Inquérito contra Campello não será aberto; Clima esquenta em votação no Vasco

Com direito a discussão entre Julio Brant e Eurico Miranda e imprensa barrada, presidente se livra de denúncias após uma hora de votação. Resultado foi decidido por quatro votos

Reunião do Conselho Deliberativo do Vasco contou com a imprensa dentro apenas antes de começar. Veja galeria
 David Nascimento/LANCE1Press

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A noite de segunda-feira foi quente nos bastidores da política do Vasco. Com direito a confusão e discussão entre Julio Brant e Eurico Miranda, imprensa barrada por Roberto Monteiro e até atendimento médico a motorista, a votação do Conselho Deliberativo se estendeu até a madrugada desta terça-feira. O LANCE! explica como foi a reunião na Sede Náutica do clube, na Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro, com os bastidores que livraram Alexandre Campello, presidente do Vasco, de um início de processo de impeachment caso o inquérito fosse aberto.

A VOTAÇÃO
Em quase uma hora de votação, foi decidido que o inquérito - que poderia resultar em um processo de impeachment contra Campello - não será aberto. Foram 98 votos a favor do 'não', contra 94 a favor da abertura. Portanto, o presidente está livre das denúncias apresentadas no momento. Alexandre Campello comentou o resultado na saída da sede náutica:

- A reunião de hoje foi meramente política. Criaram vários factóides. Só saíram porque modifiquei pontos importantes. Esse grupo tinha real interesse na secretaria. Interferi e mudei tudo. E aí romperam com denúncias estapafúrdias a mim. Muitos da oposição entenderam que estamos fazendo o certo em benefício do Vasco. Por isso votaram contra. Está na hora de acabar a guerra e pacificar o Vasco. Não podemos nos apequenar por conta da política - afirmou.

A votação começou no esquema 'senta-levanta'. Após confusão logo nos primeiros minutos, o método foi mudado para votação nominal - ou seja, cada um falou o voto abertamente. Após o fim, alguns conselheiros reclamaram de 'falta de transparência'; outros fizeram o tradicional grito de 'Casaca!'.

A votação apertada acabou sendo decidida pelo grupo de 'Sempre Vasco', de Julio Brant. 'Traído' nas eleições recentes, Brant explicou o porquê de ter votado 'não', a favor de Campello:

- Por mais que tenhamos divergências contra o Alexandre Campello, temos coerência. Votamos a favor do Vasco. Não foi apresentada nenhuma gravação ou documento contra Campello. Por isso decidimos votar contra.

TRÊS NOVOS VICE-PRESIDENTES CONFIRMADOS

Presidente do Vasco, Alexandre Campello confirmou na saída da sede náutica, já na madrugada desta terça-feira, três novos vice-presidentes do clube, em substituição aos cargos deixados pelos 13 membros do grupo "Identidade Vasco", que rachou contra o atual mandatário cruz-maltino. João Erneto assume a vice-presidência de relações especializadas, João Amorim a pasta de finanças e Rodrigo Saavedra a de patrimônio - os dois primeiros nomes fazem parte do grupo "Cruzada" e o último pertence a "PetroVasco".

MOVIMENTAÇÃO JURÍDICA

Membros de situação e oposição se movimentaram bastante na Justiça ao longo da segunda-feira, antes do início da reunião do Conselho Deliberativo. O primeiro caso aconteceu quando terceiros entraram judicialmente para tentar evitar a homologação do acordo feito pelo Vasco com o presidente Alexandre Campello em ação na 42ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que tirou na última sexta-feira 28 títulos beneméritos a sócios indicados pela gestão passada. Os pedidos destes terceiros foram negados e o acordo homologado pela juíza Katia Bugarim. Embargos de declaração foram impetrados por estes terceiros, e negados pela magistrada. Com isso, 20 titulares da lista de 28 beneméritos (oito são suplentes) não poderiam votar. O que se viu na reunião, entretanto, foi o voto validado por Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, alegando não ter sido intimado da decisão judicial a cumprir. Depois desta decisão, outras ações foram impetradas - todas na tentativa de cancelar a reunião do Deliberativo, mas todas negadas pelos juízes.

CLIMA QUENTE
Antes mesmo da votação começar, o clima não era dos mais amistosos no clube. Desafetos políticos, Julio Brant e Eurico Miranda, que disputaram as últimas eleições, trocaram farpas. A confusão começou quando Brant reclamou que Eurico dominava a reunião para discursas sobre o mesmo assunto repetidas vezes. E aumentou quando Brant afirmou que Eurico não tinha moral 'por ter rebaixado o clube dentro e fora de campo'. 

Depois disso, Eurico ameaçou deixar a sede. Brant prontamente respondeu.

- Quer se retirar? Pode sair.

Os seguranças tiveram que intervir para evitar maiores problemas entre os grupos envolvidos.  Na saída, Julio Brant comentou:

- Eurico Miranda queria dar lição de moral. Ele é o último que poderia fazer isso no Conselho. Quem é ele pra dar moral?.

IMPRENSA BARRADA
Tudo parecia bem quando os jornalistas entraram na sede náutica do clube. Mas, quando os conselheiros começaram a chegar, a imprensa foi 'convidada a se retirar' por seguranças do clube. O pedido foi de Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo. 

Do lado de fora, a reportagem do LANCE! acompanhou a chegada dos conselheiros e políticos ao clube. Junto dos seguranças, Eurico se irritou com as fotos tiradas pela imprensa.

Julio Brant, mais uma vez, foi contrário à opinião de Eurico.

- Sempre fui a favor da imprensa livre. O torcedor do Vasco precisa saber o que acontece aqui. Lamentável a proibição.

CASO HD: JULGAMENTO MARCADO

Durante a reunião do Conselho Deliberativo do Vasco, outra polêmica relacionada a última eleição do clube teve novidade. O desembargador Gabriel Zefiro, do Órgão Especial e Pleno do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, colocou em mesa os embargos de declaração impetrados pelo Vasco antes do racha com o grupo "Identidade Vasco". Estes embargos de declaração foram impetrados contra a decisão do Órgão Especial, proferida por unanimidade no início de abril, que permitiu a perícia no HD pelo Juizado Especial do Torcedor, em ação com participação da Delegacia de Defraudações e do Ministério Público do Rio de Janeiro. A sessão que julgará os embargos de declaração no Órgão Especial TJRJ - última instância estadual - será na próxima segunda, às 13h. Vale lembrar que embargos de declaração são recursos considerados meramente protelatórios pelo meio jurídico.

*Atualizado às 3h30

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