Ex-técnicos de Rivaldo têm orgulho e mágoa do meia, que se defende
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Rivaldo conquistou o mundo. Mas antes de ser famoso, cresceu em Paulista, cidade próxima de Recife, onde chegou com seis anos. Aos 13, conheceu seu primeiro treinador. Mário Santana, que mora em Olinda. Dois anos depois, trabalhou com Cláudio Ponei, que mora próximo ao bairro de Planalto Alto, e ficou com o meia até que ele fosse profissional do Santa Cruz.
Mário Santana, primeiro técnico de Rivaldo, posa com pasta com fotos do meia e carta que entregará a ele (Foto: Gabriel Saraceni)
Os dois mestres foram procurados pela reportagem do LANCENET! na tarde desta terça-feira. No sentimento de ambos, um misto de orgulho e mágoa com o pupilo mais famoso. A felicidade é por vê-lo brilhar nos gramados do mundo a fora. A tristeza fica por conta do abandono do craque, que, segundo eles, esqueceu das origens há algum tempo. E deles também.
Na noite desta quartá-feira, contra o Santa Cruz, no Arruda, o meia deve ficar no banco de reservas. Mesmo assim, cada um a sua maneira, os antigos treinadores esperam ansiosamente pela atuação.
Mário Santana recebeu a reportagem do LANCENET! em sua humilde casa. Logo já começou a mostrar as recordações que tem de Rivaldo. Entre fotos e reportagens, uma carta que escreveu para o jogador (leia abaixo). Com 72 anos, ele pegou uma caneta e uma folha sulfite, e mostrou todo sentimento de carinho, mas também cobrança, com Rivaldo. Como ainda trabalha nas escolinhas do Santa, Mário tem entrada livre no estádio. Antes ou depois do jogo, vai entregar a carta, além de uma pasta com recordações, para o camisa 10. Resolveu escrever para dizer o que pensa. Nela, deseja que Rivaldo tenha a mesma saúde e vitalidade que o treinador, atualmente com 72 anos. Espera que ele faça um
bom trabalho como jogador, lembra da amizade que tinha com o pai do meia e aguarda que ele o dê uma chance de trabalho ou uma ajuda financeira.
Cláudio se recusa a ir ver o meia, mesmo ainda em dúvida. Apesar de ter sido seu segundo treinador, ainda no Gonzagão, hoje Rivaldão, a tristeza é grande. Antes de dar treino para seus garotos, ele falou um pouco do seu sentimento:
- Tenho grande mágoa. Fico triste com ele. Poderia ao menos vir aqui em Paulista ajudar. Temos muitos meninos carentes, eu trabalho sem ganhar nada. Estamos em situações precárias e ele não faz nada por nós. O carinho continua, até porque o vi crescer e era amigo do Romildo (pai). Mas falta olhar um pouco para nós.
Depois de falar com os dois professores, a reportagem do LANCENET!, por telefone, conversou com Rivaldo, que se defendeu:
- Fiz algumas coisas, mas fica difícil ir lá sempre. Minha vida é em São Paulo. Chega um momento em que as pessoas abusam. Foram treinadores que passaram, mas não é por isso que tenho de ajudar a vida inteira. Depois, fizeram coisas que me magoaram e tenho meus motivos.
- O Cláudio começou a falar algumas bobeiras. Nunca prometi Kombi para ele. Tudo que prometo e falo eu cumpro. Jamais iria prometer isso. É algo de valor, diferentemente de dar um material esportivo para crianças, o que já fiz, e que ficaria para ele. Ele está ligando para os jogadores que não deram certo? Claro que não. Já o Mário só tive um problema com ele, mas já passou. Inventou umas coisas do meu pai (já falecido) - finalizou o meia.
Nesta quarta-feira, no Arruda, Rivaldo quer mostrar um pouco do seu futebol. Depois, se achar que deve, pode ajudar um pouco quem sente sua falta.
- Motivos de orgulho:
Ruas asfaltadas: há cerca de 15 anos, Rivaldo asfaltou algumas ruas em Paulista.
Colégio: a irmã de Rivaldo comandava uma escola em Paulista. A mesma está desativada.
Oportunidade: semana passada, oito garotos de Paulista foram jogar no Mogi Mirim.
Camisas: o meia já presentou os ex-técnicos. Com uniformes dos clubes por qual defendeu na carreira.
- Motivos de mágoas:
Ausente: Mário Santana espera por uma visita do pupilo, que não vê já faz quatro anos. Além disso, quer um emprego melhor.
Estrutura: Cláudio Ponei quer material para dar aula aos garotos. Ele só conta com uma bola.
Kombi de presente: Cláudio diz que Rivaldo prometeu o veículo, que seira usado para levar os jovens em dias de partidas.
Opinião: Gabriel Saraceni, setorista do São Paulo
Foram pouco mais de seis horas e 78 quilômetros percorridos com o taxista Willams (sim, é assim que se escreve o nome dele) para saber um pouco da história do início da carreira de Rivaldo em Paulista, Olinda e Recife.
Nas palavras, um misto de alegria e decepção. Não acho que o jogador precisa ajudar todos que participaram do difícil começo. Mas é preciso dar uma atenção, mesmo que seja por meio de outros, para quem fez parte do seu início. Ainda mais em se tratando de pessoas carentes. Sr. Mário, por exemplo, fala com carinho de Rivaldo. E o meia também revelou que lembra dele. Talvez falte tempo. É preciso dar um jeito.
Claro que o meia dá suas contribuições. Talvez nem tanto em Recife, mas em São Paulo, onde diz que é sua casa atualmente. Lá, tem projetos sociais e ajuda muitas pessoas.
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