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Alvo do Botafogo, Luís Castro foi o ‘verdadeiro pensador’ da revolução do Porto nas categorias de base

Nome escolhido por John Textor para substituir Enderson Moreira, que está de saída do Botafogo, tem papel fundamental na evolução do Porto no sentido técnico e financeiro

Luís Castro - Porto
Luís Castro, alvo do Botafogo, pelo Porto(Foto: Estrela Silva/Lusa)

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John Textor está decidido em tirar Enderson Moreira do comando do Botafogo. O nome favorito do norte-americano é o de Luís Castro, atualmente no Al Duhail, do Qatar, e conversas, inclusive, já foram iniciadas por um possível final feliz. O que pesa positivamente para o português é ele ter costume de trabalho com jovens jogadores. Neste contexto, a passagem pelo Porto é destacável.

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O ano é 2006. Apesar de bons resultados dentro de campo, o elenco do Porto tem praticamente a mesma quantidade de estrangeiros do que de jogadores nascidos em Portugal. Com as primeiras experiências como treinador, Luís Castro é contratado para uma função diferente: a de assumir a direção das categorias de base do Dragão.

À época, o Porto ficava muito atrás do Sporting, desde sempre uma potência neste sentido, e Benfica no que diz respeito à formação de jogadores. A direção entendia que, apesar dos bons frutos dentro de campo, essa era uma boa forma de, ao mesmo tempo, reforçar a equipe e colher frutos financeiros - algo que acontece atualmente. Tudo começou com Luís Castro.

– Ele foi o diretor técnico das categorias de base do Porto em uma fase que o clube não atribuía atenção especial à formação. Tinham dificuldade para formar e sobretudo fazer a transição dos jovens à equipe principal. Não havia um processo complexo nessa formação. Luís Castro nesses anos valorizou a formação do clube, fez olharem com mais carinho para a formação e a longo prazo o trabalho dele está ativo até hoje - explicou Tomás da Cunha, jornalista português da "Eleven Sports", ao LANCE!.

Tudo passou pela mentalidade. Se antes o Porto preferia ir ao mercado quando algum jogador era vendido para um clube das cinco grandes ligas, a coisa mudou com a chegada de Luís Castro. Atualmente, os Dragões olham para o "próprio quintal" antes de correr para o mercado externo.

MUDANÇAS
​A principal ação de Luís Castro foi trazer grande parte das equipes de base do Porto para treinar no Olival, um dos centro de treinamento do Dragão. Inaugurado em 2002, o local servia para treinos esporádicos do time profissional e plantel de inferiores até então. Com o treinador, mudou de função, servindo até mesmo como lar para alguns atletas.

Ao ter tudo no 'mesmo lugar', Luís Castro passou a olhar para um desenvolvimento conjunto. A intenção do executivo era criar um padrão coletivo e individual para todas as equipes. Além disso, o Olival oferecia uma estrutura mais moderna do que o local antiga que os times de base do Porto treinavam anteriormente.

O próprio Luís Castro explicou que o trabalho, antes de tudo, foi pela busca de um perfil estrutural e na busca de profissionais qualificados para, aí sim, pensar em contratações, reforços e padrões estruturais. A entrevista foi para o site "The Coaches' Voice".

André Silva - Porto
Porto campeão da segunda divisão (Foto: Fábio Poço)

"Eu já estava na Primeira Liga, de Portugal, no comando do Penafiel, quando recebi a proposta para ser diretor técnico das categorias de base do FC Porto. Eu teria que liderar mais de vinte treinadores da formação. Algo que nunca havia feito. Foi uma situação difícil porque me questionei se estava preparado para desempenhar aquela função.

Aceitei e passei sete anos no cargo, liderando processos e escolhendo profissionais.

Às vezes, olhamos o conhecimento que cada pessoa tem para desenvolver determinada função. Eu vou sempre por outro lado: que valores humanos a pessoa tem para desenvolver o cargo? Se você escolhe pelos valores que a pessoa tem, será mais fácil que ela desempenhe um bom trabalho.

Só o conhecimento técnico, sem valores morais, pode fazer a casa ruir. Foi um período bom da minha vida. O trabalho no Porto é estrutural. Não é de uma, duas ou três pessoas. O que me interessava era ter bons líderes, bons técnicos que pudessem mostrar o melhor caminho para cada atleta se desenvolver."

FINANÇAS
Atualmente, o Porto bate de frente com Sporting e Benfica no que diz respeito à formação de jogadores. Não à toa, é o único clube português que teve um time 'B' campeão da segunda divisão nacional - o time não pôde subir por conta do time principal já estar lá - e a equipe sub-19 ser campeã da Uefa Youth League, a Champions League dos jovens - foi em 2019, batendo o Chelsea.

– Ele permitiu que o Porto virasse referência no ponto de vista formativo e colhesse esses frutos financeiramente, tanto que André Silva (RB Leipzig) e Rúben Neves (Wolverhampton) representaram vendas significativas para os cofres do clube. Há um impacto simbólico. Esse título provou que o Porto realmente precisava apostar na formação. Hoje, o Porto é o único clube português a vencer a Uefa Youth League e tem muitos jovens da formação na equipe principal, como Fábio Vieira e Vitinha. Luís Castro foi o verdadeiro pensador para alavancar esses status do Porto - completou Tomás.

Luís Castro - Porto
Luís Castro campeão da Liga B (Foto: Divulgação/FC Porto)

Nove das 25 maiores vendas da história do Porto são de jogadores criados nas categorias de base - desses, quatro vieram na 'Era Luís Castro': André Silva para o Milan-ITA, Fábio Silva para o Wolverhampton-ING, Diogo Dalot ao Manchester United-ING e Ricardo Pereira no Leicester City-ING.

Os Dragões somaram 122 milhões de euros (R$ 722 milhões, na cotação atual) com essas quatro transferências. André Silva, por exemplo, além de ter vencido a Liga B com o time secundário, também foi destaque com o time principal. O retorno veio dentro e fora de campo.

– É um treinador que valoriza muito o futebol ofensivo, a valorização individual dos jogadores, o papel dentro de um coletivo que acaba evoluindo técnica e taticamente os atletas. Com os anos que passou no Porto e depois a transição como técnico da equipe B, ele foi campeão nacional da segunda divisão com jogadores como André Silva - classificou o jornalista.

– Acredito plenamente que o Botafogo voltaria a ser forte em 3 ou 4 anos. Não sei é se Luís Castro aguentaria tanto tempo - opinou Tomás.

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