Para inspirar Diego: há mais de 15 anos, Petkovic fazia gol antológico no Maracanã

Aos 43 minutos, Fabiano Eller fez falta em Petkovic na intermediária. O cobrador de faltas, Beto, havia sido substituído por Jorginho. O gringo assumiu a responsabilidade

Petkovic
(Foto: Julio Cesar Guimaraes/Lancepress!)

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Majdanpek é uma pequena cidade da Sérvia, próxima da fronteira com a Bulgária, distante cerca de 250 quilômetros de Belgrado, a capital do país. Tem hoje pouco mais de 18 mil habitantes. Foi no modesto clube local, o RFK Majdanpek, que um menino de seis anos de idade, chamado Dejan, começou a mostrar que levava jeito para o futebol.

“Eu era pequeno e já brincava de bola com um amigo. A cada três chutes, mandava dois na gaveta. Ele achou que eu tinha talento de verdade. E devia levar a coisa a sério”, recorda agora, quase quatro décadas mais tarde, o homem que deu ao Flamengo um dos títulos mais importantes de sua história, ao repetir no domingo, 27 de maio de 2001, uma das cobranças de falta que acertava quando guri, dessa vez no ângulo esquerdo do goleiro cruz-maltino Hélton, entrando definitivamente para a galeria de grandes ídolos da torcida rubro-negra.

O Flamengo precisava vencer por dois gols de diferença, pois o Vasco havia ganhado a primeira partida da decisão por 2 a 1. A Gávea estava em chamas. O clube tinha sido eliminado da Copa do Brasil pelo Coritiba três dias antes do segundo e último jogo. Havia um punhado de desavenças no elenco dirigido por Zagallo. A própria torcida questionava alguns jogadores. E Petkovic ameaçava não disputar o duelo definitivo, porque não recebera os salários de março e abril.

Convencido pelo técnico, experiente dentro e fora das quatro linhas, acabou concordando em participar. O Flamengo fez 1 a 0 com Edílson, e o Vasco empatou com Juninho Paulista no fim do primeiro tempo. Aos oito da etapa derradeira, Edílson fez 2 a 1, de cabeça. Restava um. Os rubro-negros partiram para o ataque, deixando muitas brechas na retaguarda, e os cruz-maltinos, em contra-ataques, desperdiçaram um punhado de oportunidades.

Até que aos 43 minutos, Fabiano Eller cometeu infração sobre Petkovic na intermediária. O cobrador de faltas, naquela distância, era Beto, que já havia sido substituído por Jorginho. O gringo assumiu a responsabilidade. A bola superou a barreira, e subiu como se fosse um tiro certeiro de canhão, entrando no ângulo esquerdo de Hélton, que até tentou, mas não conseguiu chegar.

Na cabeça de Petkovic, surgiu, por segundos, a imagem do menino do campinho da bucólica Majdanpek, onde ele começou a levar pânico aos goleiros. Na prática, o gol teria sido espetacular contra qualquer adversário, mas ganhou contornos formidáveis, não só pela dramaticidade da partida, mas sobretudo pela imensa rivalidade entre os dois clubes. É o maior momento da geração rubro-negra pós-Zico.

FLAMENGO 3 x 1 VASCO

Data: Domingo, 27 de maio de 2001.

Competição: Campeonato Estadual do Rio de Janeiro / Decisão / 2º jogo.

Local: Estádio Jornalista Mário Filho / Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).

Público: 62.555 espectadores.

Arbitragem: Léo Feldman, Élson Passos Senna Filho e Manoel do Couto Pires Ferreira / RJ.

Gols: Edílson 20' e 53', Juninho Paulista 41' e Petkovic 88'.

FLAMENGO: Júlio César, Alessandro (Maurinho 85'), Juan, Fernando, Cássio, Leandro Ávila, Beto (Jorginho 75'), Rocha, Petkovic, Reinaldo (Roma 64') e Edílson. Técnico: Zagallo.

VASCO: Hélton, Clébson, Géder (Odvan 29'), Alexandre Torres, Jorginho Paulista, Fabiano Eller, Paulo Miranda, Pedrinho (Jorginho 85'), Juninho Paulista, Euller e Viola (Dedé 75'). Técnico: Joel Natalino Santana.

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