Torcida do Santos cresce 20% em três anos e passa o Palmeiras no interior

Há um ano, o presidente santista, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, quebrava a cabeça junto com seus assessores para viabilizar a permanência de Neymar no clube até a Copa de 2014. Hoje, a diretoria do clube comemora não só os resultados esportivos e financeiros com a permanência do craque, mas também tem a certeza de que um dos principais objetivos da manutenção da Joia está sendo alcançado: expressivo aumento de torcida.

O LANCENET! teve acesso com exclusividade a uma pesquisa desenvolvida pela empresa Stochos Sports & Entertainment que mostra que de 2010 a 2012 o Peixe aumentou em cerca de 20% o número de torcedores. Isso representa pouco mais de um milhão de novos santistas. O estudo realizou uma série com 12 entrevistas nos últimos três anos e ouviu 98.661 pessoas (a partir dos 16 anos).

Os alvinegros, contudo, ainda seguem bem distantes dos rivais. A torcida do Peixe é a sétima maior do País, sendo 3,6% dos brasileiros.

Por outro lado, o clube já ultrapassou o Palmeiras no interior de São Paulo, com 14,2% contra 11%. Na capital, o Alviverde ainda tem larga vantagem, mas que vem caindo nos últimos anos: 13,5% a 7,4%.

O crescimento da torcida do Peixe é providencial, já que a maior parte dos santistas está na faixa de 55 a 59 anos. Após quatro décadas de declínio, enfim o número do alvinegros volta a crescer expressivamente.

O Santos, que há um ano contratou os estudos da Stochos, comemora o resultado, mas tem de lidar com um dilema. Cresce o número de torcedores do clube ou de Neymar? 

– Essa questão existe. É preciso consolidar a marca e fazer com que torcer para o Santos ou para o Neymar seja a mesma coisa. Senão, caso ele deixe o Brasil em 2014, o clube pode perder torcida – explica Renato Mahfuz, responsável pela Stochos, 

O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, porém, discorda.

– Essas pessoas são torcedoras do Santos por meio do Neymar, assim como houve um crescimento brutal de torcida do Peixe pelo Pelé – diz.

Na próxima quarta-feira, na Vila Belmiro, o Comitê de Gestão do clube se reunirá para estudar os dados e elaborar estratégias a partir deles.

Estudo ajudará a definir estádio

A decisão de construir um novo estádio ou arrendar o Pacaembu está quente no Comitê de Gestão do Santos. E o estudo de torcida será fundamental para o clube escolher a sua segunda casa.

A pesquisa da Stochos mostra que a maior parte dos alvinegros está na capital paulista, onde teve impressionante crescimento nos últimos três anos: 45,6%. Por isso, Renato Mahfuz não tem dúvidas sobre para onde o Peixe deve se mudar no futuro.

– Não faz sentido ter um estádio em Cubatão, onde o Santos cogitava. A torcida da Baixada já aponta a distância como um fator para não ir à Vila. O time tem de jogar onde estão seus torcedores – explicou o diretor

Assim, arrendar o Pacaembu surge como uma das melhores alternativas. A decisão, no entanto, será tomada apenas em 2013.

Peixe vai excursionar pelo interior do Estado

Um dos objetivos do Santos ao contratar a Stochos foi mapear a torcida. Sabendo onde estão os alvinegros, o clube pretende fazer ações de marketing específicas e até mandar jogos em outras cidades, além de Santos e São Paulo.

Um projeto que já está sendo elaborado e deve começar no Campeonato Paulista do ano que vem é uma espécie de “caravana” pelo interior. Em todas as cidades que o Peixe for jogar como visitante no Estadual haverá eventos como o “Boteco da Vila”, encontro com ídolos do presente e do passado, exibição de troféus  e até iniciativas em parceria com patrocinadores.

– Sou uma espécie de termômetro disso. Vou bastante ao interior e vejo o quão grande é nossa torcida. Além disso, sou parado todos os dias na entrada e na saída da Vila por gente vinda de muito longe que vem visitar o Memorial. Somos um time nacional, não regional – diz o presidente Luis Alvaro Ribeiro.

No momento, o Marketing do Santos cruza dados como número de torcedores por cidade, distância, locais em que há lojas de patrocinadores, regiões em que há escolinhas Meninos da Vila, entre outros. Depois disso, o clube determinará as ações específicas em cada jogo fora de casa no Paulistão.

Bate-Bola com Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos, ao LANCE!

Como vê esse expressivo crescimento de torcida do Santos?
Me deixa muito feliz. Essa pesquisa confirma que eu tinha razão quando muitos falavam que eu era idiota, louco e que estava rasgando dinheiro ao segurar o Neymar no Brasil. Já sabia que ele ajudaria a aumentar muito nossa torcida. E creio que vai crescer mais, pois não está consolidada. A molecada de 12 e 13 anos, que passou a torcer pelo Santos, não aparece na pesquisa.

E quando ele for embora?
O DNA do Santos é revelar jovens jogadores. Vem aí o Victor Andrade, tem o Felipe, tem o Gabigol nascendo...somos uma fábrica de Neymares. Mesmo assim, não estou convencido que ele sai em 2014.

É possível ele ficar? Como?
Ainda tem chão daqui até lá, mas estou fazendo todos os esforços para mantê-lo no clube até o fim da carreira. As conversas são embrionárias, mas falo pra ele a todo tempo que não quero que ele saia.

Caso isso não aconteça, o clube sabe que é preciso trazer outros craques para serem ídolos e ajudarem no crescimento de torcida?
O Santos não era só o Pelé...Teve Coutinho, Dorval, Zito, Pepe. É coletivo. Isso faz a orquestra, e o Santos é uma, cujo maestro é o Muricy.

O Santos tinha outro maestro até pouco tempo atrás, não é?
(Risos) Hoje é o Muricy.