Solução, heroísmo, resistência e homenagens: o legado de Martin

Goleiro deixa a Cruz de Malta sem um jogador que teve atuações decisivas em clássicos, rendimento acima da média por temporadas seguidas e chegou a preferir o clube à seleção

Martin Silva - Vasco
Martin Silva fez do azul uma cor nada estranha ao uniforme do Vasco (Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco)

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A saída de Martin Silva abre mais do que espaço no elenco e na folha salarial do Vasco. Encerra-se um ciclo marcado por cinco anos de atuações marcantes, poucas falhas, desempenhos decisivos em clássicos, carinho e homenagens recíprocas. Fernando Miguel pode ser o titular, mas o vácuo histórico do goleiro uruguaio não será preenchido tão cedo.

Martin foi o goleiro que disputou a final da Copa Libertadores de 2013 pelo Olimpia-PAR. Era titular na disputa de pênaltis com o Atlético-MG, mas topou o desafio de ir para um Vasco rebaixado naquele ano. O uruguaio já chegou como solução. Naquela temporada, o Vasco perdeu mais de dez pontos no Campeonato Brasileiro por conta de falhas de seus goleiros, e a queda à Série foi inevitável, desta forma.

Em 2014, mesmo após poucos jogos já era aplaudido. Um misto da carência da torcida em relação à posição e qualidade reconhecida de um jogador de seleção uruguaia. Ainda houve o drama particular: inda no início do ano, Martin precisou se ausentar mais de uma vez e perder dez sessões de treinos para, no país natal, acompanhar a recém-nascida filha Pilar, que teve complicações após o nascimento. O carinho do clube e da torcida foi retribuído com palavras e defesas. E as firmes atuações, juntas às do elenco, teriam culminado com título carioca não fosse pelo gol marcado em posição de impedimento por Márcio Araújo, no último lance do segundo jogo da final.

Aquela temporada teve um parêntese triste para a história cruz-maltina: a derrota por 5 a 0 para o Avaí, na Série B. A pior derrota do Vasco em São Januário. Cinco bolas na rede buscadas pelo uruguaio, mas que não diminuíram a importância na campanha do retorno à elite nacional e o posto de um dos mais regulares da equipe. Os feitos eram tão fartos que até uma camisa celeste foi customizada para o representante da Colina nas Copas do Mundo de 2014 e 2018 - e o azul foi uma constante no uniforme do goleiro durante todo o período dele na Colina.

Começou 2015 e Martin Silva fez grandes defesas na campanha do título carioca - inclusive nas finais, contra o Botafogo. No Brasileirão daquele ano, o goleiro sofreu com mais uma equipe que pouco conseguia lhe proteger. Apesar de o uruguaio ser incontestável sob as traves, o Vasco voltou a ser rebaixado, mas apenas uma falha, num jogo em que parecia estar atuando "no sacrifício", contra o Palmeiras, lhe marcou.

Na temporada seguinte (2016), novo título estadual e temporada segura. Durante a Série B, o goleiro, ciente de sua importância para a equipe, pediu dispensa da seleção uruguaia. O acesso fora obtido. Em 2017, renovou o contrato com o Cruz-Maltino, contribuiu para a classificação à Copa Libertadores e mal sabia o quão importante seria no principal torneio do continente: foram pênaltis defendidos que garantiram a classificação cruz-maltina à fase de grupos, e outros dois, num mesmo jogo, que minimizaram o que já era uma goleada para o Racing-ARG.

E ao longo desta recém-encerrada temporada, algumas atuações, mas principalmente o gol levado contra o Grêmio, nos acréscimos do segundo tempo, marcaram. Ainda assim houve momentos de alta.

E saldo amplamente positivo ao longo dos anos.

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