno; se mostrava muito melhor. Todos os jogadores expondo sua melhor versão, mostrando que estavam dispostos a passar a última mão naquele quadro que retratava uma das recompensas mais prazerosas e satisfatórias para o torcedor. Torcedor que, apesar de tudo, nunca deixou de estar presente às quartas e domingos no Engenho de Dentro.
Mas nos últimos 45 minutos, o que era uma linda e comum novela das seis, em que, independente de qualquer dificuldade, tudo dava incrivelmente certo, se tornou um episódio dos mais trágicos de “Game of thrones”, em que nem mesmo o personagem mais querido sobrevive.
Como bem se sabe, para o Botafogo não se vale meios termos; é sempre o famoso 8 ou 80. Depois de um primeiro tempo digno da Seleção de 70, na segunda etapa vimos erros individuais de todos os seus principais pilares e uma inversão extremamente forçada de narrativa, em que o autor faz de tudo para emplacar um final empolgante.
Lucas Perri, até então melhor goleiro do campeonato, falha bizarramente na reposição; Adryelson, recém-convocado para Seleção Brasileira, é expulso num lance polêmico; Tiquinho Soares, o maior símbolo da campanha, perde um pênalti e faz com que o agora protagonista, Endrick, resolvesse o jogo e trouxesse o trunfo para o time alviverde. O time carioca, ali, se transformava de São jorge em dragão, e, dali para frente, entregava a maior derrocada histórica da competição, terminando o campeonato em 6º lugar.
Agora, quase um ano daquele momento que nunca vai ser esquecido pelos amantes do esporte bretão, um Botafogo em primeiro lugar tem hoje não só a missão de apenas se manter na liderança ou de decidir o torneio, mas mostrar que aquele obstáculo que o impediu de se manter no topo não é mais um problema. Que aquele dia não é mais um trauma, mas uma questão resolvida. 2023 poderá, enfim, ser substituído pelo ano de 2024. O réveillon, como bem está definido no dicionário, pode finalmente se tornar realidade para o torcedor botafoguense nesta noite. “A celebração do final de um ano para o início de um novo”.
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